SAÚDE

90% da população de São Carlos(SP), não usa camisinha, afirma pesquisa.

Para chefe de Políticas para Diversidade Sexual, falta orientação para jovens.

Em 30/03/2015 Referência JCC

Em tempos de disseminação proposital do HIV pelo 'Clube do Carimbo', como denunciou o 'Fantástico', uma pesquisa realizada em São Carlos (SP) apontou que 90% da população não utiliza camisinha durante as relações sexuais. “Isso indica um alto índice de exposição à transmissão das doenças sexualmente transmissíveis”, avaliou a coordenadora do programa DST/Aids do município, Isabella Gerin de Oliveira, na divulgação dos dados.

O número foi calculado com base nas fichas da campanha "Fique Sabendo", de orientação e prevenção à Aids, e foi divulgado pela Prefeitura em fevereiro, quando o G1 solicitou um panorama da doença no município.

Segundo informações do ambulatório de DST/Aids, São Carlos possui 2,3 mil casos positivos cadastrados – 85 deles diagnosticados no ano passado – e o aumento nos últimos anos explica-se, em parte, pela realização de mais exames. Em 2014, foram realizados 4.229 testes rápidos e 4.467 testes convencionais. Em 2015, esses números chegam, respectivamente, a 843 e 967.

O levantamento compartilhado com a reportagem apontou também uma mudança no perfil dos doentes. Desde o começo das transmissões até 1998 houve uma “feminização”, mas a partir de 2003 o número de mulheres diagnosticadas por ano diminuiu progressivamente e desde 2010 os especialistas observam picos de diagnósticos positivos em homens.

A idade – são pessoas jovens – e a escolaridade são outros fatores que chamam a atenção. De acordo com o ambulatório, 47,9% das pessoas que contraíram a doença no ano passado tinham ensino médio completo ou começaram o ensino superior. “Isso é muito preocupante porque significa que as pessoas contraem a doença com conhecimento do que estão fazendo”, apontou a pesquisa.

Ainda de acordo com o estudo, em 2014, 18,6% das pessoas que contraíram o vírus mantinham relações bissexuais, 47,1% se declararam heterossexuais, 25,7% afirmaram ser homossexuais e 2,9% eram usuárias de droga injetável.

Campanhas
Para Ângela Lopes de Almeida, chefe de divisão de Políticas para Diversidade Sexual de São Carlos, as campanhas de orientação e prevenção à doença diminuíram no país nos últimos anos – a ponto de ficarem concentradas em datas específicas, como o Carnaval – e houve a flexibilização da proteção.

“Não há mais o combate sistemático de anos atrás, há a impressão de que a doença foi superada, mas não foi. O contágio não acontece apenas no Carnaval, acontece diariamente. É necessário falar do HIV todos os dias e entender que o sexo é uma realidade dos mais jovens, ir para as escolas, falar para o público em formação”, afirmou.

Fonte: G1-São Carlos