TEMAS GERAIS

Travis Kalanick, CEO e fundador da Uber, se afasta da empresa.

Ele optou por sair da empresa após a morte da mãe em acidente.

Em 13/06/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Travis Kalanick, presidente-executivo e cofundador da Uber, informou aos funcionários da empresa nesta terça-feira (13) que se afastará do comando da compania por causa do luto pela morte de sua mãe. Kalanick não informou por quanto tempo ficará longe da companhia.

Além disso, a empresa de transporte alternativo enfrenta uma crise, causada por:

  • denúncias de assédio;
  • fuga e demissão de executivos;
  • roubo de propriedade intelectual;
  • uso de tecnologias para driblar autoridades;
  • reclamações de motoristas por baixo pagamento e por direitos trabalhistas.

Bonnie Kalanick, mãe do executivo, morreu num acidente de barco no fim de maio na cidade de Fresno, nos Estados Unidos. O pai do executivo, Donald, também estava na embarcação e foi internado no hospital em "estado grave", de acordo com o site "Business Insider".

“Perder de forma trágica um ente querido tem sido difícil para mim e eu preciso me despedir apropriadamente”, afirmou Travis Kalanick, CEO do Uber, sobre a perda da mãe

“É difícil colocar ordem nisso –pode ser menor ou maior do que nós podemos esperar”, afirmou.

Segundo o jornal local "Fresno Bee", o casal navegava com o barco da família no lago Pine Flat, quando a embarcação foi atingida por uma pedra e afundou. Os dois foram achados na costa. Bonnie já havia morrido, mas Donald tinha ferimentos "medianos" e foi levado ao hospital de helicóptero.

Estupro e assédio sexual

Kalanick também integra o conselho diretor da companhia, composto por Garrett Camp, o outro fundador da startup, por Ryan Graves, o primeiro CEO, o investidor Bill Gurley e Arianna Huffington, entre outros. A Uber já não contava com executivos para as áreas de marketing, de operações, de finanças e para sua divisão de corridas compartilhadas.

A última defecção foi a de Emil Michael, vice-presidente sênior e próximo aliado de Kalanick. A saída dele ocorreu após o conselho se reunir neste domingo (11) para avaliar recomendações de uma investigação sobre assédio sexual e questões de governança corporativa que era conduzida pelo escritório de advocacia do ex-procurador-geral dos EUA, Eric Holder

Michael é acusado de ser responsável pela cultura agressiva e machista imposta na empresa e denunciada pelos trabalhadores. Ele está no centro do escândalo mais recente da Uber. Após um motorista da empresa em Nova Délhi, na Índia, estuprar uma mulher em 2014, um funcionário da Uber obteve um parecer médico da vítima e o entregou a Kalanick e a Michael. A finalidade, segundo a imprensa americana, era desacreditar o relato da vítima. O estuprador foi condenado à prisão perpétua no ano seguinte.

Na terça-feira da semana passada, a companhia informou a demissão de 20 funcionários, depois de 215 queixas na empresa sobre abuso sexual e discriminação. Só que Eric Alexander, o funcionário que coletou o atestado da mulher, não estava na lista. Ele só foi demitido na quinta-feira passada, após veículos da imprensa apontarem sua ausência entre os dispensados.

O diretor técnico do grupo, Amit Singhal, foi forçado a renunciar após ocultar a queixa por abuso sexual que lhe foi dirigida pela Google. Outro funcionário, Jeff Jones, deixou a empresa em março, seis meses depois de ter sido contratado, por descordar sobre a estratégia do grupo.

Roubo de propriedade intelectual

Em fevereiro, a Waymo, a filial da Alphabet (dona do Google) que desenvolve carros autônomos, acusou um dos ex-diretores da Uber, Anthony Levandowski, de ter roubado informação técnica. Levandowski trabalhava na Waymo, de onde saiu para fundar sua própria companhia, Otto, que foi posteriormente vendida à Uber.

A Uber anunciou no fim de maio a demissão de Levandowski, acusando-o de não querer cooperar com a investigação que foi aberta como resultado deste litígio.

Tecnologia para driblar autoridades

A Uber também é questionada sobre o uso de programas de evasão de regulações e por táticas voltadas a desestabilizar seus rivais.

Ainda neste âmbito legal, o governo dos Estados Unidos abriu uma investigação contra a Uber, suspeita de ter utilizado um software para ajudar seus motoristas a driblar as autoridades em áreas onde não podia atuar.

Presente em 500 cidades no mundo, a Uber enfrenta frequentemente problemas legais com seus motoristas (por falta de pagamento em Nova York; por processos trabalhistas no Brasil e nos EUA), com os táxis (na Argentina, na França, na Polônia, na Espanha, no Brasil entre outros países) e com as autoridades.

(Foto: Reuters/Shu Zhang)