ECONOMIA NACIONAL

PEC dos precatórios prevê parcelar dívidas acima de R$ 66 mi

Guedes disse que o governo prepara uma PEC para estabelecer critérios para precatórios.

Em 03/08/2021 Referência CCNEWS, Redação Multimídia

Foto: © Marcelo Camargo/Agência Brasil

O esboço da PEC, segundo o ministro Paulo Guedes, prevê, primeiro, o pagamento integral e instantâneo das requisições de pequeno valor, dívidas até R$ 66 mil.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse hoje (3), em Brasília,  que o governo prepara uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) para estabelecer critérios e limites de pagamento de precatórios. Os precatórios são as dívidas contraídas pelos governos, em todas as esferas, quando são condenados em instância final pela justiça a pagar a pessoas físicas ou jurídicas.

O esboço da PEC, segundo Guedes, prevê, primeiro, o pagamento integral e instantâneo das requisições de pequeno valor, dívidas até R$ 66 mil. No outro extremo, estão o que o ministro chamou de superprecatórios, dívidas acima de R$ 66 milhões. Nesse caso, o pagamento seria parcelado com entrada de 15%, mais nove prestações iguais anuais.

“Não haverá calote”, destacou o ministro da Economia. “E os mais vulneráveis serão inteiramente preservados”, disse.

No caso dos superprecatórios, a ideia é que a nova regra de parcelamento dê uma previsibilidade orçamentária para os próximos anos. Segundo Guedes, a proposta também será trabalhada dentro do teto dos gastos públicos.

Guedes participou na manhã desta terça-feira de um seminário virtual sobre as dívidas judiciais e o ajuste fiscal, realizado pelo jornal Poder360, em parceria com o Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP). O evento também contou com a presença do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes.

Ontem (2), Paulo Guedes participou de uma reunião com outros ministros para tratar da PEC, que também contou com a presença dos presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco. O ministro da Economia disse que também já conversou com o presidente do STF, Luiz Fux, e que é importante ter esses respaldos político e jurídico.

Fonte de recursos 

A limitação de pagamento de precatórios também deve ser semelhante para estados e municípios. Uma das propostas, segundo Guedes, é estabelecer um percentual anual da receita corrente líquida do ente federativo, em torno de 2,5%. “Dentro desse limite que dê para pagar todas as requisições de pequeno valor e ainda sobre espaço para pagar mais, vamos subindo até R$ 70 mil, R$ 100 mil, R$ 200 mil”, exemplificou.

“Achamos que todas as sentenças menores de R$ 450 mil serão pagas à vista, pelo menos nos próximos anos. Isso nos dá muito conforto”, garantiu, reafirmando que os superprecatórios já seriam parcelados automaticamente.

A novidade, segundo o ministro, é a proposta de usar programas de privatização como moeda de pagamento. “Podemos criar um fundo patrimonial para acelerar o pagamento desses precatórios”, disse. 

“Quando o ritmo de criação de obrigações é maior que a nossa capacidade de pagamento, temos que fazer como todos fazem, você vende o carro para pagar uma dívida e continuar solvente”, explicou.

Para o ministro, o fundo de precatórios permite a separação de gastos extraordinários como esse, ajudando na manutenção do teto de gastos, e é uma garantia de pagamento a quem tem direito. “Se tem estatais a serem vendidas, se existem fundos do setor privado que compram esses direitos [compram os títulos das dívidas], que isso seja usado para alavancar a transformação do Estado brasileiro”, disse. 

“Então, esses direitos estão muito longe de ser calote, são um título, uma exigibilidade contra o governo. “Devo, não nego, pagarei assim que puder, inclusive estou criando esse fundo para que, vendendo as estatais, vocês possam usar o mais rápido possível', como era a intenção desses grupos que andaram acumulando essas dívidas”, assinalou.

Uma alternativa a ser estudada, segundo o ministro da Economia, é o leilão de precatórios, para aqueles que tiverem urgência em receber a dívida. Nesse caso, ela é oferecida com deságio (abaixo do valor) e, se o governo tiver alguma sobra no orçamento, uma vez atendidas as requisições de pequeno valor, pode fazer o pagamento.

Meteoro

Paulo Guedes disse que o Executivo foi atingido por um “meteoro” com a previsão da Justiça de gastos em torno de R$ 90 bilhões com o pagamento de precatórios em 2022. 

“Meteoro porque o número extrapolou qualquer possibilidade de previsões do nosso lado”, afirmou. “Algo que, para ser cumprido, paralisaria todas as outras atividades do governo”, completou, explicando que o orçamento da União hoje para despesas não obrigatórias é de R$ 96 bilhões.

Segundo o ministro, nos anos 2010, os gastos com precatórios ficavam em torno de R$ 15 bilhões a R$ 16 bilhões. Nos últimos três anos, esse valor subiu para mais de R$ 40 bilhões e a previsão para o ano que vem era chegar a R$ 57 bilhões. “O salto me surpreendeu”, disse.

“O que me preocupa é a dimensão fiscal em si. Você me pergunta se dormimos no ponto. Possivelmente sim. O governo em alguma coisa falhou porque nós sabíamos. Eu reclamei do ritmo de crescimento [dos precatórios], mas não havia o que pudéssemos fazer, porque vem de instâncias as quais não temos alcance, a não ser conversando, que é o que estamos fazendo”, finalizou. (Por Andreia Verdélio – Agência Brasil)

Leia também:

Aneel mantém bandeira vermelha nível 2 nas contas de luz
Taxa de desemprego no Brasil foi à 14,6% no último trimestre
Brasil gerou 309 mil empregos formais em junho, diz Caged
Confianças do comércio e serviços sobem em julho, diz FGV
Simples Nacional será isento da taxação de dividendos
Mercado financeiro eleva projeção da inflação para 6,56%
Produção de aço bruto do Brasil cresce 24% no 1º semestre
Reforma tributária é fundamental, diz presidente da CNI
Intenção de consumo das famílias segue crescendo, diz CNC
Vendas no comércio cresceram 10,1% no primeiro semestre
11% dos trabalhadores fizeram home office ao longo de 2020
Retomada da economia mostra patamares pré-crise, diz Adolfo
Setor de serviços cresceu 1,2% em maio, diz pesquisa do IBGE
Confiança do empresário industrial subiu em julho, diz CNI
Projeção do PIB de 2021 passa para +5,26%, aponta Focus
Publicada MP que abre crédito a micro e pequenas empresas
Governo prorroga auxílio emergencial por mais três meses
Focus projeta Selic de 6,50% em 2021 e de 6,75% em 2022
Brasil criou 280,6 mil postos de trabalho formal em maio
IIE: Incerteza da economia brasileira voltou a subir em junho
Desemprego no Brasil mantém recorde de 14,7%, diz IBGE
Sebrae: pequenos negócios têm maior taxa de mortalidade
Mercado financeiro critica proposta que muda tributação
> Atividade e emprego em queda na indústria da construção
Confiança da construção cresce 5,2 pontos em junho, diz FGV

TAGS:
EMPREGO | CAFÉ | PIB | ECONOMIA | PEQUENOS | PRODUÇÃO | INDUSTRIA | PRÉ-SAL | SELIC