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Senador americano renuncia após ser acusado de assédio

Apresentadora diz que foi beijada à força por Al Franken durante ensaio de peça.

Em 07/12/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

O senador americano do Partido Democrata Al Franken anunciou nesta quinta-feira (7) que irá renunciar ao cargo depois que oito mulheres se apresentaram nas últimas semanas com alegações de que ele as tocou indevidamente ou fez abordagens sexuais indesejadas.

"Alguns meses atrás, senti que entramos em um momento importante na história deste país", disse Franken no Senado. "Finalmente começamos a ouvir as mulheres sobre o modo como as ações dos homens as afetam.Então a conversa virou-se contra mim", disse Franken. "Fiquei chocado".

"Isso deu a algumas pessoas a falsa impressão de que eu admitia fazer coisas que na verdade eu não fiz", continuou o senador, insistindo que "algumas das alegações contra mim simplesmente não são verdadeiras".

“Sei de coração que nada que fiz como senador, nada, trouxe desonra a esta instituição. No entanto, hoje estou anunciando que, nas próximas semanas, vou renunciar como membro do Senado dos Estados Unidos”, concluiu.

Beijo à força

O apoio de democratas ao senador por Minnesota desmoronou na quarta-feira depois que uma mulher, ex-funcionária do Congresso, o acusou de tentar beijá-la a força em 2006. Horas depois, outra mulher disse que Franken apertou de forma inadequada “um punhado de carne” de sua cintura, enquanto eles posavam para uma foto em 2009. Isso levou a oito o número de mulheres que alegaram má conduta.

Antes disso, a comentarista esportiva e ex-modelo Leeann Tweeden já havia relatado um incidente que ocorreu em 2006 quando ambos realizavam uma viagem para entreter soldados americanos no Afeganistão.

Ela disse que Franken, então um importante comediante, escritor e apresentador de rádio que ficou famoso no programa satírico da televisão americana Saturday Night Live, escreveu uma cena na qual pretendia beijá-la no palco, na frente dos soldados.

Durante os ensaios, Franken "veio até mim, colocou suas mãos atrás da minha cabeça, apertou seus lábios contra os meus e agressivamente meteu sua língua na minha boca", disse Tweeden.

O senador pediu desculpas a Leeann Tweeden.

A acusação foi mais uma série de denúncias públicas de assédio sexual contra importantes figuras do entretenimento, da imprensa e política americana, depois que o magnata de Hollywood Harvey Weinstein foi denunciado por décadas de abuso sexual por mais de 100 mulheres.

Tweeden afirmou que ninguém foi testemunha do incidente e que imediatamente depois empurrou Franken e lavou sua boca, sentindo-se "enojada e violada".

Leeann Tweeden explicou que enquanto dormia com um jaleco de proteção e um capacete colocados no avião militar que os levou de volta aos Estados Unidos, Franken fez uma foto sua na qual aparenta estar com a mão em seus seios, recordou a ex-modelo. Ela só soube da imagem quando voltou ao seu país e recebeu as fotos da viagem.

"Me senti novamente violada. Envergonhada. Apequenada. Humilhada", escreveu no site da rádio KABC de Los Angeles, onde comanda um programa. "Como alguém pode agarrar meus seios dessa maneira e pensar que é engraçado?", se questionou.

Na ocasião, Franken, reeleito em 2014, respondeu as acusações em comunicado.

"Certamente não relembro do ensaio da cena da mesma maneira, mas envio minhas mais sinceras desculpas a Leeann", declarou.

"Sobre a foto, claramente a intenção era ser engraçada, mas não foi. Eu não deveria ser feito", acrescentou.

Mitch McConnell e Chuck Schumer, líder da maioria republicana e chefe da bancada democrata no Senado, respectivamente, se uniram para pedir à Comissão Legal de Ética para investigar o caso, destacando que "o assédio sexual nunca é aceitável e não pode ser tolerado".

(Foto: TV Senado dos EUA)