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Suspeito de operar propina pediu reservas para Bendine, diz agente

Moro ouviu hoje testemunhas no processo em que ex-presidente da Petrobras é réu.

Em 09/10/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

O agente de viagens Luis Henrique Moura Souza afirmou, nesta segunda-feira (9), que fez reserva de passagens aéreas e de hospedagem em Nova Iork em nome de Amanda Bendine e de Aldemir Bendine, ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil. Bendine é réu na Operação Lava Jato.

Ainda conforme Souza, quem pagou pelo serviço foi o publicitário André Gustavo Vieira da Silva que, para a força-tarefa da Lava Jato, é suspeito de operar repasses e lavar o dinheiro de propina para Bendine.

Souza foi ouvido pelo juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância, como testemunha de acusação.

O G1 tenta contato com a defesa dos réus.

Bendine foi preso na 42ª fase da operação e está na carceragem da Polícia Federal (PF) de Curitiba desde julho deste ano. Ele é suspeito de receber R$ 3 milhões em propina e responde pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa e embaraço à investigação.

“Em momento nenhum eu falei nem com o senhor Aldemir Bendine nem com a dona Amanda Bendine... Deixar claro. Quem me pediu esta reserva foi o André Gustavo Vieira da Silva, foi ele que me solicitou esta reserva”, afirmou o agente de viagens.

De acordo com o Ministério Púbico Federal (MPF), não foram encontradas notas fiscais ligadas à viagem. Luis afirmou que emitiu um recibo para André Gustavo.

“Eu emiti um recibo para o André Gustavo e ele pagou. Ele nem foi lá na agência, para você ter uma ideia. Ele mandou um portador ir lá na agência. O portador pagou, foi emitido um recibo e foi entregue a ele (sic)”, contou.

Moro também ouviu, nesta manhã, o taxista Marcelo Casimiro como testemunha de acusação. Ele contou que recebeu três encomendas a pedido de André Gustavo. O taxista não soube dizer se as encomendas eram dinheiro vivo.

Ele afirmou que deixou os pacotes dentro de um apartamento em São Paulo.

O processo

A ação penal começou com informações da delação premiada da Odebrecht. Segundo delatores, Bendine pediu propina enquanto era presidente do Banco do Brasil.

Entretanto, a suspeita é a de que a propina de R$ 3 milhões só tenha sido paga depois que Bendine assumiu a presidência da Petrobras, por causa dos contratos que a Odebrecht tinha com a estatal.

À época, a Operação Lava Jato já estava em andamento.

Bendine foi indicado para o cargo, em 2015, pela ex-presidente Dilma. Ele tinha a missão de acabar com a corrupção na empresa e deixou a Petrobras em maio de 2016, depois do afastamento dela.

Além dele, o processo tem outros cinco réus; um deles é o ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht.

(Foto: Fábio Motta/Estadão Conteúdo/Arquivo)