TEMAS GERAIS

Terça Feminista exibe filme indiano e levanta discussão sobre estupro.

Sessão acontece na terça (29), às 20h, no Cine Metrópolis, na Ufes.

Em 28/09/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

A Terça Feminista exibe o filme 'India's Daughter', de Leslee Udwin, no Cine Metrópolis, em Vitória, na terça-feira (29). A entrada é gratuita.

O filme conta a história de uma menina que foi estuprada por seis homens em um ônibus, morrendo dias depois no hospital. O caso revolta um grupo de mulheres que vai às ruas protestar e engajam a população.

A série de protestos chama a atenção do mundo para o combate contra esse tipo de violência. 'India's Daughter' foi proibido na Índia, o país de origem. Além da sessão em Vitória, o filme é exibido em outras seis capitais brasileiras.

A exibição do filme integra a campanha 'Quanto custa?', desenvolvida pela ONG Plan International Brasil, que busca promover o debate sobre a violência sexual contra meninas, como explica a especialista em gênero da ONG, Viviane Santiago.

Filme
"Pensamos na possibilidade de trazer uma questão que aproximasse as pessoas sobre a questão do estupro, que chamasse elas e depois as fizessem questionar 'como está a situação aqui no Brasil?'. Aquele filme nos faz olhar aquela realidade e questionar a nossa também. Elas chegam pra ver a questão de lá, e percebem que não há tanta diferença na condição da mulher aqui no Brasil.

Nós fizemos o lançamento do livro em São Paulo com a Leslie e foi incrível. Nós pensamos que o público ia primeiro discutir a violência na Índia, mas sempre nos questionavam sobre as questões do Brasil.

A violência sexual contra a mulher é a expressão mais forte da cultura machista, é a noção de que a mulher não tem direito ao próprio corpo. Isso tem muito a ver com a forma como a vida da mulher é encarada na sociedade. A maneira com que somos socializadas nos aponta que nós, meninas e mulheres, não temos voz e os homens tem voz. Que nos temos que nos submeter, enquanto o homem tem que dominar. Ele deve conquistar as mulheres e se não conseguir, não tem problema, pode usar a força - o que precisamos é mudar essa maneira de socializar meninos e meninas, para mudar a cultura do estupro.

Queremos mostrar que esse processo de socialização de meninos e de meninas são socialmente construídos e podem ser socialmente mudados".

Tema
"A equidade de gênero é a política central da organização, e nós temos uma campanha internacional chamada 'Por Ser Menina' que busca evidenciar porque a vida das meninas e das mulheres tem direitos mais restritos do que a vida dos meninos e homens.

Esse ano a escolha foi pela sensibilização sobre a violência sexual porque isso é algo que acontece, todo mundo sabe que existe e ninguém fala nada. A violência sexual é uma realidade para muitas meninas e mulheres no Brasil e é invisível.

Queremos levar as pessoas a perguntar: quais são as causas? Porque a gente vive em uma sociedade da cultura do estupro? Nosso objetivo é refletir a vida das meninas e das mulheres e refletir sobre essa questão que torna a vida delas ainda mais difícil e que ainda é invisível".

Denúncia
"A questão da não denúncia passa pelo sentimento de não ter voz, mas passa especialmente pela questão da vergonha e da culpa, então a culpabilização da vítima é o que leva a não denunciação no caso do estupro.

No caso de crianças, é ainda mais difícil, porque, normalmente, vem de pessoas próximas, mas a mulher é sempre julgada pelas roupas, por ter bebido, pela maneira com que se comportou. Ela sempre é culpabilizada e julgada pela violência que sofre".

Ação
"Realizamos o lançamento de uma cartilha com o objetivo de esmiuçar o que é a violência sexual, especialmente uma mensagem voltada para os homens de dizer que toda a invasão ao corpo dessa mulher é estupro e também trabalhar os canais de denúncias.

Também fazemos debates para levar essa questão ao maior número de pessoas de maneira mais qualificada possível. A partir dos debates, vamos canalizar tudo para uma petição pública e vamos culminar todos esses debates que estamos tendo com movimentos sociais, com órgãos públicos e com a sociedade.

Essa é uma campanha que nós estamos promovendo como Plan International, mas nós chamamos toda a sociedade e especialmente todas as pessoas que trabalham a questão do enfrentamento da violência. Esperamos que o nosso espaço seja o lugar de canalizar muitas outras vozes e assim romper com essa cultura de violência sexual contra meninas e mulheres"

Fonte: G1-ES