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Sanções ao Irã são suspensas após cumprimento de acordo nuclear.

Agência Internacional de Energia Atômica diz que país cumpriu termos.

Em 17/01/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

As sanções internacionais contra o Irã foram suspensas neste sábado (16), depois de a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) certificar que o país cumpriu os termos do acordo nuclear firmado com os EUA e outros cinco países em 14 de julho de 2015.

O anúncio oficial foi feita pela representante da política externa da União Europeia (UE), Federica Mogherini, e pelo ministro das Relações Exteriores do Irã, Javad Zarif.

O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, anunciou em seguida que o presidente Barack Obama já assinou ordens executivas removendo as sanções econômicas do país ao Irã. "Hoje é o primeiro dia de um mundo mais seguro", afirmou Kerry em seu discurso. Ele disse ainda que o sucesso do tratado é mais um lembrete sobre "o poder da diplomacia para lidar com desafios significativos".

O presidente iraniano Hassan Rouhani se manifestou no Twitter, onde escreveu que "agradece a Deus por essa bênção". Escrevendo em farsi, ele disse que o anúncio se trata de uma "vitória gloriosa" para o país e que "humildemente" cumpriu o que prometeu ao assumir o cargo.

Em um comunicado, o diretor geral da IAEA, Yukiya Amano, disse que isso significa que "as relações entre o Irã e a IAEA entram agora em uma nova fase. É um dia importante para a comunidade internacional. Congratulamos todos aqueles que ajudaram isso a se tornar uma realidade".

As sanções impostas ao Irã até agora impediram o acesso do país a US$ 80 milhões do sistema financeiro global internacional, reduziram suas exportações de petróleo e afetaram a renda de cidadãos comuns no país, que tem 77 milhões de habitantes.

Pela manhã, Zarif já havia antecipado que o anúncio deveria acontecer neste sábado, quando fosse concluída sua reunião com o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, em Viena.

O acordo nuclear, firmado entre Irã, EUA, Reino Unido, França, Rússia, China e Alemanha, tinha como objetivo impedir que o Irã tivesse acesso a uma bomba atômica e mantivesse um programa nuclear voltado apenas a fins pacíficos.

O país assumiu como compromissos reduzir sua capacidade nuclear, permitir que a Agência Internacional de Energia Atômica inspecionasse suas instalações e fazer pesquisa e desenvolvimento com urânio para centrífugas avançadas, de forma a não acumular urânio enriquecido.

Em troca, ativos iranianos congelados seriam liberados, sanções econômicas seriam reduzidas, e haveria o cancelamento de restrições contra a aviação do país, o Banco Central iraniano, o Exército e estatais, além da retirada do Irã da lista de países sancionados pela ONU.

Segundo a agência France Presse, os meios econômicos internacionais estão prontos há vários meses para voltar ao Irã, que possui as quartas maiores reservas de petróleo do mundo e as segundas de gás. O Irã, um país da Opep, poderá voltar a exportar livremente seu petróleo.

 

Já a Associated Press menciona pelo menos US$ 100 bilhões em ativos congelados no exterior e que poderão ser recuperados imediatamente pelo país.

Prisioneiros
Horas antes do anúncio da suspensão das sanções, Irã e EUA divulgaram um acordo de troca de prisioneiros, com a libertação de quatro cidadãos americanos em Teerã e sete iranianos presos nos EUA.

Um quinto americano, o estudante Matthew Trevithick, que havia sido detido há alguns meses, também recebeu autorização para deixar o Irã, segundo o jornal "Washington Post" e a CNN. Ele não não estava incluído no acordo de troca de prisioneiros.

Além disso, os Estados Unidos retiraram as acusações contra 14 cidadãos iranianos, que deixarão ser procurados pela Interpol a pedido das autoridades norte-americanas.

Segundo John Kerry, o sucesso do acordo nuclear "certamente" serviu para acelerar as negociações envolvendo a troca de prisioneiros e a libertação de cinco cidadãos americanos "injustamente detidos".

Aviação
Também antes do anúncio oficial, a agência de notícias Tasnim informou que o Irã planeja comprar 114 aviões civis da fabricante europeia Airbus. A informação foi atribuída ao ministro iraniano dos Transportes, Abbas Akhoondi.

Acordo
Assinado em 14 de julho, de 2015, o acordo nuclear entre o Irã e o grupo 5+1 começou a ser discutido em 2013.

O documento final entre Teerã e as grandes potências, de cerca de 100 páginas, prevê a eliminação de todas as sanções internacionais contra o Irã, que também sai da lista de países sancionados pela ONU.

O pacto final tem como base os grandes princípios estabelecidos em Lausanne em abril: Teerã se compromete a reduzir a capacidade nuclear (redução de dois terços do número de centrífugas de urânio em 10 anos, de 19.000 a 6.104, diminuição das reservas de urânio enriquecido) durante vários anos e a permitir que os inspetores da AIEA realizem inspeções profundas em suas instalações.

O Irã aceitou conceder um acesso limitado a locais militares, com base no protocolo adicional que permite um controle reforçado do programa nuclear de Teerã, afirmou uma fonte iraniana.

Sanções
As agências de notícias informam que o país vai continuar submetido a um embargo no comércio de armas por pelo menos cinco anos, e sanções contra mísseis por oito anos.

As sanções voltam a entrar em vigor caso alguma parte do acordo não seja cumprida pelos iranianos. A aplicação das medidas do pacto será dividida em três etapas: uma preliminar, uma operacional e outra executiva.

Fonte: G1