SAÚDE

Sesa alerta para os cuidados com o diabetes.

Em 13/11/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

O diabetes surge pelo aumento de glicose no sangue. É uma doença silenciosa, crônica e progressiva, que pode gerar complicações sérias, como cegueira, infarto, derrame e até amputação de membros, se não for tratada adequadamente. Por isso, a Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo (Sesa) aproveita o Dia Mundial de Combate ao Diabetes, celebrado neste sábado (14), para orientar a população sobre como prevenir e cuidar dessa doença. 
 
“O diabetes mellitus pode ser considerado uma epidemia mundial e um grande desafio para os sistemas de saúde de todo o mundo. A doença representa uma das principais causas de insuficiência renal, amputação de membros inferiores, cegueira e doença cardiovascular e cerebrovascular”, comenta Ana Maria Rodrigues de Souza Ferreira, referência técnica de hipertensão arterial e diabetes da Sesa.
 
Segundo ela, no Espírito Santo, 54.838 pacientes foram cadastrados como diabéticos, no ano passado, no Sistema de Informação da Atenção Básica. O número, na avaliação da Área Técnica de Hipertensão e Diabetes da Sesa corresponde a menos de 30% da população capixaba que compõe o grupo de risco para a doença.
 
“Para mudança do cenário atual e futuro, é importante que haja intervenção no estilo de vida da população, com ênfase na alimentação saudável e na prática regular de atividade física”, salienta Ana Maria, lembrando que o Governo do Espírito Santo lançou recentemente o Movimento 21 dias, dentro do Programa Vida Saudável, com o propósito de incentivar a população a buscar uma vida mais saudável a fim de prevenir doenças, dentre elas o diabetes.
 
Exageros à mesa
 
Na casa de Renilda Pereira da Silva, 39 anos, sempre teve chocolate em barra, uma de suas paixões. Na hora das refeições, arroz, macarrão e polenta não podiam faltar para atender ao gosto dela, do marido e dos filhos. A família ainda comia pizza com frequência, e ela fazia bolos com recheio e cobertura até três vezes por semana. Tanta extravagância alimentar contribuiu para que a diarista desenvolvesse diabetes.
 
“Fiquei dois meses tendo diarreia e meu corpo coçava muito. Meus pais falavam para eu procurar um médico, mas eu ia deixando. Quando fiz os exames, descobri que tinha diabetes tipo 2”, conta a diarista. De acordo com a endocrinologista Renata Calina, do Centro Regional de Especialidades (CRE) Metropolitano, em Cariacica, além dos sintomas relatados por dona Renilda, é importante ficar atento a sinais como aumento da quantidade de urina ao longo do dia, aumento da sede e alterações na visão. 
 
A endocrinologista Sabrina Ribeiro França, que também atende no CRE Metropolitano, explica que o diabetes se manifesta no tipo 1, que não tem como ser prevenido, e no tipo 2, que pode ser evitado. Em ambos os casos, segundo a médica, além de tomar os remédios indicados, é muito importante que o paciente mantenha uma alimentação saudável e pratique atividade física regularmente para controlar o nível de glicose e evitar o aparecimento de outras doenças, a exemplo de dislipidemia (que é o aumento de colesterol e de triglicerídeos) e hipertensão arterial, que podem complicar ainda mais o estado de saúde do diabético.
 
Tipo 2
 
Segundo a endocrinologista, o diabetes tipo 2 acontece normalmente em adultos, mas tem sido observado cada vez mais na infância e na juventude, principalmente por causa do aumento da obesidade e do sedentarismo em todas as faixas etárias. Isso significa que cultivar hábitos saudáveis ajuda a prevenir a doença. A médica diz que o histórico familiar também é um dos fatores que favorecem o surgimento do diabetes tipo 2, por isso ela enfatiza que pessoas que com pais, irmãos, avós e tios diabéticos devem se cuidar ainda mais.
 
“O diabetes tipo 2 ocorre porque a insulina, que é produzida pelo pâncreas controlando os níveis sanguíneos de glicose, não consegue agir de forma adequada. O organismo entende que esse hormônio está em falta e estimula a produção de mais insulina. Com o passar do tempo, devido à sobrecarga, essas células podem se deteriorar e ir à falência. Como não existe recuperação para essas células, o paciente, inicialmente tratado com medicamentos orais, pode ter necessidade de usar insulina para garantir o controle da concentração de açúcar no sangue”, detalha a endocrinologista Sabrina Ribeiro França.
 
Tipo 1
 
O diabetes tipo 1 é o que a endocrinologista pediátrica Daniela Franco Lube chama de “erro de fabricação”. Ela diz que a doença é causada por uma falha genética que ocorre quando a criança ainda está sendo formada na barriga da mãe. Depois que a pessoa nasce, em determinado momento, e por vários fatores predisponentes, a doença se manifesta.
 
Ela explica que o diabetes tipo 1 ocorre porque as células beta do pâncreas, que produzem insulina, são destruídas pelo sistema de defesa do organismo como um corpo estranho. É por isso que o paciente precisa fazer a reposição desse hormônio desde o início do diagnóstico.
 
É o caso do estudante Jonathan Souza Ribeiro Wolkers, de 13 anos. O pai dele, o agricultor Orlando Wolkers, 36, conta que a doença foi diagnosticada quando o filho tinha três anos e meio de idade.  “Ele começou a desmaiar e a beber muita água”, comenta sobre os sintomas que levaram à descoberta da doença. O garoto tem uma alimentação bastante regrada. Até mesmo a quantidade de frutas precisa ser controlada porque são alimentos que também contêm açúcar. 
 
“Quem tem diabetes não pode comer açúcar porque o organismo tem dificuldade de metabolizar glicose devido à falta de insulina. No caso do paciente insulinodependente, sempre que ele for comer alguma coisa, antes é necessário medir a taxa de glicose do sangue para aplicar a quantidade de insulina necessária para que não haja excesso de açúcar no sangue. Dessa forma, consegue-se obter um bom controle do diabetes e ter uma vida saudável, explica Daniela Franco Lube.
 
E é isso que Jonathan faz todos os dias, de manhã, à tarde e à noite. Quando tinha 11 anos, ele aprendeu a medir a glicose e a aplicar a insulina sozinho. No total, são sete picadinhas por dia. Mas ele tira de letra. “Eu já acostumei”, conclui o garoto.
 
Tratamento
 
Todo o tratamento medicamentoso para diabetes é feito na rede municipal de saúde. O Governo do Estado, no entanto, oferece dois tipos de insulina de alto custo, que são a glargina e a detemir.
 
Fonte: Secom-ES