POLÍTICA INTERNACIONAL

Trump bate recorde com fechamento administrativo mais longo

O fechamento durou exatamente 22 dias.

Em 12/01/2019 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

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Com um total de 22 dias, o atual fechamento parcial da Administração bateu o recorde como o mais longo dos Estados Unidos neste sábado desde que uma reforma orçamentária em 1976 permitiu esta medida, inédita entre as democracias modernas.

O presente fechamento governamental superou hoje o recorde que até agora ostentava a maior longevidade: o acontecido durante 1995-1996 sob o mandato de Bill Clinton (1993-2001) por uma disputa orçamentária em questões de saúde, educação e meio ambiente.

E neste caso, ainda não há indícios de que Trump e a oposição democrata possam alcançar um acordo que determine seu fim.

Nos EUA, o fechamento administrativo obriga a suspender a prestação de determinados serviços públicos quando as duas Câmaras do Congresso ou o presidente do país não alcançam um acordo para assinar certas dotações orçamentárias.

Diante dessa situação, os departamentos cujo orçamento dependem do novo acordo interrompem a maior parte de suas atividades e inclusive cessam o pagamento de salários aos seus empregados.

Atualmente, Trump e a oposição democrata no Congresso mantêm uma queda de braço por uma alocação orçamentária muito concreta: os US$ 5,7 bilhões que o presidente pede ao Congresso para edificar seu prometido muro na fronteira com o México.

Este muro foi uma das principais promessas eleitorais de Trump, que após dois anos de mandato propôs iniciar sua construção e afirmou que "estaria disposto a fechar o Governo" se não recebesse o dinheiro que solicita.

Desde 22 de dezembro, uma parte da Administração do país permanece fechada enquanto Trump e os dois líderes democratas do Congresso, Nancy Pelosi e Charles Schumer, protagonizaram três semanas de constantes acusações até chegar ao fechamento mais longo da história.

Para Trump, o muro é necessário porque soluciona uma "emergência de imigração crescente" na fronteira sul, segundo alertou na terça-feira em discurso ao país que foi transmitido por todas as televisões em horário de máxima audiência, o primeiro pronunciado desde o Salão Oval.

Para a oposição, o muro é "imoral", contrário aos valores "dos EUA" e uma despesa pouca efetiva para melhorar o controle da imigração clandestina e a segurança fronteiriça, segundo argumentaram seus líderes em um outro discurso televisionado que acumulou mais audiência do que o de Trump.

Assim, durante estes 22 dias, 25% da Administração permaneceu suspensa, uma situação que afeta cerca de 800 mil trabalhadores que deixaram de receber e que obrigou a pendurar o cartaz de fechado em destinos turísticos como museus, parques nacionais e monumentos.

A confronto mantido entre os líderes políticos de Washington supôs, além disso, uma perda econômica de US$ 3,6 bilhões, segundo a agência S&P Global Ratings.

Se o fechamento se prolongar por outras duas semanas, custaria US$ 6 bilhões, segundo a mesma entidade, ou seja, que poderia custar mais do que o dinheiro que Trump pede para seu muro.

Algumas pesquisas, como a publicada pelo jornal "The Washington Post", consideram, no entanto, que o custo final da barreira fronteiriça superaria US$ 25 bilhões e seria preciso 10 anos de trabalho.

Este cenário de interrupção na atividade da administração pública é praticamente impossível em outras democracias, onde são contempladas medidas como prolongar o orçamento do ciclo anterior e nos quais um fechamento do governo assim seria sinônimo de uma revolução, invasão ou desastre.

Mas uma reforma da lei americana iniciou em 1976 a possibilidade desta medida, que foi posta em prática pela primeira vez em 1980, sob o Governo de Jimmy Carter (1977-1981).

Desde então houve 20 interrupções administrativas, embora nem em todas as ocasiões os funcionários foram suspensos.

Ronald Reagan (1981-1989) é o presidente que viveu mais fechamentos deste tipo, com um total de três, mas quase não superaram o par de dias; o segundo no lista é Bill Clinton, com duas paralisações de 7 e 21 dias, período que até hoje era o mais longo.

Agora, Trump superou Clinton com o fechamento mais prolongado e igualou em quantidade, pois acumula dois fechamentos administrativos: o atual e outro de três dias em 2018.

Anteriormente, Barack Obama (2009-2017) viveu um único fechamento similar durante seu duplo mandato, de 16 dias.