SAÚDE

Cirurgia inédita no Norte do ES retira tumor de medula

Procedimento realizado pelo Dr. Ricardo José Piva, do Hospital Meridional São Mateus.

Em 09/07/2020 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Foto: Divulgação/Hospital Meridional

Esse tipo de tumor é relativamente raro, sendo responsável por 2 a 4% de todas as neoplasias do sistema nervoso central.

Dores na região lombar e nas costas costumam ser consideradas comuns e, muitas vezes, não recebem a devida atenção, por serem associadas a ‘maus jeitos’. Uma posição errada ao se mover ou ao dormir, um peso carregado sem cuidado, entre outros.

Esse foi o caso de Raquel Aparecida Ferreira de Oliveira, logo após dar à luz ao seu segundo filho há sete meses, em São Mateus, na região norte do Estado do Espírito Santo.

Raquel, de 33 anos, começou a sentir fortes dores na região das costas abaixo do pescoço, mas achou que se tratava da posição em que segurava o filho. Após a dor se agravar e sentir dormência e incômodo em um dedo da mão direita, decidiu procurar um médico. Após outros exames, uma Ressonância Magnética identificou o problema: uma lesão decorrente de um tumor intramedular de grande volume na medula espinhal cervical baixa (entre a sétima cervical e primeira torácica).

Cirurgia de risco

O cirurgião do Hospital Meridional São Mateus, em São Mateus, Ricardo José Piva, após avaliação do caso, constatou que a cirurgia de risco e nunca feita antes na região norte do Espírito Santo seria a única opção. Todas as avaliações médica e cirúrgica foram feitas sete meses após o parto.

Piva explica o que poderia ter acontecido, caso o tumor não fosse descoberto e tratado cirurgicamente.

“A gravidade desta lesão intramedular seria o seu progressivo aumento, o que poderia acarretar, no mínimo, em paraplegia (perda de força total dos membros inferiores) e distúrbio vesical, além de maior dificuldade respiratória, pela perda de movimentação da caixa torácica”, afirma o médico.

Coragem da mãe

O cirurgião destaca, ainda, a coragem da mãe em passar por esse procedimento invasivo pouco tempo após o parto.

“O estresse de ter um filho de sete meses em amamentação e ter que passar por esse procedimento foi de grande coragem da paciente e sábio ao mesmo tempo, pois a lesão era muito volumosa e em pouco tempo ela poderia perder a movimentação e ter outros agravantes”, relata Piva, que contou com a ajuda do cirurgião Floriano Schwanz para realizar o procedimento no Meridional São Mateus.

Esse tipo de tumor é relativamente raro, sendo responsável por 2% a 4% de todas as neoplasias do sistema nervoso central (proliferação desordenada de células no organismo, formando, assim, uma massa anormal de tecido. Pode ser classificada como benigna ou maligna). A incidência estimada é de 1 caso para cada 100.000 pessoas. Os tipos mais comuns são: ependimomas, astrocitomas e hemangioblastomas. No caso de Raquel, o cirurgião explica que foi mais raro ainda, por se tratar de um Meningeoma Meningotelial (benigno) comprovado por análise histopatológica discutida por 3 grupos diferentes de patologistas. (Por Danielle Souto - Assessoria deImprensa do Hospital Meridional)