SAÚDE

Através da vacina, ajudo a tantas pessoas, diz dona Lili

Com 36 anos de trabalho com a saúde, Dona Lili, a vacinadora mais antiga em exercício.

Em 21/09/2021 Referência CCNEWS, Redação Multimídia

Foto: Deborah Hemerly-Secom/PMS

Dona Lili é um dos braços fortes, incansáveis e atuantes na Campanha Nacional de Vacinação contra a covid-19, em Serra.

Você conhece a Elizélia Rosaura Costa Bicalho? Não? E a Dona Lili? Ufa! Certeza de que, se um dia você foi à Unidade Regional de Saúde de Jacaraípe, Serra, para tomar vacina, deve ter topado com ela por lá. Impossível não reparar nessa mineirinha de 68 anos, que desfila simpatia pelos corredores da unidade.

Com 36 anos de trabalho com a saúde, Dona Lili, a vacinadora mais antiga em exercício do município, nem pensa em se aposentar. E ainda coloca essa decisão nas mãos de Deus, como em tudo na sua vida.

“Eu amo tanto, mas tanto vacinar, que eu falei que o dia que eu parar vai ser o dia em que o Senhor quiser. Através da vacina, ajudo a tantas pessoas”, se declarou, em um bate-papo com a Secom.

Dona Lili é um dos braços fortes, incansáveis e atuantes na Campanha Nacional de Vacinação contra a covid-19 em Serra. Com ela não tem tempo ruim: na hora de entrar em cena, coloca seu equipamento de proteção individual (EPI) sob uma touquinha fofa combinado com uma segunda máscara, e começa a sorrir com os olhos. Um encanto!

“Quer ver quem eu realmente sou? Venha e acompanhe meu trabalho” convidou a mineirinha de João Monlevade, que é viúva há sete anos, mãe de três filhos e madrinha de um bocado de gente que já passou pelas suas mãos, nas salas de vacina da vida.

Me conta: já são quantos anos como vacinadora?

No total, entre a Prefeitura da Serra e o Ministério da Saúde (MS), já são mais de 30 anos. Comecei em Minas, trabalhando no MS. Eu vim pra cá em 1983. Sempre digo que foi numa situação super especial. Eu acho o seguinte: a gente faz um plano, e Deus faz outro. Nessa época, eu trabalhava como visitadora sanitária, isso em Paracatu. Já tinha cinco anos, e eu não pretendia sair. De repente, meu marido veio para o Espírito Santo para trabalhar na Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST), e eu acabei pedindo demissão. Deus tem me abençoado, isso que é importante.

Pelo visto, é aberta às mudanças?

Mesmo que você não escolha estar naquele lugar, mesmo que você não tenha planos, quando Deus tem, tudo vai bem.

Considera-se uma pessoa de muita fé? Faz questão de trazer toda essa sua fé para seu trabalho?

Graças a Deus. Sim. Meu trabalho seja na vacina como quando visitadora, eu sempre procurei ser o mais humana possível. Sempre busquei atender às pessoas. E, às vezes, estou na sala, estou vacinando, e a pessoa nem quer a vacina. Ela só quer uma palavra. Deus me ajuda nessa hora, dando a palavra que essa pessoa precisa. Depois as pessoas me ligam agradecendo. E sempre digo e repito: sem Deus eu não sou nada. Não adianta você ter nada, porque estamos aqui e, em um minuto, já era.

Em tempos de pandemia, isso fica ainda mais evidente. Não é?

Você está aqui nesse mundo não é para você. Se você não serve para servir, não serve para viver. Devemos sentir isso. Ajudar ao próximo com verdade. É para isso que estamos aqui. Meu trabalho vai muito além da vacina.

Perdeu alguém próximo para a Covid-19?

Minha madrasta. Nem pude ir ao seu sepultamento. Ela era uma “mãedrasta” para mim. Fiquei arrasada. Perdi muitas colegas. Quando recebi a minha primeira dose, eu nem queria! (Risos). O governador me fez tomar (risos).

Como nem queria? Governador? Como assim?

Menina! Eu fui lá ao Jayme (hospital Jayme dos Santos Neves) para o início da vacinação contra a Covid-19. Fui convidada. Aí ele (Renato Casagrande) chamou meu nome e pensei na hora “oba! Vou vacinar o povo!” (risos). Mas, não! Ele disse: “A senhora que será vacinada!”. Respondi, baixinho. De máscara, né, você pode falar o que quiser: “Eu vou vacinar! Vocês estão pensando o quê? Eu vim para vacinar o povo! Vou dar uma de doida aqui e sair correndo, mas vocês não vão me pegar para vacinar”. Até esqueci que aquelas pessoas eram o governador e o secretário de Estado de Saúde. O secretário segurou no meu jaleco (risos), o governador falava: “tire o jaleco e sente ali” (risos). Pensei: “Manda quem pode e obedece quem tem juízo” (risos). Mas, depois logo pensei: “Poxa, vida! Tanta gente morreu e não teve essa oportunidade. Lembrei-me da minha madrasta. Se essa vacina tivesse chegado um pouquinho antes, quem sabe ela não estaria aqui.

O que mais pensou, enquanto era vacinada?

Meu Deus! Eu brigando, que eu não quero... Mas que coisa! Senhor, me perdoa. Pensava: “Eu tenho mais é que agradecer. Senhor lembra que eu falava que eu não tomava essa vacina? E, no outro dia, Senhor, eu estava lá. E tomei!” E até hoje eu nunca tive nada.

Quais outras lições que essa pandemia deixou para você? Ou que ainda deixa, não é?

Minha maneira de ser sempre foi essa. Então, a pandemia, para mim, trouxe mais é sofrimento mesmo. O que me fez chegar ainda mais perto de Deus. Eu acho que a vida é um sopro. Se você pode sorrir, se você pode cantar, se você pode ajudar, vamos fazer? É agora! Não vamos mandar voltar amanhã. O amanhã não existe. Existe o aqui e o agora. (Secom/PMS)

 

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