MEIO AMBIENTE

Enchente no ES contribuiu para seca do Rio Doce, diz engenheiro

Terra de encostas caíram no rio e provocaram assoreamento.

Em 10/10/2014 Referência JCC

O Rio Doce, que corta mais de 25 municípios do Espírito Santo, está passando por uma das maiores situações de seca da história. O nível de água está tão baixo que já está difícil fazer a capacitação para distribuir aos moradores. De acordo com o engenheiro agrônomo Abraão Elesbon, as fortes chuvas que fizeram o rio transbordar em dezembro de 2013 contribuíram para a atual situação, pois ocorreu assoreamento. Problema é intensificado pela falta de chuvas nesta época do ano. Um expedição, formada por pesquisadores, ambientalistas, pescadores e biólogos, está percorrendo o rio em busca de soluções para o problema.

Os moradores contam que a cada dia o Rio Doce está mais estreito e mais raso, o que dificulta a navegação até para barcos menores. "Mesmo com barco de madeira. não dá para andar em lugar nenhum nesse rio. Nunca vi o Rio Doce desse jeito. Nunca vi mesmo", disse o pescador João Passos.

Na propriedade do agricultor Lourival de Melo, o rio costumava passar por trás da residência dele. O produtor rural usava a água para irrigar a plantação de café, mas agora o rio está completamente seco, tanto que é possível andar pela parte assoreada. "Passava muita água. Mesmo nas épocas que ficava mais seco, ainda tinha muita água. Hoje só vemos areia. Está sequinho, sem nada", contou.

Seca após enchente
As regiões Norte e Noroeste do Espírito Santo, que hoje sofre com a seca, viveu o oposto no fim do ano passado, quando o Rio Doce transbordou, invadindo plantações e cidades. Foi uma das maiores enchentes que já atingiram o estado.

De acordo com especialistas, o cenário de seca pode ser consequência da enchente, pois depois da inundação, o Rio Doce ficou bem mais assoreado. Boa parte da terra que deslizou de encostas e barrancos foi para o fundo do rio. "A quantidade de sedimentos foi muito grande, que desceram de encostas, e tudo foi parar no Rio Doce. A calha do rio de hoje é totalmente diferente da calha do rio em outubro do ano passado", disse o engenheiro agrônomo Abraão Elesbon.

O rio também não tem recebido muita água da chuva. A região passa pela maior estiagem desde 1976. No município de Baixo Guandu, na região Noroeste, a Hidrelétrica de Mascarenhas só está funcionando com uma das quatro turbinas, mas apesar disso a geração de energia não está comprometida.

Em Colatina, município vizinho, o volume de água do rio não chega a 15% do normal. Ela está passando por baixo dos canos por onde deveria entrar para ser distribuída aos moradores. A solução foi implantar bombas flutuantes que fazem a captação da água nas partes mais profundas. "É o jeito, se não tivessem essas bombas flutuantes, Colatina estaria sem água", disse o diretor do serviço de saneamento, Antônio Demoner.

A prefeitura também pede a colaboração dos moradores, na redução dos gastos. Nas contas agora também aparece um apelo, pedindo a economia de água. "Saiu a enchente e ficou a seca. A água foi só sumindo, sumindo, e ficou desse jeito", falou o aposentado Mário Chieppe.

Expedição
Um expedição, formada por pesquisadores, ambientalistas, pescadores e biólogos, está percorrendo o Rio Doce em busca de uma solução para o problema. Eles saíram de Minas Gerais, onde fica a nascente do rio, e vão até o município de Linhares, no Norte do Espírito Santo.

Fonte: G1-Espírito Santo