TEMAS GERAIS

Responsáveis pela explosão em navio são indiciados por homicídio.

Acidente no navio-plataforma deixou nove mortos e 26 feridos.

Em 16/12/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Após investigar as causas do acidente no navio-plataforma FPSO Cidade de São Mateus, que deixou nove mortos e 26 feridos, a Polícia Federal decidiu indiciar funcionários da BW  Offshore, terceirizada da Petrobras, por homicídio culposo e lesão corporal grave. Os crimes, juntos, podem render até quatro anos de prisão.

Segundo a Polícia Federal, a partir de diligências e exames periciais, foi possível verificar a prática criminosa. A polícia informou que vai detalhar, nesta quarta-feira (16), as apurações e esclarecer quem são os acusados e como vão responder pelo crime.

A explosão, que aconteceu no mar, na região de Aracruz, no dia 11 de fevereiro deste ano, é considerada a pior tragédia na história do Espírito Santo no setor de petróleo e gás e o mais grave do país nos últimos 14 anos. Ao todo, nove trabalhadores morreram no acidente.

Três corpos foram encontrados no mesmo dia em que ocorreu a explosão. Outros dois foram achados no dia seguinte, 12 de fevereiro. A sexta vítima só foi localizada cinco dias depois, no dia 17. Já o corpo da sétima vítima foi encontrado no dia 26. A oitava vítima foi localizada no dia 28 e a nona no dia 2 de março, 19 dias após a explosão. Segundo a ANP, 74 pessoas estavam embarcadas, 26 ficaram feridas.

Relatório da Petrobras
Em relatório interno distribuído pela Petrobras a funcionários, a companhia afirmava que uma sucessão de erros provocou a explosão na casa de bombas da embarcação.

Embarcação
O navio Cidade de São Mateus pertence à norueguesa BW, mas era afretado pela Petrobras para a produção de óleo e gás nos campos de Camarupim e Camarupim Norte.

A plataforma continua posicionada a cerca de 40 quilômetros da costa, e não há informação sobre quando será enviada para um estaleiro.

Erros
De acordo com o relatório interno, enviado a funcionários da Petrobras, a instalação de uma peça fora dos padrões necessários para o sistema, a falta de planejamento e de análise de riscos durante a troca de linhas que faziam a transferência de fluidos de um tanque para o outro, o envio de equipes para a casa de bombas mesmo com o alarme acionado e a ausência de simulações anteriores que preparassem os profissionais para esse tipo de situação de risco comprometeram a realização de procedimentos usuais no FPSO.

Laudo pericial feito pela Comissão de Investigação de Acidente – formada por membros da Petrobras e BW  Offshore – mostra que o vazamento de gás começou após uma mudança no alinhamento para a transferência de fluidos e condensado de um tanque para o outro. O contato desse gás com uma lâmpada teria sido o estopim da explosão.

A luminária localizada em cima do flange foi a provável fonte de ignição do acidente, segundo a estatal. Outros fatores chegaram a ser investigados como motivadores, entre eles uso de ferramentas e movimentos dos profissionais.

Outro lado
A Petrobras e a BW  Offshore foram procuradas pela reportagem, mas até o fechamento desta edição elas não se pronunciaram sobre o indiciamento da Polícia Federal.

Relatório
O jornal A Gazeta teve acesso ao documento da estatal que aponta quais foram as causas da explosão. Uma fonte ligada à Petrobras detalhou que meses antes do acidente, um terminal cego (flange) foi instalado no circuito que fazia a transferência de água e óleo condensado, mas a resistência à pressão dessa peça era inferior à demandada pelo sistema.

Ainda de acordo com a fonte, a incompatibilidade do equipamento só veio à tona no dia da explosão, quando, por um erro na abertura e fechamento das válvulas, a pressão em uma das linhas aumentou fazendo com que o flange se abrisse antes mesmo de o sistema de segurança desligar a bomba. Como consequência, houve vazamento de gás e, posteriormente, a explosão.

Outro erro grave apontado pelo boletim da Petrobras foi o fato de equipes terem sido enviadas à sala de bombas. “A resposta da emergência que analisou o ocorrido fez um retrato equivocado da gravidade do cenário, permitindo que a equipe, mesmo com os alarmes de gás, adentrassem a sala das bombas por três vezes”, reconhece o documento apresentado em inglês.

No item do documento “o que fazer para evitar o acidente”, a primeira orientação é: proibir a entrada de pessoas em áreas com atmosfera inflamável. Recomendação que não foi seguida.

Investigações
A Marinha foi a primeira a confirmar oficialmente a conclusão das investigações: “Um vazamento de substância inflamável na casa de bombas foi a causa da explosão. Fatores materiais e operacionais contribuíram para o acidente”, informou por nota ao citar que o relatório seria encaminhado ao Tribunal Marítimo.

Relatório interno da Petrobras revela causas de explosão em navio no Espírito santo (Foto: A Gazeta)

Arte mostra o que aconteceu no navio no Espírito Santo (Foto: A Gazeta)

Fonte: G1-ES