POLÍTICA INTERNACIONAL

Trump sobe o tom e chama neonazistas de repugnantes

Presidente vinha sendo criticado por não se posicionar claramente.

Em 14/08/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Sob forte pressão política, Donald Trump classificou nesta segunda-feira (14) como “maus” e “repugnantes”, os neonazistas, os membros da Ku Klux Klan e os militantes da supremacia branca, que, neste final de semana, atacaram uma manifestação no estado da Virgínia, causando a morte de uma pessoa.

“Aqueles que espalham a violência em nome da intolerância atacam o coração da América”, disse o presidente em discurso na Casa Branca.

“O racismo é maligno e aqueles que causam violência em seu nome são criminosos e bandidos, incluindo a Ku Klux Klan, os neonazistas e os militantes da supremacia branca, além de outros grupos de ódio, que são repugnantes a tudo que nós mais valorizamos na América”, disse Trump.

Trump assegurou que os envolvidos no incidente serão responsabilizados. Uma investigação, segundo o presidente, vai envolver o FBI e o procurador-geral do país, Jeff Sessions. "Não vamos poupar recursos parar proteger cidadãos americanos", garantiu, dois dias após os confrontos.

No sábado (12), Charlottesville foi palco de confrontos de integrantes da supremacia branca com grupos anti-extremistas. Um homem de 20 anos jogou o carro que dirigia contra um grupo que protestava contra os grupos racistas, matando uma mulher e deixando pelo menos 19 feridos.

Pressão

Desde o começo do fim de semana, Trump estava sob intensa pressão política, tanto de democratas quanto dos próprios republicanos. Ele foi criticado por não ter nomeado os grupos extremistas em sua declaração logo após os confrontos em Charlottesville. No sábado, o republicano afirmou em sua conta oficial no Twitter: "Todos devemos estar unidos e condenar tudo o que representa o ódio. Não há lugar para esse tipo de violência na América. Vamos continuar unidos", declarou.

Na avaliação dos críticos, a mensagem divulgada no sábado deixou implícita uma condenação tanto dos manifestantes de extrema direita quanto dos anti-extremistas pelos violentos confrontos em Charlottesville, na Virgínia. Até mesmo membros do Partido Republicano estavam entre os críticos.

No domingo (13), a Casa Branca divulgou uma nota dizendo que o chefe de estado estava condenando todas as formas de "violência, intolerância e ódio" quando falou sobre os confrontos em Charlottesville, incluindo "supremacistas brancos, Ku Klux Klan, neonazistas e todos os grupos extremistas".

Charlottesville e retirada de estátua

A cidade de Charlottesville, que tem pouco mais de 50 mil habitantes, foi escolhida como palco dos protestos após anunciar que pretende retirar uma estátua do general confederado Robert E. Lee de um parque municipal.

O general Lee comandou as forças da Virgínia na Guerra Civil Americana (1861-1865), e chegou a general-em-chefe confederado. A Virgínia integrava os Estados Confederados -- a união de seis estados separatistas do Sul dos Estados Unidos, durante esse conflito.

Esses estados buscaram a independência para impedir a abolição da escravidão. Mesmo após a derrota definitiva no conflito, Lee se tornou um símbolo dos movimentos de extrema-direita norte-americanos, que ainda hoje o lembram como um herói.

A remoção da estátua de Lee foi considerada como uma afronta pelos grupos de extrema-direita, que decidiram protestar. Atualmente, várias cidades americanas vêm retirando homenagens a militares confederados - o que tem gerado alívio, de um lado, e fúria, de outro.

(Foto: Reuters/Jonathan Ernst)