SAÚDE

Fila de transplantes de córnea disparou no Brasil, diz ABTO

Levantamento aponta falhas no tratamento do ceratocone que são 70% dos transplantes.

Em 24/01/2023 Referência CCNEWS, Redação Multimídia

Foto: Instituto de Moléstias Oculares

Foi realizada com 315 portadores da doença que geralmente aparece na infância ou início da adolescência.

A fila de transplantes de córnea disparou entre 2012 e 2022 no Brasil. Os relatórios da ABTO (Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos) revelam que até setembro de 2012, 18.165 brasileiros buscaram pela cirurgia, 11.744 foram transplantados e 6.451 permaneceram na fila. No mesmo período do ano passado, última atualização de dados, 25.828 se cadastraram na ABTO, desses 10.184 passaram pelo transplante e 15.644 permaneceram na fila. Significa que a “fila zero” alcançada em 2012 mais que dobrou em 10 anos e está longe de retomar ao patamar anterior. A pandemia de covid-19 influiu neste retrocesso, mas os relatórios mostram que as doações de córnea também diminuíram.

O pior é que um levantamento conduzido pelo oftalmologista Leôncio Queiroz neto, presidente do Instituto Penido Burnier de Campinas, São Paulo, aponta seis falhas que podem aumentar o número de pacientes que precisam do transplante, último recurso para impedir a perda da visão entre portadores de ceratocone.  Foi realizada com 315 portadores da doença que geralmente aparece na infância ou início da adolescência. O ceratocone, explica,  afina a córnea,  faz com que tome o formato de um cone e no Brasil responde por 7 em cada 10 transplantes.  

Falhas no tratamento

1.    Coçar os olhos. Metade dos participantes afirmaram que são alérgicos. Queiroz Neto explica que muitas alergias acabam se manifestando nos olhos de quem tem ceratocone. Além disso, explica, a doença estimula a sensação de coceira com a movimentação da córnea conforme suas fibras se fragilizam e fazem a curvatura tomar o formato de um cone. O problema é que quanto mais os olhos são coçados, maior é o enfraquecimento do colágeno da córnea e a progressão da doença. Para reduzir as crises, a dica do especialista é resfriar os olhos com aplicação de compressas frias de duas a três vezes ao dia e usar colírio antialérgico prescrito por um oftalmologista.

2.    Negligência na lubrificação. Entre os participantes 24% afirmaram ter olho seco, contra 12% do restante da população. O oftalmologista explica que na falta de lágrima a exposição da superfície do olho às impurezas pode provoca coceira ainda maior. A boa notícia é que desde 2019, está disponível no Brasil uma ferramenta de diagnóstico eletrônico do olho seco que permite detectar qual camada da lágrima está deficiente para prescrição de  um tratamento preciso, salienta. Por isso, este exame deveria ser incorporado ao acompanhamento médico de todos os portadores de ceratocone.

3.    Falta de um par de óculos. A maioria dos portadores de ceratocone só atinge boa correção visual com lente de contato rígida. O problema é que o levantamento mostra que só 39% dos que precisam usar lente de contato também têm óculos de grau.  Queiroz Neto afirma que os óculos não podem ser descartados nem quando o uso não fornece boa correção visual. Isso porque, pode ocorrer inflamação na córnea ou uma conjuntivite e nestes casos o uso de lente de contato deve ser interrompido até a completa recuperação dos olhos..

4.    Mais da metade, 68%, afirmaram que aplicam colírio sobre a lente de contato. Segundo o especialista este comportamento diminui a vida útil da lente. Isso porque, facilita a formação de depósitos que deformam suas bordas. Todo colírio, ressalta, só deve ser instilado diretamente sobre a córnea, sem tocar o bico dosador no olho.

5.    Um em cada dois pacientes guardam a lente de contato no banheiro. Queiroz Neto ressalta que é um erro porque é o ambiente da casa com maior número de bactérias e isso facilita a contaminação das lentes. O ideal é guardar o estojo em um local limpo e seco, pontua.

6.   Um e cada quatro só consultam o oftalmologista quando sentem alguma alteração nos olhos. “As consultas periódicas são a porta de entrada para manter a visão”, afirma. O ceratocone é uma doença agressiva e por isso precisa de acompanhamento periódico, muitas vezes em curtos espaços de tempo que variam conforme o estágio da doença e avaliação médica, explica.

Prevenção

O oftalmologista alerta que quando um dos pais tem ceratocone, a criança tem síndrome de Down ou é alérgica deve passar por consulta oftalmológica o quanto antes. Isso porque ,é na infância que o ceratocone é mais agressivo e  a aplicação na córnea do crosslinking, uma associação de riboflavina, vitamina B2,  associada à radiação ultravioleta,  interrompe a progressão da doença em 85% dos casos.

“Outro tratamentos que pode impedir o transplante de córnea é o implante de anel intraestromal que aplana o formato da córnea e torna o uso das lentes de contato mais confortável”, explica.

Para quem não se adapta ao uso de lentes rígidas indicadas para ceratocone moderado e avançado, a adaptação de lente de contato escleral que se  apoia na esclera, parte branca do olho, invés de ficar sobre a borda da córnea também pode evitar o transplante, conclui. (Por Eutrópia Turazzi, da LDC Comunicação)

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