POLÍTICA INTERNACIONAL

Ásia-Pacífico se despede de Obama e promete lutar contra o protecionismo.

Advertiram seu sucessor Donald Trump, prometendo lutar contra o protecionismo.

Em 21/11/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Os países da região Ásia-Pacífico se despediram com pesar do presidente americano Barack Obama neste domingo (20) em Lima e advertiram seu sucessor Donald Trump, prometendo lutar contra o protecionismo.

"Comprometemo-nos a lutar contra todas as formas de protecionismo", diz a declaração final da cúpula anual do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), em resposta à cruzada anti-globalização prometida pelo magnata imobiliário americano.

Os líderes da Apec também se comprometeram a "manter (seus) mercados abertos", para não desvalorizar suas moedas "para fins competitivos" e trabalhar ativamente para a criação de longo prazo de uma zona de livre-comércio Ásia-Pacífico totalmente integrada.

Segundo eles, o retorno ao protecionismo apenas reduziria às trocas comerciais e "frearia o progresso de recuperação da economia internacional".

"O comércio internacional é fundamental para a prosperidade do mundo", salientou o presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, após a reunião.

Preocupados com "a crescente oposição à globalização" nos Estados Unidos e na Europa e "com o surgimento de tendências protecionistas", os líderes da Apec ressaltaram a necessidade de "uma mais justa distribuição dos benefícios" da globalização entre "todos os estratos da sociedade".

Além disso, Obama afirmou que os líderes da região decidiram prosseguir com os esforços para adotar a Parceria Transpacífica (TPP).

"Nossos parceiros deixaram claro que querem ir adiante com o TPP", disse Obama numa coletiva de imprensa.

A cúpula da Apec ocorreu em um clima de preocupação sobre as reais intenções, ainda pouco claras, do futuro inquilino da Casa Branca, que assumirá o cargo em 20 de janeiro.

O primeiro-ministro canadense Justin Trudeau resumiu o tom geral: "Obviamente, sentirei falta de Barack para trabalhar a extraordinariamente profunda e importante relação entre os Estados Unidos e o Canadá", afirmou depois de uma reunião bilateral com seu homólogo americano, que fazia sua última viagem ao exterior como presidente.

Trudeau afirmou, no entanto, que espera com impaciência conhecer Trump depois de sua chegada à Casa Branca.

Em oito anos de mandato, Barack Obama fez da região Ásia-Pacífico, motor do tímido crescimento global, e da inovação tecnológica suas grandes prioridades geoestratégicas e econômicas.

A eleição de Donald Trump poderia alterar a ordem dentro Apec, que representa 60% do comércio mundial e 40% da sua população.

O bilionário venceu a eleição americana prometendo uma forte guinada protecionista, supostamente para proteger a indústria e o emprego americano da concorrência de baixo custo de países como a China ou México, correndo o risco de aumentar as tensões com a China, a segunda economia mundial, deteriorar as relações com aliados tradicionais como o Japão.

Na sua última reunião bilateral com Barack Obama, o presidente chinês Xi Jinping advertiu no sábado que a relação entre Pequim e Washington estava "em um ponto de inflexão".

Xi Jinping assumiu em Lima a ambição da China de assumir a liderança das negociações de livre-comércio na região da Ásia-Pacífico, para preencher o vazio deixado pelo provável abandono do TPP por Trump, que atacou o projeto durante toda a sua campanha.

Não está claro se há, de fato, futuro para o TPP, acordo negociado arduamente sob a administração Obama.

Em sua campanha, Trump atacou o Acordo de Associação Transpacífico (TPP) assinado ano passado por 12 países da região.

Mas o acordo, que exclui a China, só entrará em vigor se for aprovado pelo Congresso dos Estados Unidos, o que hoje parece improvável com Trump na presidência e o Congresso de maioria republicana.

Obama se reuniu em Lima com os líderes dos países do TPP e disse que vários pretendem manter o projeto.

O presidente americano em fim de mandato defendeu uma crescente integração da economia mundial, afirmando que, frente às preocupações e críticas à globalização, "a resposta é fazer o comércio correto".

AFP