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Socialistas optam por abstenção, e Rajoy formará governo na Espanha.

Decisão evita 3ª eleição no país em apenas um ano.

Em 23/10/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Os socialistas espanhóis decidiram neste domingo (23) facilitar na próxima semana a posse do conservador Mariano Rajoy como presidente do governo, após 10 meses de paralisação política.

Em uma reunião na sede nacional em Madri, o comitê federal do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) aprovou por 139 votos favoráveis e 96 contrários a opção pela abstenção na próxima votação de investidura, o que evita a perspectiva de novas eleições em dezembro, que seriam as terceiras no país em apenas um ano.

Com a decisão, Rajoy, chefe de governo desde dezembro de 2011, poderá tomar posse no final da semana, poucas horas antes do fim do prazo legal, em 31 de outubro. Se a data limite fosse superada, o Parlamento seria dissolvido para novas eleições.

Desta maneira, o país vislumbra o fim de mais de 300 dias de bloqueio político, período em que o Partido Popular (PP) de Rajoy, vencedor sem maioria absoluta nas duas últimas eleições gerais, foi incapaz de reunir apoio suficiente para formar um novo Executivo e iniciar com normalidade a nova legislatura.

Os socialistas chegaram divididos à reunião, entre os partidários da resignação a atuar como oposição e aqueles que defendiam até o fim o "não" a Rajoy, mas que ficaram 'órfãos' depois que o líder do PSOE, Pedro Sánchez, se viu obrigado a renunciar como secretário-geral há três semanas.

Das duas resoluções rivais apresentadas ao comitê, os socialistas preferiram a que afirma que "a repetição das eleições é prejudicial ao interesse da Espanha" e pode ter "efeitos muito negativos para o Partido Socialista", que registrou os piores resultados de sua história nas eleições gerais de dezembro de 2015 e junho passado.

Com 85 das 350 cadeiras na Câmara Baixa (contra 137 do PP), a resolução vencedora pede o exercício da "liderança da oposição parlamentar", em um partido que teme ser desbancado por seu grande rival na esquerda, o Podemos.

Nos últimos dias, a comissão que administra de forma interina o PSOE desde a renúncia de Sánchez, em 1 de outubro, preparava o terreno com o argumento de que "abster-se não é apoiar", como disse o presidente do organismo, Javier Fernández.

Um partido dividido
Após a decisão deste domingo, o que fica, no entanto, é um partido muito dividido e que em breve terá que enfrentar a delicada questão da liderança.

Vários dirigentes regionais, como o catalão Miquel Iceta, chegaram à reunião afirmando que defenderiam o "não", em nome de uma militância que, afirmam, não vê com bons olhos a abstenção a favor do PP.

"Temos mais medo do abismo com os militantes e eleitores do que das terceiras eleições", afirmou Iceta. "Deixar o PP governar é ruim para o Partido Socialista, mas sobretudo para a Espanha", disse a presidente da região de Baleares, Francina Armengol.

Durante a semana, a bancada parlamentar socialista deve explicar se a abstenção acontecerá em bloco ou com apenas 11 deputados, o mínimo indispensável para que concretizar a posse de Rajoy.

A Espanha entrará agora na reta final para a formação do governo, com a fase de contatos que o rei Felipe deve manter, na segunda-feira e terça-feira, com os líderes dos partidos representados na Câmara.

Se Mariano Rajoy informar ao monarca na terça-feira que possui apoio suficiente, pode ir ao Congresso a partir de quinta-feira para tomar posse no fim de semana. A legislatura será, no entanto, complicada, já que o PP governará em minoria.

"Todos temos que ceder em nossas abordagens de máximos (...) se pretendo ter mais apoios, lógico que terei que adequar meu discurso à nova situação", disse o próprio Rajoy na sexta-feira.

Os 10 meses de bloqueio obrigaram o governo de Rajoy a elaborar um orçamento prorrogado e também começam a ameaçar a recuperação econômica de um país com quase 20% de desemprego.

Fonte: France Presse