MEIO AMBIENTE

Expedição faz diagnóstico do Rio Doce no ES

Especialistas levantaram informações sobre o maior rio do estado.

Em 10/11/2014 Referência JCC

Diante da seca histórica do Rio Doce, uma expedição cientifíca foi realizada para explorar o maior rio do Espírito Santo. O objetivo é levantar informações que vão ajudar na elaboração de um diagnóstico a respeito da atual situação do rio. Em sete dias de expedição, especialistas viajaram 160 km pelos municípios de Baixo Guandu, Colatina e Linhares. Em uma primeira análise, a equipe constatou que serão muitos os desafios para a recuperação do rio. Esta é a primeira matéria da série de reportagens sobre a Expedição Rio Doce.

Antes de iniciar a viagem, os especialistas foram até Governador Valadares, em Minas Gerais, para conhecer os problemas do Rio Doce na região. A pensionista Sônia dos Santos Pereira mora há 35 anos na cidade e contou que antes era possível tomar banho no rio. "Era mais cheio, era mais limpo. Tinha água brotando da nascente. Era muito bonito. Tem que rezar pra tudo, pro rio também", disse.

Governador Valadares é a maior cidade de Minas Gerais localizada às margens do Rio Doce. Todo o esgoto produzido pelos quase 277 mil habitantes são despejados diretamente no rio. O material que sai pelas manilhas é somado ao lixo espalhado pela calha. Para resolver o problema, foi criada uma lei em Minas Gerais para cobrar pelo uso da água. Quem capta ou desvia o curso do rio, ou lança esgoto, tem que pagar uma taxa.

Desde quando a cobrança começou a ser feita, já foram arrecadados cerca de R$ 20 milhões. A verba deve ser usada em projetos de preservação do rio. Para o diretor da agência responsável pela cobrança, Ricardo Valory, o valor é pequeno para o tamanho do problema. 

"O quadro de degradação vem de muitos anos, desde o descobrimento do Brasil. Você reverter um processo de degradação é lento, é caro. Quando você paga, você controla o uso, você não tem um desperdício. E por outro lado, esse recurso volta para a bacia para investimento nos programas de melhoria da qualidade da água", afirmou o diretor.

Segundo Valory, a construção desordenada de estradas viscinais também contribuiu para o assoreamento do Rio Doce. "A gente tem estudos que apontam que cerca de até 80% dos sedimentos que originam o assoreamento vem dessas estradas", concluiu.

Diagnóstico
O diagnóstico encontrado no Espírito Santo poderá ser usado como um parâmetro para a preservação do rio também em Minas Gerais. Na antiga propriedade da família do fotógrafo Sebastião Salgado, o Instituto Terra foi criado e do local saem mudas usadas no reflorestamento das margens do Rio Doce.

Expedição
Entre as cidades de Aimorés e Baixo Guandu, a equipe da expedição se preparou para colocar os barcos na água. Em alguns minutos, todas as embarcações avançaram pelas margens do rio. Os barcos foram comandados pelos pilotos da Associação de Pesca Esportiva de Colatina.

O trabalho do primeiro dia de expedição começou nas barragens da hidrelétrica de Aimorés. Um aparelho acoplado a uma prancha mediu a vazão da água. "Esse trecho já teve 10 vezes mais água que já teve aqui, por causa dessa hidrelétrica que foi implantada", explicou o professor do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), Abrahão Elesbon.

 

Um outro aparelho mediu a qualidade da água. "Nessa área que nós fizemos as primeiras análises não temos sentido muita interferência na qualidade da água, mas a gente tem uma pré-disposição que daqui para baixo a situação está mais complicada", afirmou a professora do Ifes Josiana Laporti.

Fonte: G1-Espírito Santo