SAÚDE

Campinas tem média de 5 casos de escorpiões por semana; veja cuidados.

Barreiras físicas ajudam a evitar; inseticida pode aumentar risco de picada.

Em 19/12/2015 Referência JCC

Campinas (SP) tem registrado uma média de 5,6 ocorrências de escorpiões por semana nos últimos seis meses, de acordo com a Prefeitura. Ao todo, 131 casos foram relatados por moradores de 1º de julho a 13 de dezembro. A coordenadora da Vigilância em Zoonoses de Campinas, Tosca de Lucca, alerta sobre os cuidados. O uso de inseticidas, por exemplo, pode aumentar o risco de picadas.

O número da administração municipal aponta um aumento de 12,9% em relação a 2014, que teve 116 registros de escorpiões no período. No entanto, nos últimos meses os moradores começaram a se deparar com os bichos com mais frequência, e a preocupação é necessária. O veneno dos escorpiões pode levar uma vítima à morte.

Os escorpiões mais comuns na região são o marrom e o amarelo. O primeiro prefere a superfície, se abriga em entulhos e telhas. O segundo prefere redes de esgoto e tubulações e tem o veneno mais potente, pode causar acidentes mais graves. Mas, os dois tipos podem levar à morte.

O G1 preparou um resumo, com auxílio da vigilância, com as dicas sobre onde os escorpiões constumam aparecer, como evitar que eles entrem nas casas, como eliminar um escorpião com segurança e o que fazer se a pessoa for picada. Confira abaixo.

Clima influencia na frequência
Com a chegada das chuvas, mais intensas este ano, e do calor, os animais tendem a se desalojar de tubulações, redes de esgoto e de outros locais usados por eles como abrigo. A atividade deles aumenta, assim como a reprodução, e, algumas vezes, vão parar nas casas e até em apartamentos.

"As condições climáticas influenciam bastante. Normalmente, eles têm hábito noturno e podem ficar um longo período sem se alimentar. Se reproduzem duas vezes por ano, mas a ocorrência também está relacionada ao alimento. No calor, também aumentam as baratas, principal alimento deles", explica Tosca.

As regiões Sul e Leste de Campinas, que compreendem as regiões dos bairros São Bernardo, Jardim Nova Europa, Jardim São Pedro e Jardim Ouro Branco, foram as que registraram aumento nas ocorrências de escorpiões este ano, segundo a vigilância.

Chegam por ralos e rede elétrica
Nos imóveis, seja no térreo ou mesmo em andares altos, os escorpiões podem acessar o interior dos ambientes por meio de ralos abertos e até de conduítes de fiação elétrica e também de telefone.

"Eles procuram sempre locais escuros e onde possam encontrar alimento. Assim, eles acessam o interior das casas. Em prédios, não é incomum o relato de escorpiões em andares altos, principalmente em prédios mais antigos", alerta a coordenadora da vigilância.

Criar barreiras mecânicas - como ralos fechados ou tampas em ralos abertos, proteção nas frestas de portas e janelas, colocar tela contra insetos - é o primeiro passo para não deixar que esses animais entrem nas residências.

Também há a necessidade de evitar o acúmulo de materiais inservíveis, que acabam servindo de abrigo, como entulho e materiais de construção acumulados. Manter o local sem matéria orgânica é essencial para não atrair baratas para o ambiente, alimento preferido dos escorpiões.

A possibilidade de criar galinhas em casa, segundo Tosca, pode ajudar por elas serem predadoras de escorpiões. Ajuda no controle, mas não é suficente para evitá-los totalmente.

Encontrou um? Não use inseticida
"Para nós, preocupa muito o fato da população pensar que o inseticida resolve tudo. Muito pelo contrário. Os inseticidas são contra-indicados para o controle de escorpião. Dificilmente consigo atingir o escorpião no momento da aplicação. Ele é capaz de perceber a existência de inseticida no ambiente. Os inseticidas têm um efeito irritante sobre os escorpiões, que se desalojam e aumentam, nesse momento, os riscos de um acidente", alerta Tosca.

Fazer dedetização também não é recomendado para eliminar os escorpiões. Ao encontrar o animal, a coordenadora recomenda matar o bicho, mas sem se aproximar muito, de forma mecânica (com ajuda de uma vassoura, por exemplo).

Em seguida, o escorpião deve ser colocado em um vidro e o morador pode ligar no telefone 156 da Prefeitura para registrar o ocorrido. A administração municipal se compromete, então, a enviar técnicos da Vigilância em Saúde da região da moradia, que vão analisar o local, fazer uma vistoria detalhada no ambiente e orientar corretamente os moradores.

Fui picado! E agora?
A pessoa que for picada por um escorpião deve lavar o local com água e sabão e ser levada imediatamente para a unidade de saúde mais próxima. Se possível, levar o escorpião causador do acidente.

"Nem sempre há necessidade do uso do soro. Mas, em todos os casos, as pessoas devem procurar atendimento. O soro está disponível somente em hospitais de referência, mas o encaminhamento pode ser feito pelo profissional da área da saúde da unidade mais próxima. A orientação é que a pessoa picada não perca tempo. Nos postos de saúde é feito um bloqueio para minimizar as intensas dores no local", explica Tosca.

Os acidentes tendem a ser mais graves em crianças abaixo de 7 anos de idade, idosos, pessoas com problemas de saúde - como cardiopatas, com problemas hepáticos, entre outros - e também em gestantes. Se o escorpião for um filhote, a quantidade de veneno no corpo será menor.

Caso a vítima não tenha visto o bicho que a picou, é possível, no mínimo, desconfiar que foi um escorpião devido à dor intensa, aguda e abrupta. Esses sinais devem ser relatados na unidade de saúde. É importante ficar alerta para sintomas como sonolência, náusea e vômitos, que já mostram sinais de gravidade.

Fonte:G1