MOTOR

Renault conta com Kwid como carro-chefe

Hatch foi o 2º mais emplacado em setembro, após 3 meses de pré-venda.

Em 09/11/2017 Referência JCC / Auto Esporte

A Renault conta com o Kwid como carro-chefe para chegar a 10% de participação nas vendas de automóveis e comerciais leves (picapes e furgões) no Brasil até 2022.

A marca reforçou a meta, divulgada no Salão de São Paulo 2016, nesta quarta-feira (8), ao comentar os planos para a América Latina.

A fatia almejada é um pouco maior do que a Ford tem atualmente (9,45%) e colocaria a Renault como a quarta montadora que mais vende nesses segmentos, atrás de Chevrolet, Fiat e Volkswagen, segundo dados da federação dos concessionários, a Fenabrave, até outubro.

A marca francesa aparece em sétimo, com 7,8%, atrás ainda de Hyundai e Toyota. Até o mês passado, a Renault emplacou 138.516 carros e comerciais leves neste ano. A Ford vendeu 167.216, ou 28.700 unidades a mais, uma média de 2.870 ao mês.

"Com o Kwid, a gente deve chegar de forma sustentável aos 8% no 1º trimestre ou no 1º semestre de 2018", disse Luiz Pedrucci, presidente da montadora no Brasil.

Kwid volta aos top 10?

Apesar da grande expectativa sobre o hatch recém-lançado, a Renault diz não saber qual deverá ser a real média de vendas do modelo.

Ele apareceu como o 2º mais vendido em setembro, seu primeiro mês cheio de vendas, mas as 10,3 mil unidades emplacadas, segundo a Fenabrave, correspondiam a pedidos feitos desde junho, quando começou a pré-venda.

Em outubro, o volume baixou para 3,9 mil, deixando o Kwid em 17º lugar no ranking que considera carros e comerciais leves - entre automóveis, foi o 14º mais emplacado. Ficou abaixo do Sandero, que até pouco tempo era o carro de entrada da marca, mas é mais caro.

"A gente ficou surpres com o volume do Kwid, mas ainda não conseguiu identificar qual é o verdadeiro patamar. Só em 2018 teremos uma ideia melhor", afirmou Pedrucci.

Ele acredita que um terço da produção da Renault no ano que vem será voltada ao modelo.

O lançamento do carro fez a Renault abrir um terceiro turno na fábrica de São José dos Pinhais (PR), ainda em abril. "Toda a produção deste ano já está vendida", completou o executivo. O hatch começará a ser exportado para a Argentina em breve.

Vai ter Kwid R.S.?

A montadora também já começou a pensar na ampliação da gama do Kwid, com variações. Mas uma versão esportiva, como o Sandero R.S., não é prioridade.

Manter o preço inicial de R$ 30 mil, promessa para o lançamento do sucessor do Clio, é o principal desafio. O outro é obter lucro de carros nessa faixa de preço, apontou Olivier Murguet, presidente da Renault para a América Latina.

Alaskan vem aí

SUVs e picapes são pilares da investida da Renault no mercado brasileiro. A marca insiste em chamar o Kwid de SUV, alinhando-o com Captur e Duster.

Um dos próximos lançamentos será a picape Alaskan, maior que a Oroch e feita a partir da nova geração da Nissan Frontier, a mesma "forma" da Mercedes Classe X.

Renault e Nissan mantêm uma aliança mundial, que agora agregou a Mitsubishi. No entanto, as empresas são independentes e cada uma busca seu território, diz Pierucci. Mas a marca ainda não definiu a estratégia de vendas para enfrentar a "irmã" Frontier.

"O grande desafio é preparar a chegada da Alaskan. Quem é o cliente, onde ele está, como se comporta... tem que entender o modelo de venda", completa o presidente da Renault. "Será o nosso maior desafio nos últimos anos."

Com a Oroch, primeira picape "média média" lançada no país, um pouco antes da rival Fiat Toro, a Renault diz que conseguiu conquistar clientes de veículos de passageiro, mas deixou de alcançar os que usam picapes para trabalho. Uma solução foi o lançamento da versão Express, mais simples.

As vendas da Alaskan devem começar no fim do ano que vem, após o modelo ser exibido no Salão do Automóvel de São Paulo 2018. Ela já é comercializada na Colômbia.

Mercado não crescerá tanto

Ao planejar o crescimento para 10% de participação em 5 anos, a Renault considera que, em 2022, o Brasil venderá 3,1 milhões de veículos. Um volume pouco maior que os 2,2 milhões estimados para este ano.

"É uma projeção conservadora", reconheceu Murguet, lembrando que o país chegou a ter 3,5 milhões há 3 anos. "Ainda não voltará para aquele nível."

A expectativa é de que as vendas da marca na América Latina passem de 354 mil, como foi em 2016, para 600 mil unidades anuais, contando ainda com Argentina e Colômbia como mercados em que a Renault tem grande participação.

O Brasil responde por 43% das vendas da montadora na região. Se esse percentual fosse mantido, o volume no país teria de chegar a 258 mil ao ano para alcançar a meta regional dos 600 mil emplacamentos. Uma alta de 72% frente aos cerca de 150 mil carros e comerciais leves comercializados pela marca no país em 2016.

(Foto: Divulgação)