ECONOMIA NACIONAL

Viagens internacionais no 1º trimestre têm recuo de 69%.

Essa queda se explica principalmente pelo dólar mais forte frente o real.

Em 20/04/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, afirmou nesta quarta-feira, 20, que o segmento de serviços tem contribuído de forma significativa para a redução do déficit em transações correntes, com destaque para viagens internacionais, que têm mostrado recuo expressivo neste ano.

Maciel observou que no trimestre, viagens internacionais mostram recuo de 69% frente a igual período do ano passado.

Essa queda, segundo ele, se explica principalmente pelo dólar mais forte frente o real. Pelos dados do BC, observou Maciel, os gastos de brasileiros no exterior estão cerca de 40% a 50% menores este ano frente a períodos anteriores.

No mês passado, a diferença entre o que os brasileiros gastaram lá fora e o que os estrangeiros desembolsaram no Brasil deixou um saldo negativo de US$ 694 milhões.

O resultado é menor do que o saldo negativo de US$ 955 milhões visto em igual mês do ano passado. No entanto, é maior do que o déficit de US$ 242 milhões registrado em fevereiro.

Esse aumento de gastos na margem, explicou Maciel, teve influência das regras de tributação para agências de viagem, o que deixou os gastos represados.

No início do ano, a alíquota para remessas por essas empresas havia subido para 20%; depois de pressão do setor de turismo, o governo cedeu e reduziu para o mesmo valor do cartão de crédito quando usado em compras no exterior, 6,38%.

"Com essa mudança de alíquotas valores ficaram represados", explicou.

"É importante lembrar que esse é um item sensível a taxa de câmbio. Mas movimentos de valorização do câmbio tendem a favorecer essas despesas", observou.

A parcial de viagens mostra despesas líquidas de US$ 375 milhões, valor formado por receitas de US$ 260 milhões e despesas de US$ 635 milhões.

Maciel relatou ainda que a conta de serviço com transportes mostra déficit de US$ 764 milhões contra US$ 1,802 bilhão em igual período do ano passado - uma queda em torno de US$ 1 bilhão.

"Isso reflete a retração da corrente de comércio, mas também queda na compra de passagens aéreas por brasileiros. Quando esse fluxo diminui, afeta o item de transportes", justificou.

Remessa de lucros e dividendos

Tulio Maciel afirmou que o nível histórico de lucros e dividendos, apesar de ter havido um aumento de remessas entre março e igual mês do ano passado, está em patamar reduzido por retração da atividade econômica.

A parcial de lucros e dividendos, até 18 de abril, mostra saída líquida de US$ 380 milhões.

A taxa de rolagem subiu para 71% em abril até o dia 18, segundo informou o chefe do Departamento Econômico do Banco Central.

Em março, a taxa havia sido de 29%. "Houve uma melhora, mas continua abaixo de 100%", comparou.

Segundo ele, a taxa dos papéis este mês até a última segunda-feira ficou em 27%, enquanto a dos empréstimos diretos, em 87%.

Taxa de rolagem

A taxa de rolagem subiu para 71% em abril até o dia 18, segundo Tulio Maciel. Em março, a taxa havia sido de 29%. "Houve uma melhora, mas continua abaixo de 100%", comparou.

Segundo ele, a taxa dos papéis este mês até a última segunda-feira ficou em 27%, enquanto a dos empréstimos diretos, em 87%.

Renda fixa

O chefe do Departamento Econômico do Banco Central informou também que, até o dia 18 deste mês, houve interrupção da tendência de saída de recursos vista nos últimos meses para a renda fixa, com um ingresso de US$ 130 milhões no período.

No caso de investimentos em ações, permanece a tendência de entradas já vista nos meses anteriores, com um total de US$ 1,151 bilhão até a última segunda-feira.

No mês passado, o ingresso em investimento em carteira para ações foi de US$ 1,824 bilhão e, no trimestre, de US$ 2,460 bilhões. "Isso reflete, em parte, a rentabilidade da Bovespa no ano", comentou Maciel.

Já em renda fixa houve saída de US$ 1,965 bilhão no mês passado, dando continuidade às saídas líquidas de títulos de renda fixa nos primeiros meses de 2016 - US$ 7,070 bilhões no trimestre.

"Tivemos ingressos vultosos, de US$ 16,3 bilhões em 2015 e de US$ 17,1 bilhões em 2014. Ou seja, mais de US$ 40 bilhões nestes dois últimos anos", comparou o economista do BC.

"Agora, temos uma realização dessas aplicações. Isso em algum momento seria observado", continuou.

Custo de captação

Para Maciel, em períodos de incertezas, é comum haver alta de custo de captação e que a estratégia de muitas empresas é a de não manter passivos de alto custo no longo prazo.

Ele identificou também que, até por conta disso, os títulos de longo prazo estão sendo rolados no curto prazo.

"Mas essa migração é modesta em termos de representatividade da dívida", ponderou.

Em dezembro do ano passado, as dívidas de curto prazo somavam US$ 51,031 bilhões e, em março, passaram para US$ 59,037 bilhões.

Ao mesmo tempo, os vencimentos de longo prazo caíram de US$ 283,605 bilhões para US$ 274,586 bilhões.

A dívida externa bruta no mesmo período encolheu de US$ 334,636 bilhões para US$ 333,623 bilhões.

Fluxo cambial

Maciel informou ainda que a diferença entre ingresso e saída de capital estrangeiro no Brasil deixou um saldo positivo em abril, até dia 18, de US$ 4,070 bilhões.

Esse montante foi formado por um saldo comercial positivo em US$ 3,234 bilhões e por um saldo financeiro, também positivo, de US$ 836 milhões.

Segundo ele, o saldo comercial foi constituído de exportações totais de US$ 8,296 bilhões, sendo US$ 1,611 bilhão de ACC, US$ 2,257 bilhões de PA e US$ 4,428 bilhões de outras fontes.

As importações ficaram em US$ 5,062 bilhões, deixando um saldo comercial positivo de US$ 3,234 bilhões.

Já o saldo financeiro positivo de US$ 836 bilhões foi formado pela diferença entre ingressos de US$ 23,122 bilhões e saídas de US$ 22,287 bilhões.

Maciel também divulgou a posição de câmbio dos bancos. Até 18 de abril, essa posição estava vendida em US$ 26,391 bilhões, número 13,37% menor que o registrado no fechamento de março, quando a posição estava vendida em US$ 30,464 bilhões.

Fonte: Estadão