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Ribeirão Preto altera nome de viaduto após denúncias contra José Sarney

Câmara forçou mudança com base em acusações de delator da Lava Jato.

Em 17/06/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Denúncias de corrupção envolvendo o ex-presidente da República e ex-senador José Sarney (PMDB) levaram a Câmara e a Prefeitura de Ribeirão Preto (SP) a alterarem o nome de um viaduto que há 30 anos homenageia o político maranhense.

Aprovada em 2009, a lei que propõe a mudança foi embasada em acusações apresentadas, na época, por três partidos políticos. As denúncias apontavam que Sarney nomeou parentes para o Senado e usou atos secretos para conceder benefícios e aumentar salários.

A legislação, porém, nunca foi regulamentada. Agora, a recente acusação do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado de que Sarney recebeu R$ 16,2 milhões em propina levou os veradores a pressionarem a prefeita Dárcy Vera (PSD) a assinar o decreto, ratificando a mudança.

A partir desta sexta-feira (17), o viaduto entre as avenidas Independência e Meira Junior, que  liga as zonas norte e sul da cidade, passará a ser chamado Jandyra de Camargo Moquenco. Ex-diretora de um jornal local, Jandyra morreu em 2009, aos 88 anos.

Procurada pelo G1, a assessoria de Sarney afirmou que não comentará o caso por se tratar de decisão "soberana da Câmara de Ribeirão". O ex-presidente também negou ter recebido qualquer quantia de Sérgio Machado.

Pedido popular
Autor do projeto, o presidente da Câmara de Ribeirão, Walter Gomes (PTB), explica que a legislação foi aprovada em 2009, mas ficou engavetada na Prefeitura, mesmo após pressão dos vereadores e da população.

Na época, Sarney foi acusado de receber irregularmente auxílio-moradia, nomear um neto e uma sobrinha para o quadro de servidores do Senado, e usar o advogado da Casa em ação envolvendo causas próprias. Todas as denúncias foram arquivadas pelo Conselho de Ética.

“Naquele momento, foi um escândalo forte de corrupção. Agora, como surgiram novas denúncias de que ele estaria atrapalhando os trabalhos da Operação Lava Jato, não seria justo continuar com o nome dele sujando a nossa cidade”, disse Gomes.

O vereador Rodrigo Simões (PDT) destacou que a lei federal n.º 6.454/1977 já proíbe atribuir nome de pessoa viva a qualquer bem público. “O nome do Sarney nunca foi exemplo para nada. Depois do pedido de prisão, mesmo negado, as coisas pioraram”, disse.

Delação premiada
Preso na Operação Lava Jato, o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado afirmou, em delação premiada, que Sarney recebeu R$ 16,25 milhões em propina, entre 2006 e 2014, e outros R$ 2,25 em doações legais.

O dinheiro era proveniente, conforme Machado, de contratos da subsidiária da Petrobras com diversas empresas. A delação foi homologada pelo ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), e foi tornada pública nesta quarta-feira (15).

Segundo Machado, além de José Sarney, outros 19 políticos de seis partidos receberam propina de contratos da subsidiária da Petrobras com construtoras.

Sarney nega
A assessoria de Sarney informou, por telefone, que o ex-senador não comentará a mudança do nome do viaduto em Ribeirão Preto por se tratar de "decisão soberana da Câmara" e respeitar a legislação federal

Sobre a delação premiada do ex-presidente da Transpetro, Sarney voltou a dizer que não há nenhuma afirmação verdadeira e que nunca recebeu qualquer valor, "a qualquer titulo", de Sérgio Machado.

Fonte:g1/São Paulo