POLÍTICA INTERNACIONAL

Theresa May vence primeira rodada de votação do novo premiê britânico.

May deve sua preferência a Boris Johnson, o líder da campanha Brexit.

Em 05/07/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

A ministra britânica do Interior, Theresa May, foi a mais votada dos cinco candidatos para suceder o primeiro-ministro David Cameron, em uma primeira rodada, que viu a eliminação do ex-ministro da Defesa, Liam Fox.

May, que apoiou timidamente a campanha pela permanência na União Europeia, conseguiu o apoio de 165 dos 330 deputados do Partido Conservador, que elegem seu líder e automaticamente o primeiro-ministro.

A ministra do Interior se apresenta como a pessoa capaz de unir um partido fraturado e sem guia depois da renúncia de Cameron no dia seguinte ao referendo.

Atrás de May aparece a ministra da Energia, Andrea Leadsom (66 votos), partidária do Brexit, seguida por Michael Gove, o ministro da Justiça (48), outro partidário da ruptura com Bruxelas, e o secretário de Estado para a Aposentadoria, Stephen Crabb (34). Em quinto lugar aparece Liam Fox, que foi eliminado da corrida após obter 16 votos.

O novo líder deverá ser conhecido no mais tardar em 9 de setembro, ao final de um processo que começa nesta terça com uma primeira rodada de votação.

A escolha final

Toda terça e quinta-feira haverá uma rodada, que concluirá com a eliminação do candidato menos votado. Quando restarem apenas dois, os 150.000 militantes do partido farão a escolha final.

May deve sua preferência a Boris Johnson, o líder da campanha Brexit, que decidiu não disputar o cargo.

Entre os candidatos há uma divisão sobre como enfrentar o divórcio com a UE. Gove e May esperam que em 2017 possam ativar o Artigo 50 do Tratado Europeu de Lisboa, que notifica oficialmente a ruptura e abre um período de negociações de dois anos. Leadsom, por sua parte, quer fazer isso o quanto antes.

Dois dos cinco candidatos em disputa defenderam o Brexit, Michael Gove e Andrea Leadsom, que receberam o apoio de Boris Johnson e são vistos com simpatia pelo partido de extrema-direita antieuropeu Ukip, liderado até segunda por outro grande protagonista do Brexit, Nigel Farage, que também se demitiu.

A debandada dos líderes do Brexit levou o presidente da Comissão Europeia, Jean Claude Juncker, a alfinetá-los.

"Constato apenas qe os radiantes heróis do Brexit de ontem são os tristes heróis de hoje", afirmó Juncker no Parlamento Europeu.

"Aqueles que provocaram este resultado no Reino Unido abandonaram o cenário um atrás do outro: Johnson, Farage, etc...".

As ameaças à estabilidade do Reino Unido provocadas pelo Brexit "começaram a se manifestar", afirmou nesta terça-feira o Banco da Inglaterra (BoE), que anunciou uma flexibilização das regras de financiamento dos bancos para estimular os empréstimos.

"Há evidências de que alguns riscos começaram a manifestar-se. A atual perspectiva para a estabilidade financeira do Reino Unido é desafiante", afirma o Comitê de Política Financeira (FPC) do BoE em seu relatório de estabilidade financeira.

O relatório

O relatório é o primeiro divulgado após o referendo de 23 de junho, no qual os britânicos votaram a favor da saída da União Europeia, ignorando as advertências do próprio Banco da Inglaterra e do Fundo Monetário Internacional, entre outros.

O Comitê de Política Financeira (FPC) da instituição decidiu reduzir os fundos que os bancos devem proteger para enfrentar momentos de turbulências, com o objetivo de que destinem o dinheiro liberado para estimular a economia.

As medidas devem servir para destinar quase 150 bilhões de libras (178,9 bilhões de euros, 197,24 bilhões de dólares) adicionais a empréstimos a particulares e empresas.

Para alcançar o objetivo, o BoE reduziu de 0,5% para 0% a proteção financeira exigida aos bancos para exigências.

A instituição considerou que, apesar da forte desvalorização da libra e das ações dos bancos, o setor financeiro permanece sólido no momento.

AFP