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Venezuela diz que ONU mente sobre situação no país

Representante da ONU pediu investigação de crime contra a humanidade no país.

Em 12/09/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

A Venezuela acusou o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein, de faltar com a verdade, ao evocar que o governo tenha cometido crimes contra a humanidade na repressão dos protestos que deixaram 125 mortos entre abril e julho.

O alto comissário "transgrediu a verdade" e teria "sucumbido às pressões de uma constelação minoritária de países, liderada pelo império norte-americano", acusou o embaixador venezuelano na organização, Jorge Valero.

Na segunda-feira (11), Zeid Ra'ad Al Hussein pediu uma investigação internacional sobre o uso excessivo da força por parte das autoridades da Venezuela, porque "minha investigação sugere a possibilidade de que tenham sido cometidos crimes contra a humanidade".

"Chamamos a atenção desse Conselho sobre o comportamento seletivo, tendencioso e politizado do alto comissário contra a Venezuela com fins de dominação", afirmou Valero, nesta terça, segundo a France Presse.

O diplomata também lamentou "a pouca síntese que o alto comissário exibe, quando desenha um falso clima de crescente tensão e uma suposta violação da nossa democracia".

O informe do Alto Comissariado sobre a Venezuela apontou o "excessivo uso da força por parte de oficiais de segurança, assim como de outras múltiplas violações de direitos humanos no contexto dos protestos contra o governo".

Segundo o representante da ONU, as manifestações deixaram 125 mortos e 5 mil detidos. Desse total, 1,3 mil pessoas ainda estariam atrás das grades.

Crise política

O país enfrenta uma recessão econômica, com uma inflação de três dígitos, escassez de medicamentos e alimentos, além do aprofundamento da crise política nos últimos meses.

As manifestações populares são diárias desde de abril, logo após o Supremo Tribunal de Justiça (TSJ) assumir provisoriamente as funções do Parlamento, que é de maioria opositora. Com a forte oposição interna e da comunidade internacional, a medida foi revista, mas o clima seguiu tenso. Nos protestos, os confrontos entre oposicionistas e as forças de seguranças, muitas vezes violentos, eram comuns. Há relatos de prisões políticas, mortes e feridos.

Nicolás Maduro promoveu a polêmica realização da eleição de uma Assembleia Nacional Constituinte que, do seu ponto de vista, seria fundamental para a consolidação das conquistas chavistas. A oposição, por sua vez, denuncia o que chama de manobra para que ele se perpetue no poder.

O parlamento venezuelano aprovou um acordo de "desconhecimento de atos contrários à ordem constitucional", que não reconhece a Constituinte, eleita no fim de julho. Os 545 parlamentares que vão redigir uma nova Carta Magna tomaram posse após um conturbado processo eleitoral.

Uma das suas primeiras medidas foi a destituição da procuradora-geral Luisa Ortega Díaz, que tinha apresentado vários recursos contra a Assembleia Constituinte, todos rejeitados pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), acusado de servir ao governo. Para o parlamento, as primeiras medidas tomadas pela Constituinte confirmam sua natureza ditatorial.

( Foto: George CASTELLANOS / AFP)