CIÊNCIA & TECNOLOGIA

Embriões híbridos de rinoceronte extinto são criados em laboratório

A conquista pode possibilitar a preservação da subespécie.

Em 05/07/2018 Referência JCC - Agencia EFE (Foto: AFP )

Embriões híbridos do rinoceronte-branco do norte - condenado à extinção após a recente morte do último macho - e de uma subespécie relacionada foram criados por meio de tecnologias de reprodução assistida dentro de um laboratório, revelou um estudo publicado nesta quarta-feira no portal "Nature Communications".

Este foram os primeiros embriões híbridos criados através de fecundação 'in vitro' que chegaram à etapa de blastocisto - com 5 ou 6 dias de desenvolvimento - com uma estrutura celular complexa.

A conquista pode possibilitar a preservação da subespécie, cujo último macho morreu em março. Com isso, restam agora apenas duas fêmeas, que vivem no Quênia.

O projeto de reprodução assistida, liderado por Thomas Hildebrandt, do Instituto Leibniz de Pesquisa para Zoológicos e Vida Selvagem, na Alemanha, começou com a coleta de óvulos de exemplares do mamífero - tanto da subespécie rinoceronte-branco do norte como a do sul - graças a um aparelho de quase dois metros de comprimento de implantação transretal.

A pesquisa ganhadora do Nobel de Fisiologia ou Medicina de 2012, de Shinya Yamanaka, que descobriu que as células maduras podem ser reprogramadas para se transformarem em pluripotentes, permitiu um novo enfoque ao combinar as "tecnologias de reprodução assistida com a coleta de óvulos", disse Hildebrandt em entrevista coletiva.

Os cientistas obtiveram esperma descongelado de machos do rinoceronte em perigo e fertilizaram óvulos da subespécie mais próxima, o branco do sul, por meio de uma injeção intracitoplásmica de esperma.

Os embriões híbridos resultantes se desenvolveram até a etapa de blastocisto e foram congelados para uma possível implantação em fêmeas da subespécie do sul no futuro.

Um próximo passo será ir ao Quênia para coletar óvulos das duas fêmeas restantes do norte e criar novos blastocistos onde tanto o óvulo como o esperma sejam da mesma subespécie.

Para fazer com sucesso o processo de implantação - inseminar os embriões congelados nas fêmeas -, a equipe contará com "pouco mais de um ano", segundo palavras de Hildebrandt, já que a gestação destes mamíferos dura 16 meses.