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SP instala contêineres da F1 para atender usuários de drogas.

Instalação aconteceria na região da Praça Princesa Isabel, mas vizinhos impediram ação.

Em 05/06/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Os 25 contêineres de atendimento aos dependentes químicos da Praça Princesa Isabel começaram a ser implantados nesta segunda-feira (5), cinco dias depois do anúncio da Prefeitura de São Paulo. A instalação acontece no estacionamento da sede da Guarda Civil Metropolitana, na Rua General Couto de Magalhães.

Os contêineres seriam instalados na manhã de quarta-feira (31), mas os vizinhos se posicionaram contrários à ação por quererem que os usuários de drogas saiam da região. A Prefeitura chegou a escalar um comitê para dialogar com os vizinhos da região.

Segundo o secretário da Saúde, Wilson Pollara, os contêineres são usados na Fórmula 1 e são "muito confortáveis. Ao listar as instalações da prefeitura na área, ele incluiu os contêineres recém-instalados na Rua General Couto de Magalhães.

"Nós temos um prédio na Princesa Isabel, 75, que tem lugar pra 150 pessoas. Esses contêineres vieram da Fórmula 1, são contêineres muito confortáveis e nós temos também a nossa unidade, a nossa tenda. Nós pusemos cortinas, um tablado, colchões. Nós não queremos que essas pessoas fiquem ao relento principalmente nesses dias como os de hoje", afirmou.

Segundo Pollara, os contâineres são emprestados. “Aquilo veio através de empresas que organizam a Fórmula 1. É um empréstimo, na realidade”, diz.

As estruturas seriam instaladas na Rua General Rondon, mas a prefeitura recurou na semana passada após queixas dos moradores. Segundo Pollara, a negociação com a vizinhança continua.

"Estamos discutindo ainda com a população. A população não está entendendo. É obvio que a população rejeita muito esse tipo de pessoas. Achamos que a população não pode rejeitar, nós temos que acolhê-los, que ajuda-los. E não dizer ‘não pode ficar perto da minha casa’. É muito fácil você dizer não pode ficar perto da minha casa. Acho que nós temos que acolhê-los, todos nós. Se pudéssemos cada um levar um deles pra casa, nós resolveríamos o problema", afirma.

A Praça Princesa Isabel tem abrigado dependentes químicos oriundos da Cracolândia da Rua Helvétia desde a operação.

A proposta é a de que os contêineres sejam usados como unidades móveis com chuveiros, banheiros, refeitórios e dormitórios.

Para Felipe Sabará, secretário de Assistência e Desenvolvimento Social, o problema da Cracolândia não é só do estado e também da sociedade. "Os contêineres estão prontos, só falta o diálogo."

A decisão de levar para a o estacionamento da GCM não foi discutida com os comerciantes da região previamente. Muitos chegaram nesta segunda-feira para trabalhar e não sabiam o que eram os contêineres.

Surpresos com a “novidade”, um casal que vende capas para celulares e guarda-chuvas não gostou de saber e reclamaram da possível perda de clientes. Já um atendente de um hotel da região, que não quis se identificar, não achou ruim. Ele afirmou que a sede da GCM “vai impedir bagunça” e que “essas pessoas precisam de tratamento e tem que começar de alguma forma”.

Em nota, a Prefeitura confirma que as estruturas emergenciais para acolhimento temporário de dependentes químicos estão sendo instaladas.

Abordagens

Em nota, a Prefeitura afirmou que desde o dia 21 de maio cerca de 10.300 abordagens na região da Nova Luz. Deste total, houve 5.656 encaminhamentos para acolhimento nos equipamentos da rede assistencial, como o Complexo Prates e o Centro Temporário de Acolhimento (CTA), e 4.677 recusas de atendimento.

"Na última sexta-feira (2) foram 1.091 abordagens, com 469 acolhimentos e 622 recusas, no sábado (3) foram 468 abordagens, com 278 acolhimentos e 190 recusas, e no domingo (4) foram 418 abordagens, com 294 acolhimentos e 124 recusas."

Dentro do CAPS Redenção, unidade que começou a funcionar em 26 de maio, com dois psiquiatras de plantão, 66 pacientes foram atendidos entre a sexta-feira (2) e o domingo (4).

(Foto: Gabriela Gonçalves/G1)