SAÚDE

Os 7 tipos de câncer mais comuns em mulheres no Brasil

Adotar um estilo de vida saudável é uma das medidas mais eficazes para previnir.

Em 14/02/2020 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Foto: Gazeta do Povo - Reprodução

Liderada pelo câncer de pele não melanoma, a lista de tumores mais comuns no Brasil propicia uma reflexão sobre a importância da adoção de um estilo de vida saudável para se reduzir a incidência. O Instituto Nacional de Câncer (INCA) anunciou que, para cada ano do triênio 2020-2022, são previstos 625.370 novos casos de câncer, sendo 297.980 em mulheres.

Apenas 5% a 10% dos casos têm influência de uma alteração genética que é herdada ao nascimento. Portanto, a exposição aos fatores de risco tanto comportamentais, quanto ambientais, como sedentarismo, obesidade, tabagismo, poluição, exposição solar sem proteção, hábitos alimentares, infecções virais por vírus como o HPV, dentre outros, têm papel fundamental no desenvolvimento de vários tipos de câncer, principalmente entre a maioria dos tumores que estão entre os mais prevalentes na população brasileira.

A médica patologista Kátia Moreira Leite, presidente da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) e titular do corpo clínico do Hospital Sírio-Libanês, ressalta que o aumento da expectativa de vida da população influencia no desenvolvimento de câncer, pois as pessoas ficam mais anos expostas aos fatores carcinogênicos. “Optar por ter uma vida saudável é a melhor decisão que se pode ter”, afirma a especialista.

Os tipos de câncer mais incidentes entre as mulheres são pele, mama, colorretal (intestino grosso e reto), colo do útero, pulmão, tireoide e estômago. Confira o que é importante saber sobre cada uma destas doenças.

1 - PELE NÃO MELANOMA (93,6 MIL NOVOS CASOS)

Quando o assunto é câncer de pele não melanoma está se falando sobre os tumores malignos do tipo carcinoma espinocelular e carcinoma basocelular. Eles apresentam baixa taxa de mortalidade, mas o diagnóstico precoce é importante para se evitar lesões que deixem sequelas extensas. A exposição cumulativa ao sol sem proteção é a principal causa, principalmente no carcinoma espinocelular.

É válido prevenir tanto os raios UVA quanto os UVB. Os raios UVA estão cientificamente mais associados com o desenvolvimento do câncer de pele do tipo espinocelular e também do melanoma. Já os raios UVB, que são mais intensos das 10 às 16 horas, são mais relacionados com o desenvolvimento do carcinoma basocelular, além de causar queimaduras e vermelhidão.

Recomenda-se a proteção física (chapéus, camisetas, barracas feitas de algodão ou lona e filtro solar - no mínimo de fator 15, com reposição ao longo do dia) e evitar exposição solar nos horários de maior intensidade de irradiação. Vale lembrar que, em hipótese alguma, o bronzeamento artificial pode ser considerado saudável para a pele. Nas mulheres, os casos de câncer de pele são mais comuns nos membros inferiores (pernas). Assim, a qualquer sinal de alteração da pele, é importante procurar um dermatologista, que examinará a lesão e fará a biópsia se necessário, mandando o material para o médico patologista, profissional que examinará ao microscópio e diagnosticará a doença, para que ela seja tratada rapidamente e da melhor forma possível.

2 – MAMA (66,2 MIL NOVOS CASOS)

Excluindo os casos de câncer de pele não melanoma, a mama é o alvo de quase 3 entre 10 (29%) dos tumores malignos diagnosticados nas mulheres. No Brasil, em relação aos anos de 2018 e 2019, a estimativa é de aumento, em 2020, de 11% no número de novos casos. A médica patologista, Kátia Moreira Leite, observa que embora o surgimento do câncer de mama seja multifatorial, o estilo de vida é determinante para o aumento da incidência desta doença. Ela observa que hoje as mulheres, em geral, têm menos filhos e a primeira gestação mais tardia.

Com isso, amamentam menos e menstruam mais, estando assim mais expostas ao estímulo hormonal. Por sua vez, acrescenta a especialista, há outros fatores e cada um deles influencia o risco parcialmente, como obesidade, sedentarismo e uso de álcool, por exemplo. Recomenda-se a realização da mamografia de rastreamento a partir dos 40 anos, com repetição anual. Caso haja alterações nas mamas em idade mais jovem, pode haver a indicação precoce de mamografia, associada com outros exames complementares, como o ultrassom.

Se necessário, será realizada biópsia e o material em seguida será encaminhado para exame anatomopatológico, que será avaliado por médico patologista. Em 5% a 10% dos casos há influência da hereditariedade, sendo as mutações nos genes BRCA1 e BRCA2 as mais comuns. Essas alterações são associadas com maior predisposição para desenvolvimento de câncer de mama e de ovário (HBOC). As mutações em BRCA também estão relacionadas com casos de câncer de pâncreas hereditário.

3 – COLORRETAL (20,4 MIL NOVOS CASOS)

O câncer colorretal (intestino grosso e reto), com 20.470 novos casos previstos para 2020, é o segundo tumor maligno, excluindo o câncer de pele não melanoma, mais comum entre as brasileiras. Embora seja multifatorial, há uma forte ligação entre hábitos alimentares e incidência desta doença. Recomenda-se a adoção de uma dieta que contemple o consumo de frutas, hortaliças e fibras, assim como evitar o consumo de alimentos processados e de bebidas alcoólicas, refrigerantes e outras bebidas açucaradas. 

Moderação também é a palavra-chave em relação à carne vermelha e alimentos calóricos e/ou gordurosos. Os demais fatores de risco são sedentarismo, obesidade, tabagismo e alguns tipos de doenças intestinais. Por meio da colonoscopia, exame pelo qual observa-se alterações dentro do intestino, é possível retirar pequenas lesões, as quais serão avaliadas e diagnosticadas pelo médico patologista. Dentre essas lesões há alguns tipos de pólipos que, quanto mais precoce for o diagnóstico, maior é chance de evitar o aparecimento de câncer.

A colonoscopia é recomendada com regularidade a partir dos 50 anos ou a partir dos 40 anos caso haja histórico de câncer colorretal na família. A hereditariedade representa entre 5% a 10% dos casos, sendo a síndrome de Lynch a mais prevalente. Há também a polipose adenomatosa familial, que é quando os pacientes apresentam um maior número de pólipos, devendo ser submetidos mais frequentemente à colonoscopia e a cirurgia profilática, caso haja recomendação médica.

4 – COLO DO ÚTERO (16,5 MIL NOVOS CASOS)

O câncer de colo do útero é o tumor ginecológico mais comum no Brasil. A estimativa do INCA aponta para 16.590 novos casos em 2020. O fator causal em grande parte dos casos é o vírus HPV, principalmente dos tipos 16 e 18, para os quais há vacina disponível na rede pública de saúde. Apesar da eficácia comprovada da vacina, é baixa a adesão às campanhas e a consequência é que a doença se mantém estável no país, o que vai na contramão de outros países. O exemplo de maior êxito da imunização se dá na Inglaterra.

Por lá, há acesso ao rastreamento por Papanicolau, as biópsias são feitas e enviadas para médicos patologistas, que descobrem lesões em fase precursora e é alta a taxa de cobertura vacinal. O departamento de Saúde Pública da Inglaterra divulgou em janeiro um estudo que mostra que a prevalência do vírus caiu de 15% para 2% entre as mulheres de 16 a 24 anos sexualmente ativas.

5 – PULMÃO (12,4 MIL NOVOS CASOS)

Os dados do INCA apontam que em 2020 o câncer de pulmão será diagnosticado em 12.440 mulheres no país. O principal fator de risco é o tabagismo, que está associado com 80% a 90% dos casos. Não tabagistas também podem desenvolver a doença, principalmente quando há mutações específicas em genes como EGFRROS1 e ALK, mutações que podem ser detectadas em exames específicos feitos por médicos patologistas. O câncer de pulmão costuma ser diagnosticado a partir dos 50 anos, com pico de incidência na faixa dos 60 aos 70 anos.

O principal gargalo é o diagnóstico tardio (cerca de 75% dos casos são diagnosticados em fase avançada). Isso porque geralmente os sintomas do câncer de pulmão aparecem apenas quando a doença já está avançada. Recomenda-se não fumar. A OMS afirma que não há, por menor que seja, exposição segura ao tabaco. O alerta da OMS é válido também para outros produtos, como o cigarro eletrônico e narguilé.

6 – TIREOIDE (11,9 MIL NOVOS CASOS)

Mais comum nas mulheres, o câncer de tireoide, segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA), deverá acometer 11.950 mil brasileiras em 2020, sendo assim o quinto tumor maligno mais incidente entre elas depois do câncer de pele não melanoma. O principal alerta é para o aumento do número de casos, muito em razão do maior acesso ao exame de punção aspirativa por agulha fina (PAAF), no qual o resultado é dado pelo médico patologista.

“O principal desafio de nós patologistas é determinar a classificação correta destes tumores e, desta forma, evitar cirurgias que seriam desnecessárias”, explica Kátia Moreira Leite.

  O diagnóstico pelo exame de PAAF é indeterminado em cerca de 20% dos casos e, por precaução, muitas vezes o paciente é submetido à cirurgia para a retirada da glândula de forma parcial ou total. Na sequência, análises anatomopatológicas pós-operatórias, com diagnósticos precisos feitos pelo patologista, revelam ser lesões benignas em 60% a 80% desses pacientes que tinham diagnóstico indeterminado previamente ao procedimento cirúrgico. 

7 – ESTÔMAGO (7,8 MIL NOVOS CASOS)

São estimados para o ano de 2020 um total de 7.870 novos casos de câncer de estômago entre as mulheres no Brasil. Um dos principais fatores de risco para esse tipo de câncer é a bactéria Helicobacter pylori. Em 5% das pessoas contaminadas, essa bactéria causa uma inflamação crônica no estômago que, com o tempo, pode evoluir para um câncer.

H. pylori é contraído através da saliva ou do contato oral com água e alimentos que tiveram contato com fezes contaminadas. Os demais fatores de risco são tabagismo e consumo excessivo de álcool. Os sintomas iniciais são bastante inespecíficos, sendo que os pacientes costumam se queixar de queimação no estômago, má digestão, dificuldade de engolir (deglutição) e refluxo ácido.

Em muitos casos, pode parecer um quadro simples de gastrite, o que faz com que muitas pessoas demorem a procurar um médico e só sejam diagnosticadas em estágios mais avançados da doença. O exame de rastreamento é a endoscopia digestiva alta, na qual um pequeno fragmento da lesão é retirado como biópsia e encaminhado para análise anatomopatológica, que permitirá diagnosticar alterações que vão desde benignas como gastrite, até lesões precursoras ou lesões malignas. As lesões malignas são mais prevalentes a partir dos 55 anos. Em cerca de 10% dos casos, síndromes familiais também estão associadas ao aparecimento do câncer de estômago e, muitas vezes, em pacientes mais jovens. Portadores de síndrome de Li-Fraumeni, de câncer colorretal não poliposo (HNPCC) e de câncer gástrico familial também estão no grupo de maior risco de apresentar esse câncer. (Com informações da Sensu)