EDUCAÇÃO

Reorganização atinge 311 mil alunos e "disponibiliza" 94 escolas de SP.

Um total de 311 mil alunos terão de mudar de escola.

Em 26/10/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo anunciou nesta segunda-feira (26) que a reorganização do ensino escolar vai afetar diretamente 94 escolas que serão 'disponibilizadas'. Desse total, 66 escolas serão disponibilizadas para ser compartilhadas com a rede municipal e outras 28 estão com destino incerto. Ao todo, a reorganização do ensino vai disponibilizar 1,8% das 5.147 escolas do estado. Outras 1.464 unidades estarão envolvidas na sua configuração, mudando o número de ciclos de ensino a oferecer.

Segundo a Secretaria, 311 mil alunos terão de mudar de escola do total de 3,8 milhões de matriculados. A mudança atinge ainda 74 mil professores.

A lista das escolas atingidas será divulgada até o final da semana. Nesta terça-feira, a secretaria vai se reunir com 91 dirigentes de ensino para dar andamento às mudanças.

A reorganização vai separar a maioria das escolas em unidades de ensino fundamental 1, para crianças do 1º ao 5º ano, ensino fundamental 2, do 6º ao 9º ano, e ensino médio.

O número de escolas com ciclo único vai subir de 1.443 unidades para 2.197 unidades, ou seja, um aumento de 754 escolas. Com isso, 43% das escolas do estado terão apenas um ciclo. Para a Secretaria da Educação, a melhora no rendimento dos alunos nas escolas de ciclo único é de 15%.

O número de escolas com dois ciclos cai 18%, indo de 3.209 escolas para 2.635.

O número de escolas com três ciclos cai de 495 para 315 unidades (queda de 36%).

O secretário da Educação, Herman Voorward, explicou que após o dia 14 de novembro a secretaria vai abrir um novo processo de transferência de alunos.

Voodward defendeu a mudança pretendida pela secretaria. "É muito claro que isto melhora o aprendizado das crianças", afirmou.

Segundo a secretaria, 2.956 salas que estavam ociosas passarão a ser aproveitadas com a reorganização.

A ideia é que professores e outros profissionais da escola, além da própria estrutura, possam estar voltadas a crianças de determinada faixa etária.

Segundo a Secretaria da Educação, os alunos que vão precisar ser transferidos serão matriculados em escolas que ficam até no máximo 1,5 km de suas casas. Eles serão informados sobre o endereço da nova unidade até o mês de novembro.

Demanda menor

O secretário da Educação, Heman Voorward, defendeu a nova metodologia e disse é adotada num contexto de redução de demanda. O número de alunos caiu de 6 milhões de alunos nos anos 90 para 3,8 milhões atualmente, fato motivado principalmente pela redução da natalidade e pela absorção de alunos pelas redes municipais e particulares.

O fator principal, porém, segundo Voorward, é o benefício pedagógico, com a estrutura e a equipe especializada na faixa etária em que a escola atuará. Segundo o Idesp (sistema de avaliação das escolas estaduais) em 2014 escolas de ensino médio com três segmentos tiveram desempenho 7,8% inferiores à média do estado. Por outro lado, as de segmento único ficaram 18,4% acima.

“Se nós formos analisar os bons resultados em termos internacionais, esse é o procedimento adotado pelos países com os quais a gente se compara sempre”, disse.

Questionado sobre a economia que o estado fará com a mudança, o secretário afirmou essa não é a preocupação da secretaria. A reestruturação continuará ocorrendo gradativamente nos próximos anos.

O secretário também falou sobre queixas de estudantes sobre o aproveitamento dos espaços ociosos para uma diminuição de alunos por sala - hoje são 40 alunos no ensino médio, por exemplo. Voorward disse primeiro é necessário mudar a gestão para depois discutir uma mudança de número de alunos.

Ministério Público
O Ministério Público do Estado abriu um inquérito civil para apurar a reorganização das escolas estaduais anunciada pela Secretaria Estadual de Educação. Entre outros esclarecimentos, a promotoria do órgão quer saber se de fato unidades serão fechadas e quais os benefícios que o governo espera com a mudança. A Defensoria Pública de São Paulo também já havia pedido explicações à secretaria.

Fonte: G1