SAÚDE

Mitos e verdades sobre aparelhos ortodônticos em crianças.

Faltin, especialista em ortodontia e ortopedia facial, esclarece mitos e verdades.

Em 15/03/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

O problema dos dentes tortos não devem ser tratados somente quando eles forem permanentes e todos tiverem na boca, muito menos desprezar alterações caso isso seja percebido já na infância. Aliás, quanto antes orientados e tratados, menor também serão os danos e o desconforto para corrigi-los. Até porque, quanto melhor a dentição de leite se desenvolver, mais favorável será a condição para o nascimento dos dentes permanentes. Por isso, o diretor técnico-clínico da CA–Clear Aligner, Dr. Rolf M. Faltin, especialista em ortodontia e ortopedia facial, esclarece mitos e verdades sobre um problema que surge na infância, os dentes tortos e o uso de aparelho nessa fase.

Crianças NÃO devem usar aparelhos ortodônticos
Mito. Os aparelhos ortodônticos são bem comuns na adolescência, mas esse tipo de tratamento pode começar na fase dos dentes de leite. “A ortodontia preventiva supervisiona o bom desenvolvimento dos dentes e da face da criança, orientando os pais quanto aos hábitos e funções relacionadas à boca. Amamentação, deglutição, mastigação e fonação devem ser observadas e cuidadas em cada fase do crescimento da criança com suas particularidades. Desvios da normalidade que envolvem as funções acima e a persistência de hábitos nocivos devem ser identificados e suas consequências tratadas/corrigidas tão logo sejam diagnosticados. Faz-se indicado também o uso de aparelhos removíveis ou fixos ortodônticos na dentição de leite ou mista (fase de troca de dentes) com o objetivo de corrigir problemas relativos a má oclusão da dentição (dentes tortos e encaixe errado dos dentes), mordidas cruzadas, além de recuperar espaços para que os dentes permanentes possam nascer sem problemas e evitar futuros problemas mais graves” explica Rolf Faltin, diretor técnico da CA-Clear Aligner do Brasil e doutor em ortopedia facial. Na fase de dentição mista, onde a criança está trocando os dentes de leite pela dentição permanente, o especialista ainda afirma que “os aparelhos removíveis e ortopédicos são comumente recomendados pelo fato de poderem acompanhar e tratar o paciente na primeira infância até a fase adolescente e adulta”.
Faltin ainda afirma que, entre dois e três anos de idade já é possível perceber alguns desvios ósseos e na dentição da criança, tanto nos dentes debaixo quanto nos dentes de cima (mandíbula e maxila) e ressalta a importância da observação dos pais no desenvolvimento da criança e a visita ao profissional para uma avaliação “diagnóstico precoce, tratamento imediato”.
 
Dedo, chupeta e mamadeira entortam os dentes
Verdade. “A partir do momento que se tem todos dentes de leite presentes na boca, hábitos que simulem a amamentação, como as chupetas, mamadeiras e até o ato de chupar o dedo devem progressivamente deixar de existir. Inclusive, tão logo apareça os primeiros dentes, a criança deve deixar lentamente a amamentação. Isso, porque o ato de sucção é nocivo nessa idade e pode apresentar danos como deixar a arcada mais estreita, o palato (céu da boca) mais profundo, reduzir ou projetar os dentes (dentuço/bicudo) ” explica Faltin. O uso frequente de mamadeira e chupeta pode gerar ou agravar um retrognatismo mandibular, ou seja, o queixo fica para trás. “Toda criança nasce com o queixo um para trás, chamamos isso de retrognatismo neonatal, mas conforme ela começa a crescer, se amamentar e estimular os movimentos mandibulares, a tendência é que ela se recupere e sua mandíbula (queixo) se desenvolva”, explica Faltin.
 
Quando a criança chupa a chupeta ela está simulando uma situação onde ela estaria succionando a mama da mãe para a alimentação. É uma “enganação” para a criança. Os movimentos que ela faz acalma a criança e, por isso, se torna um hábito bem quisto pelos pais, mas isso caso perdure por longo período não é bacana para o desenvolvimento dela. “De um ano a um ano e meio seria apropriado que a criança fosse suspendendo, progressivamente, o uso da chupeta até a erupção plena dos dentes que ocorre por volta de dois anos e seis meses até os três anos de idade, quando normalmente se completa a dentição de leite”, conta Faltin. As alterações nos dentes ocorridas até essa idade muitas vezes têm uma melhora espontânea após a eliminação do hábito, mas se a sucção de dedo, chupeta ou mamadeira se mantém até a época da troca dos dentes de leite pelos permanentes, as más oclusões podem se agravar e necessitar de um tratamento ortodôntico mais complexo para sua correção.
 
Aparelhos só são indicados para dentes permanentes
Mito. A maioria das más oclusões são consequências de desequilíbrios no crescimento da maxila e mandíbula e/ou no desenvolvimento da dentição. “Diagnóstico precoce, tratamento imediato, significa assim que percebidos ou suspeitados quaisquer desequilíbrios pelos pais ou pediatras ou odonto-pediatras, devem procurar o especialista em ortodontia e ortopedia-facial”, conta Faltin.
O tratamento indicado, geralmente visa estabelecer um adequado crescimento facial e isso pode ser feito na troca dos dentes de leite pelos permanentes. “Até os três anos de idade, o melhor aparelho ainda são a descontinuidade de hábitos ruins, àqueles de sucção ou mordedura”, reforça o especialista. Quando a criança inicia a troca dos dentes de leite pelos permanentes, a principal preocupação é avaliar se todos os dentes que vão nascer têm espaço adequado e aí é hora certa para visitar um ortodontista e verificar a necessidade do tratamento. “Por volta dos três anos, toda criança deveria fazer uma consulta de avaliação, porque alterações ao longo desta fase de desenvolvimento tendem a persistir por mais três anos. Ou seja, por volta dos seis anos de idade (quando se inicia a troca e erupção dos primeiros dentes permanentes), a arcada dentária dela será em grande parte resultado de como estava aos três anos e assim progrediu. Uma adequada dentição permanente, ela é consequência de uma boa dentição de leite. Não há milagre! O que está bem tende a seguir bem, o que está mal tende geralmente a permanecer mal ou piorar”, conta Faltin.
 
Aparelhos ortodônticos estéticos são tão eficientes quanto os tradicionais em crianças e adolescentes
Verdade. Desde que corretamente indicados, sim ambos são recursos eficientes para movimentação dentária. Deve-se lembrar que os alinhadores estéticos necessitam de colaboração do paciente como qualquer outro tratamento com aparelhos removíveis e atendem a necessidade de pacientes que buscam mais conforto, estética e higiene, sem abrir mão da eficiência proposta pelos aparelhos de metal. “Os alinhadores transparentes/estéticos têm ampla e boas indicações para tratamentos ortodônticos de curto ou longo prazo, tanto para corrigir os problemas da arcada dentária quanto para promover a contenção dos dentes. Desde a fase de dentição mista (troca de dentes) até a dentição permanente eles são ótimas ferramentas de tratamento e manutenção (contenção ou retenção pós-tratamento) no cuidado do paciente ao logo de sua vida, com conforto e higiene”, explica Faltin.