CIÊNCIA & TECNOLOGIA

"PES 2016" ainda tropeça, mas dá novos passos rumo a futebol mais real.

Game foi lançado para PlayStation 4, Xbox One, Xbox 360, PS3 e PC.

Em 22/09/2015 Referência JCC

Vamos falar de "Pro Evolution Soccer" usando uma analogia bem futebolística. Se no começo da década de 2000 a série da Konami era rápida, gostosa de ver jogar e surpreendente como o Barcelona de Pep Guardiola, nos últimos anos ela se transformou na seleção brasileira da Copa de 2014: sem padrão de jogo, dependente de uma única estrela, abalada emocionalmente e apoiada no peso da camisa.

"PES 2014" foi o pior jogo da franquia em tempos, e "PES 2015" salvou a franquia do rebaixamento com um retorno às origens de "Winning Eleven" – partidas rápidas, simples e que se importavam menos em simular o esporte e mais em simplesmente divertir. Funcionou como o retranqueiro, mas efetivo, Brasil da Copa de 1994.

"PES 2016", lançado na terça-feira (15), é a consolidação desse momento mais otimista para a série. Apesar de ainda tropeçar, a edição deste ano mais acerta do que erra, mantendo o espírito "arcade" de "PES", mas dando mais alguns passos de bebê rumo a um game mais simulado, imprevisível e semelhante a "Fifa", atual dono do trono.

Mas qual é melhor? 'PES' ou 'Fifa'?

A atual versão da franquia japonesa é a melhor lançada nos últimos anos com toda certeza, mas não deve trazer calafrios à EA, que precisa cometer muitos erros táticos para lançar um "Fifa 16" inferior nos próximos dias.

A Konami aposta em uma aproximação à simulação apresentada no jogo da rival, mas ainda precisa correr muito para alcançar a qualidade de um "Fifa" -- e isso podemos dizer antes mesmo de jogar o título mais atual. Talvez fosse o caso da desenvolvedora focar mais no lado "arcade" de sua franquia e oferecer algo verdadeiramente diferente para seu público.

E os times brasileiros?
O Brasil é um dos poucos mercados no mundo onde a Konami ainda consegue bater de frente com "Fifa". Bote na conta da popularidade de "International Superstar Soccer" e "Winning Eleven" por aqui. Diante disso, nada mais justo do que apostar suas fichas em algo que só o Brasil tem.

"PES 2016" é a segunda edição consecutiva da série a reinar sozinha com todos os times do Campeonato Brasileiro, e neste ano eles chegam junto de quatro clubes da Série B e da exclusividade com Corinthians e Flamengo. "Fifa 16", por outro lado, terá apenas 16 equipes brasileiras.

Mas que fique bem claro. Esses acordos são uma vitória corporativa da Konami, que assegurou que entre 2015 e 2016 apenas o seu produto terá os representantes das duas maiores torcidas de futebol do Brasil.

Os jogadores de videogame, independente da preferência por "PES" ou "Fifa", só saem perdendo. Primeiro porque os clubes agora têm poder de barganha para pedir mais dinheiro no ano que vem, e dificultar ainda mais licenciamentos do tipo. Segundo porque, na melhor das hipóteses, metade dos fãs de games de futebol irá ficar desfalcada de dois grandes times brasileiros.

E não é como se "PES 2016" tivesse sido lançado sem problemas. O exclusivo Flamengo veio sem a dupla de atacantes Emerson Sheik e Paolo Guerrero – para este, inclusive, foi prometida uma capa especial do game.

Equipes importantes, como Fluminense e Grêmio, têm seus elencos compostos inteiramente por jogadores genéricos (assim como "Fifa 16"), impossibilitando os fãs de assumirem o papel de craques do calibre de Fred e Ronaldinho Gaúcho, por exemplo.

Isso sem contar que alguns times, como é o caso do São Paulo, têm uma escalação para a Copa Libertadores e outra para o Brasileiro, o que não ajuda em absolutamente nada, a despeito de detalhes de licenciamento.

No fim das contas, a única diferença real nesse quesito entre "PES 2015" e "PES 2016" é que os nomes e a aparência de vários jogadores que atuam no Brasil já vieram no disco do game deste ano. Então sim, "PES 2016" tem a licença do Campeonato Brasileiro. Mas não, ele não oferece a experiência completa prometida pela Konami. Pelo menos não sem preparar uma atualização via download que pode acontecer ou não.

Fonte: G1