POLÍTICA NACIONAL

Guedes minimiza demissões e defende gastar um pouco mais

Em coletiva de imprensa ontem (22), ministro Paulo Guedes falou de "licença para gastar.

Em 23/10/2021 Referência CCNEWS, Redação Multimídia

Foto: REUTERS/Adriano Machado - Foto: Reuters

Ao lado de Bolsonaro, ministro afirmou que a economia brasileira é "forte o suficiente" para segurar despesa extra do Auxílio Brasil.

Em coletiva de imprensa nesta sexta-feira (22), o ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a falar de "licença para gastar" mesmo após a reação negativa do mercado, que levou a uma crise no Poder e até a boatos de sua demissão. Ao lado do presidente Jair Bolsonaro, em uma prova de que permanece firme no governo, Guedes justificou a pressão no teto de gastos e garantiu que a economia brasileira é "forte o suficiente para segurar isso".

Guedes iniciou a coletiva explicando que o plano do governo era reajustar o Bolsa Família tendo a reforma do Imposto de Renda como fonte, mas a matéria 'empacou' no Senado; além disso, a questão dos precatórios diminuiu ainda mais o que o governo pensou que poderia contar no orçamento.

"Chegou o que eu chamei de 'meteoro', tínhamos que pagar muito mais do que estava previsto e daí foi preciso tomar uma decisão. Íamos inviabilizar o programa social? Não. Fomos conversar com o Congresso e elaboramos a PEC dos precatórios, que permite a grandes devedores ajudar o Brasil", explicou.

Até os efeitos da PEC - que ainda tramita no Congresso - trazerem resultado, Guedes falou que é possível gerar déficit agora e pagar depois.

"Não é uma despesa adicional. É gastar um pouco mais agora e pagar depois (...) estamos de olho nos limites, isso não é uma libertação, falta de compromisso, sair ou rever o teto, não é isso o que está acontecendo. O programa é temporário, a arrecadação subiu muito e podemos usar esses recursos no futuro".

"Eu detesto furar o teto, não gosto de furar o teto, mas não estamos aqui só para tirar [nota] 10 no fiscal", acrescentou.

Segundo o ministro da Economia, esse gasto extra "não altera o fundamento fiscal da economia brasileira".

"Os fundamentos são sólidos; o que vamos fazer é reduzir o ritmo do ajuste fiscal, ou seja, ao invés de zerarmos o déficit ano que vem, nós teremos déficit de 1% ou 1,5%; não faz mal. Preferimos isso a não atender aos mais frágeis", pontuou. "A economia brasileira é forte suficiente para segurar isso. Eu seguro isso, não tenho problema com isso".

O ministro atribuiu ainda à "falta de comunicação" o "barulho" que gerou na mídia e nos mercados suas falas sobre o teto de gastos.

"Falta de comunicação do nosso lado e certa falta de boa vontade e tolerância conosco", detalhou.

Paulo Guedes afirmou também que "deve haver uma linha do meio" entre austeridade e compromisso com as futuras gerações.

"Nós entendemos que o teto é símbolo de austeridade, mas não vamos deixar que milhões passem fome para tirar [nota] 10 em austeridade fiscal". Ele acrescentou ainda que, pela ala política, o Auxílio Brasil seria de R$ 500 ou R$ 600. “Aí não dá, tem limites", respondeu.

Demissões

Paulo Guedes comentou ainda a ‘debandada’ em sua equipe após as declarações sobre “licença para gastar” acima do teto. O ministro considerou as demissões como “natural”. Pedidam exoneração o secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, sua adjunta, Gildenora Dantas,  o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, e seu adjunto, Rafael Araujo.

“Um [que saiu] era do Tesouro, o outro da Fazenda. Eles queriam R$ 300 [para o auxílio] e a ala política queria mais", explicou.

O ministro colocou ainda um fim aos rumores de que ele próprio deixaria o cargo.

"Eu não pedi demissão e em nenhum momento o presidente sugeriu coisa parecida", concluiu. (Por Karen Lemos - Portal Terra)

Leia também:

Senado aprova auxílio a santas casas e hospitais filantrópicos
Após ameaça ao teto, 4 secretários de Guedes pedem demissão
Crimes podem levar Bolsonaro a 78 anos de prisão, diz Randolfe
Relator da CPI vê um atraso deliberado na compra de vacinas
Bolsonaro nega ter culpa pela crise: "Ache um cara melhor"
Governo sanciona lei que cria autoridade de segurança nuclear
Promessa de Bolsonaro sobre luz não tem como ser cumpridA
CPI da Covid deve acusar Bolsonaro por 11 crimes, diz jornal
Projeto que muda a cobrança do ICMS é questionável no STF
Câmara aprova crédito suplementar de R$ 235,3 milhões

TAGS: 
GUEDES | TETO | DEMISSÕES | CRISE | REAÇÃO | NEGATIVA