EDUCAÇÃO

Para não perder alunos, escolas tentam limitar o reajuste

As unidades dizem ter registrado alta nos custos de operação.

Em 16/11/2020 Referência CCNEWS, Redação Multimídia

Foto: Marcos Sandes

Sindicatos que representam as escolas particulares têm orientado que as instituições aumentem o mínimo possível ou evitem reajustes se puderem.

Em meio à pandemia, escolas particulares tentam limitar o reajuste de suas mensalidades à inflação e dão descontos para reter estudantes. As unidades dizem ter registrado alta nos custos de operação, para adequações sanitárias e tecnológicas, mas temem que aumentos elevados no preço das parcelas afastem os estudantes.

Sindicatos que representam as escolas particulares têm orientado que as instituições aumentem o mínimo possível ou evitem reajustes se puderem. 

Outro grupo, o Apoio Estratégico, que atende mais de mil escolas, diz que os aumentos têm ficado entre 3% e 5% e não cobrem gastos deste ano com ensino remoto, reformas e materiais.

“Se fosse seguir só a planilha de custos, as escolas chegariam a até 9% de reajuste, mas não dá para repassar isso em um ano de covid”, diz Ivan da Cunha, diretor de Consultoria da Apoio Estratégico.

Segundo Benjamin Ribeiro, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino (Sieeesp), parte das unidades só deve comunicar o reajuste na última hora, em dezembro. A recomendação é de que se aguarde definição sobre a reforma tributária que tramita na Câmara dos Deputados. Caso aprovada, a alíquota sobre as mensalidades pode subir de 3,65% para 12%. “Nesse caso, a escola vai ter de repassar.”

Por lei, as escolas têm de comunicar o aumento no máximo 45 dias antes do prazo final para a matrícula. Se a proposta de reforma tributária não for votada no fim deste ano, a recomendação de Ribeiro que é as escolas não reajustem ou aumentem o mínimo. “É hora de manter os alunos e ajudar as famílias.”

A mesma orientação tem sido dada pelo Semeei, que representa as escolas da educação infantil, as mais afetadas pela crise, com perda de receitas de até 80%.

“Elas já perderam muito. Não faz sentido pensar em aumento real de mensalidade”, diz Eliomar Pereira, do Semeei. Segundo ele, as escolas de educação infantil devem reabrir com apenas 60% dos alunos que tinham antes da crise.

Troca. Analistas do setor dizem que há tendência maior de troca de escolas neste ano e que as unidades com mensalidade mais baixa já estão perdendo alunos para a rede pública. 

A empresária Rose Gonzalez, de 54 anos, optou por trocar a filha de escola depois de conseguir descontos mais vantajosos em outros colégios. A menina, que vai ingressar no ensino médio, estudava em uma escola de ponta na zona sul paulistana e se mudará para outra de porte semelhante na mesma região.

“Muitas estão com descontos, vi escolas boas. Antigamente, quando você ia fazer a matrícula ninguém tinha desconto no ensino médio”, afirma. (Colaborou Marcela Coelho - Estadão - Com informações do jornal O Estado de S. Paulo)