ESPORTE INTERNACIONAL

Xodó de Rafaela Silva e mais dois brasileiros são eliminados

Após primeiro Mundial, jovem nipo-brasileira se emociona ao sair do tatame.

Em 28/08/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Stefannie, que é chamada por todos da delegação brasileira de Arissa, tem uma história diferente. Filha de pais brasileiros, ela nasceu no Japão. Quando o Brasil foi realizar um treinamento no país em 2016, a jovem correu atrás do gestor de alto rendimento da Confederação Brasileira de Judô, Ney Wilson, pedindo uma chance de competir na seletiva nacional para tentar defender a seleção. Convidada pela CBJ, a judoca conseguiu a vaga e passou a integrar a equipe do país de seus pais. Muito simpática e querida, ela virou xodó da medalhista de ouro olímpica na Rio 2016, Rafaela Silva.

- Eu estou muito feliz de representar o Brasil. Me sinto muito feliz. Quando ouço o Hino Brasileiro, é muito emocionante. A Rafaela me ajuda bastante. No judô e fora do tatame também. Eu uso todos como referência, mas principalmente a Rafa - falou.

Rafa praticamente adotou Arissa. Em sua conta no Instagram, é possível ver muitas fotos das duas juntas. A campeã olímpica adora ensinar palavras e gírias em português para a nipo-brasileira, que não fala português fluentemente ainda e tropeça em alguns momentos. "Tamo junto" e "top" são algumas das expressões que Rafaela Silva ensinou para Stefannie, que estuda Letras no Japão.

- Eu pretendo ir morar no Brasil e ir para a Olimpíada de 2020, em Tóquio - concluiu.

Como foram as lutas do brasileiros?

Stefannie Koyama, em seu primeiro Mundial, entrou no tatame para fazer sua estreia. A primeira luta, pela categoria -48kg, foi emocionante, e ela venceu por um waza-ari no Golden Score (prorrogação). A rival foi a romena Monica Ungureanu, bronze no Campeonato Europeu do Cazaquistão em 2016. A chave da nipo-brasileira era complicada. Logo na segunda luta, ela encarou uma velha conhecida, a japonesa Funa Tonaki, que é companheira de Universidade de Teikyo, onde Arissa estuda no Japão. Dessa vez, ela levou a pior por 2 waza-aris contra um. Emocionada, ela chorou muito após deixar o tatame.

Phelipe Pelim, que luta na categoria -60kg, começou bem contra o russo Robert Mshvidobadze, com um waza-ari de vantagem. O adversário forçou o ritmo, mas o brasileiro estava bem e, faltando menos de 20 segundos para o fim, imobilizou o rival e saiu vitorioso na estreia. Na segunda disputa, o brasileiro encarou o dominicano Elmert Ramirez. Com quatro waza-aris, saiu vitorioso de novo. No terceiro embate, pegou Mukhriddin Tilovov, do Uzbequistão. A luta era parelha, e os dois tinham dois shidos (infrações). No Golden Score, Pelim acabou levando o terceiro shido e foi desclassificado.

- Para mim é um sonho que estou realizando. Queria ter ido melhor, porque treinei muito para isso. Sim, estou feliz pelo meu desempenho. Mas sei que poderia ter ido melhor. Deixei na mão de Deus. Está ótimo. Esse da terceira luta eu tinha lutado esse ano e já tinha vencido ele lá na Geórgia. Sabia que ele ia botar um volume de luta, por isso tentei firmar mais minha mão na gola para não deixar ele tão solto. Mas infelizmente ele conseguia cortar minha gola e ia colocando volume. E eu não estava conseguindo ajustar a pegada. Muito no judô é a troca de pegada, e ele foi mais feliz hoje. Agora é voltar para casa, corrigir esses detalhes e, na próxima, não vacilar de novo - explicou Pelim, que vai aquecer nesta terça-feira com Charles Chibana, seu parceiro de Esporte Clube Pinheiros, para ajudá-lo antes de seus confrontos.

Na mesma categoria, Eric Takabatake entrou bem contra Yeldos Smetov, do Cazaquistão. Ele controlou o adversário, que recebeu duas punições. O brasileiro ficou apenas com uma, e o combate foi para o Golden Score. Eric tentou três vezes encaixar o golpe, mas Smetov foi quem, com um waza-ari, saiu vencedor. No chão, o atleta do Brasil lamentou muito, e o rival foi até lá para consolá-lo. Dessa forma, Takabatake deixou o Mundial na estreia.

Novas regras em teste pela primeira vez em um Mundial

O Mundial de Budapeste é o primeiro com as novas regras da Federação Internacional de Judô (IJF). A intenção foi deixar o esporte, que levou 22 vezes o Brasil ao pódio olímpico, a se tornar mais agressivo e atraente. A principal alteração foi na pontuação. O yuko não existe mais, fazendo com que os judocas consigam anotar no placar apenas com waza-ari e ippon. Ao contrário do que acontecia antes, dois waza-aris não se transformam mais em um Ippon.

O tempo de luta também sofreu alteração. O combate masculino, que tinha cinco minutos de duração, agora tem quatro, assim como já acontece há alguns anos com as mulheres. Essa troca foi para deixar claro para o Comitê Olímpico Internacional (COI) que a Federação de Judô equipara homens e mulheres.

As punições, tão importantes para o resultado final de uma luta, também sofreram mudanças. Antes, quatro shidos, como são chamadas as sanções, eliminavam o judoca. Agora, apenas três já tiram o atleta do combate. A catada de perna, golpe que eliminou Rafaela Silva na Olimpíada de Londres, não resulta mais na desclassificação do atleta, dando apenas em punição para o infrator.

Os shidos (infrações) não servem mais como critério de desempate. Assim, a luta vai para o golden score (prorrogação). Apenas se ninguém pontuar no golden score, o shido poderá decidir uma luta.

As regras já estão sendo testadas no cenário internacional de judô desde o Grand Slam de Paris, disputado em fevereiro deste ano. Contudo, após o Mundial, a Federação Internacional de Judô vai bater o martelo sobre todas as mudanças. A disputa por equipes mistas, já aprovada, para a Olimpíada de Tóquio 2020, vai acontecer pela primeira vez em um Mundial. Ela será realizada no dia 3 de setembro.