POLÍTICA INTERNACIONAL

Rodrigo Duterte é eleito presidente das Filipinas.

Duterte obteve a irreversível vantagem de 5.840.000 votos sobre seu adversário.

Em 09/05/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Rodrigo Duterte, que fez uma campanha repleta de provocações, com a promessa de exterminar milhares de criminosos, venceu as eleições de domingo para a presidência das Filipinas.

Duterte obteve a irreversível vantagem de 5.840.000 votos sobre seu adversário mais próximo, Max Rosas, após a apuração de mais de 88% das urnas, informou o PPCRV, organismo de fiscalização oficial.

Max Rosas era o candidato do atual presidente do Benigno Aquino.

Após o anúncio dos resultados, Duterte declarou à AFP que aceita "o mandato do povo com muita humildade".

Duterte, 70 anos, obteve quase 40% dos votos, contra 23% para Max Rosas. A senadora Grace Poe aparece na terceira posição, com 22% dos votos.

"Felicito o prefeito Duterte", declarou Poe aos jornalistas. "É claramente o candidato que lidera os resultados e que foi eleito por uma multidão".

O sistema eleitoral filipino não prevê segundo turno. Portanto, o vencedor da votação, mesmo sem maioria absoluta, garante a presidência do arquipélago do Pacífico ocidental, de 102 milhões de habitantes.

Antes mesmo de obter a maioria irreversível, Duterte já se expressava como o vencedor, ao propor a reconciliação após uma das mais duras campanhas eleitorais da história das Filipinas.

"Quero estender a mão para que possamos começar a curar as feridas agora", disse Duterte aos jornalistas em Davao, a terceira cidade do país, que governou durante quase duas décadas.

Três décadas depois da revolução que expulsou do poder o ditador Ferdinand Marcos, os críticos de Rodrigo Duterte advertiram para o risco de que sua eleição resulte em um novo período conturbado para as Filipinas.

"Preciso da ajuda de vocês para deter o retorno do terror ao nosso país, Não posso fazer isto sozinho", disse no sábado o presidente Benigno Aquino, cuja mãe, Corazón Aquino, liderou o movimento democrático que derrubou Marcos e depois presidiu a nação durante seis anos.

Mas os filipinos, que não viram o crescimento econômico do país resultar em um avanço de seu nível de vida, parecem ter ignorado as advertências e preferiram ouvir o discurso de Duterte contra a elite.

Duterte afirma que para acabar com a pobreza é necessário erradicar o crime. Para isto, prometeu que deixará de lado uma justiça ineficaz e corrupta, ao mesmo tempo que ordenará às forças de segurança a eliminação dos criminosos.

"Esqueçam as leis sobre os direitos humanos", gritou em seu último comício.

"Se for eleito presidente, farei exatamente o que fiz como prefeito. Vocês, traficantes, assaltantes e canalhas, seria melhor que fossem embora, porque vou matá-los", advertiu.

O advogado e prefeito também ameaça estabelecer um governo unipessoal, caso os congressistas não sigam suas orientações.

Em um país no qual 80% dos habitantes são católicos fervorosos, Duterte se permitiu até mesmo ofender o papa Francisco. No discurso de lançamento da campanha no ano passado, chamou o pontífice de "filho da p...", por ter provocado engarrafamentos durante uma visita ao país.

Os filipinos votaram no domingo em eleições locais e nacionais, com mais de 18.000 cargos em disputa, após uma campanha marcada pela violência.

A polícia confirmou a morte de 15 pessoas em ataques relacionados com as eleições. Outras 10 pessoas morreram nesta segunda-feira em vários pontos do país, mas as autoridades alegaram que os incidentes não tiveram impacto nas eleições.

Apesar da média de crescimento anual de 6% nos últimos anos, mais de 25% dos filipinos sobrevivem com renda abaixo da linha da pobreza, o mesmo índice registrado há seis anos.

Há 30 anos o país é governado, tanto a nível local como nacional, por clãs familiares apoiados por importantes empresários, um sistema que aumentou ainda mais a distância entre ricos e pobres.

bur-kma/fp/mr/mvv/lr/AFP