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Troca de terreno pelo Parque Augusta é prejuízo, dizem ativistas

Doria quer ceder terreno público em Pinheiros em troca da implementação do parque.

Em 18/07/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

A permuta pretendida pela gestão João Doria (PSDB) para encerrar a novela Parque Augusta está longe de agradar ativistas que defendem a reabertura da área verde, na região central de São Paulo, para a população. Apesar de garantir a implementação do parque, a solução encontrada pela Prefeitura seria um “enorme prejuízo” aos cofres públicos, segundo o Movimento Parque Augusta.

Conforme anunciado por Doria nesta segunda-feira (17), a administração municipal cederá o terreno que contempla a sede da subprefeitura de Pinheiros, a Praça Victor Civita e parte do prédio da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), na Zona Oeste da cidade, em troca do Parque Augusta. De acordo com o tucano, o negócio foi acertado com as empresas Setin e Cyrela, donas da área do parque.

“Não precisaria envolver um novo terreno. Muito menos um terreno em uma área nobre, com valor muito maior do que o do parque. Não faz o menor sentido (...) Se as coisas acontecerem nesses termos, é um enorme prejuízo para a cidade toda. A gente entende é que tem de ser pensado um acordo justo. Estamos em uma vigília para não permitir que algo injusto seja aceito”, afirma o Movimento Parque Augusta.

O terreno colocado no negócio pela Prefeitura tem 18 mil m² e fica na Rua Sumidouro, de frente para a Marginal Pinheiros. Em troca, o município receberia das empreiteiras o espaço de 24 mil² no quadrilátero formado pelas ruas Augusta, Consolação, Caio Prado e Marquês de Paranaguá. Apesar de maior, parte da área corresponde ao parque, é de preservação ambiental, e, portanto, não tem potencial construtivo.

A gestão Doria informou que o acordo não será no popular “elas por elas” e envolverá também contrapartidas que equalizariam o negócio, mesmo com os terrenos tendo valores de mercado distintos. Conforme apurou a TV Globo, o terreno do Parque Augusta está estimado em cerca de R$ 120 milhões. Já a área de Pinheiros não foi avaliada oficialmente, mas fica em uma das regiões mais valorizadas da capital.

Procurada pelo G1, a Prefeitura não deu detalhes dos valores e das contrapartidas das negociações. O secretário municipal do Verde e Meio Ambiente, Gilberto Natalini, no entanto, adiantou no mês passado que uma das compensações que ficaria a cargo das construtoras Setin e Cyrela seria a própria implementação do Parque Augusta e a manutenção do espaço pelo período de dois anos.

A falta de transparência no acordo também é motivo de críticas por parte dos militantes do Movimento Parque Augusta. “As negociações estão acontecendo sem transparência, sem participação pública. São empresários conversando com Doria de portas fechadas, sem trazer informações para os cidadãos. Nossa manifestação vai nesse sentido: saber o que acontece entre Doria e os amigos empresários”, concluiu.

Para o urbanista Kazuo Nakano, as iniciativas para viabilizar o Parque Augusta são positivas, já que a região carece de áreas verdes, mas não a qualquer custo. “Tem que estar muito bem avaliado para ver se é vantajoso ou não para o interesse público (...) Precisa estar dimensionado financeiramente porque estamos falando de altos montantes, terrenos muito valorizados”, disse em entrevista à GloboNews.

Doria, por sua vez, defendeu que o acordo é benéfico para o município. "Ampla vantagem para a Prefeitura, ampla vantagem para os cidadãos, ampla vantagem para aqueles que são moradores ou frequentadores do Baixo Augusta e vão ganhar um parque. É uma solução que tira do plano judicial algo que durante 30 anos foi objeto de discussão", justificou em entrevista coletiva concedida nesta terça (18).

Foi o Ministério Público (MP) quem sugeriu, em abril, que a Prefeitura oferecesse às construtoras espaços públicos sem restrições ambientais em troca do terreno na região central. O parque corresponde a 40% do lote e existe há 40 anos, mas desde 2013 é alvo de disputas na Justiça porque as empreiteiras queriam erguer um empreendimento imobiliário no local, mas parte das árvores é tombada e não pode ser removida.

(Foto: Reprodução/TV Globo)