ESPORTE NACIONAL

Paulo Baier ensina os segredos da cobrança de falta.

Dependendo da posição da cobrança, o que muda é apenas a força aplicada no chute.

Em 25/10/2014 Referência JCC

O ritual é sempre o mesmo: ele posiciona a bola com o birro para cima ("Para pegar mais aderência", como faz questão de destacar) na marca determinada pelo árbitro e em seguida dá exatos três passos espaçados para trás. Dependendo da posição da cobrança, o que muda é apenas a força aplicada no chute, que deve ser sempre no meio da bola. O gol convertido, que geralmente acontece após esse roteiro, é resultado das muitas horas de treinos realizados ainda na infância por Paulo Baier, que tinha o pai como treinador nas horas vagas depois do trabalho duro no campo.

- Eu tinha uma goleira (uma baliza) atrás de casa, e ele exigia de mim: "Pai, como é que se cobra a falta? Como é que se cobra um pênalti?". Então eu batia, mostrava para ele como era e depois eu ficava no gol para ele bater. E assim a gente ia treinando. Eu trabalhei ali muito com ele, até ele chegar a uma idade que ele seguiu em frente - relembra Elemar Baier, mais conhecido como seu Nani, um ex-jogador amador que fez história com sua habilidade nos torneios disputados na região de Ijuí, cidade rural a 400km de Porto Alegre.

Após virar jogador profissional, Paulo Baier manteve o gosto por treinar e aperfeiçoar as cobranças de falta. Com cerca de 20 anos de carreira e reconhecido como excelente cobrador, ainda hoje o meia do Criciúma sempre reserva alguns minutos para aprimorar as valiosas dicas de seu pai ao fim de cada sessão de treinamento.

- Meu pai sempre foi bacana em relação ao incentivo, foi ele quem me proporcionou isso - afirma o maior artilheiro da era dos pontos corridos do Campeonato Brasileiro.
E no clã Baier, Paulo não foi o único que absorveu as técnicas de cobrança de falta do patriarca. Seu irmão Éder, que chegou a atuar como profissional em clubes do interior gaúcho, também mostrou essa habilidade nos gramados. 

- No campo do Grêmio de Ajuricaba (cidade próxima a Ijuí), teve uma falta no meio de campo, e o Éder foi cobrar. Aí eu gritei para ele, "Éder, toma uns quatro metros de distância e bate com força no meio da bola". Tinha uns colegas meus assistindo à partida comigo que começaram a dizer que ele iria errar, que era melhor ele tocar para alguém. Eu fiquei quieto e só esperei ele bater. Mesmo com pessoal gritando contra, ele pegou a bola e fez como eu disse. Ele acertou a bola e fez um belo gol. Em seguida, eu só olhei para os meus amigos e sorri - conta seu Nani.
 

Por Globoesporte.com