POLICIA

Polícia Federal apreende celular e assessores de Jair Bolsonaro

Bolsonaro declarando-se surpreso com o mandado de busca e apreensão pela PF em sua casa.

Em 03/05/2023 Referência CCNEWS, Redação Multimídia

Foto: Breno Esaki/Metrópoles

Na manhã desta quarta-feira (03), o ex-presidente Jair Bolsonaro foi alvo de uma operação da Polícia Federal que investiga a inserção de informações falsas no banco de dados oficial do Ministério da Saúde sobre vacinação, e três de seus auxiliares mais próximos foram presos.

O ex-presidente Jair Bolsonaro negou nesta quarta-feira (03), que tenha adulterado seu cartão de vacinação e reiterou que não se vacinou contra a covid-19, declarando-se surpreso com o cumprimento de mandado de busca e apreensão pela Polícia Federal em sua casa em Brasília nesta quarta-feira (03), em que teve seu telefone celular apreendido.

O ex-presidente foi alvo de uma operação da PF que investiga a inserção de informações falsas no banco de dados oficial do Ministério da Saúde sobre vacinação, e três de seus auxiliares mais próximos foram presos: o tenente-coronel Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens; Max Guilherme e Sergio Cordeiro, seguranças do ex-presidente que continuam a seu serviço e, inclusive, foram para os Estados Unidos com ele dias antes do fim de seu mandato em dezembro, de acordo com fontes com conhecimento da operação.

“Eu realmente fico surpreso com a busca e apreensão por este motivo… Nunca me foi pedido cartão de vacina em lugar nenhum. Não existe adulteração da minha parte. Eu não tomei a vacina e ponto final”, disse Bolsonaro a jornalistas em frente à sua casa na capital federal após a saída da PF do local.

Bolsonaro teria que prestar depoimento ainda nesta quarta-feira (03) à PF em Brasília, mas seus advogados pediram o adiamento da oitiva, de acordo com uma fonte. O ex-presidente deixou sua casa em Brasília em direção à sede do seu partido, o PL.

Bolsonaro disse que os agentes da PF apreenderam seu celular.

“O meu celular foi levado… foi apreendido. O meu telefone não tem senha. Não tenho nada a esconder sobre nada, não é cartão apenas”, afirmou.

Uma fonte com conhecimento do caso disse que o aparelho da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro também foi apreendido. No entanto, Michelle afirmou em postagem no Twitter que só o celular de Bolsonaro foi levado pelos agentes.

“Apenas o celular do meu marido foi apreendido. Ficamos sabendo pela imprensa que o motivo seria ´falsificação de cartão de vacina´ do meu marido e de nossa filha Laura. Na minha casa, apenas eu fui vacinada”, afirmou.

A operação ainda prendeu mais três pessoas: o atual secretário de Governo da prefeitura de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, João Carlos de Sousa Brecha; um sargento que atuava na Ajudância de Ordens para Bolsonaro; e um terceiro integrante da equipe de segurança do ex-presidente, de acordo com uma fonte com conhecimento dos mandados.

As ações foram cumpridas no âmbito do inquérito das milícias digitais, e autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Em comunicado sobre a operação, que não menciona os nomes dos suspeitos, a PF informou que foram expedidos 16 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva em Brasília e no Rio de Janeiro, além de análise do material apreendido durante as buscas e realização de depoimentos de pessoas que detenham informações a respeito dos fatos.

O deputado Gutemberg Reis (MDB-RJ), irmão do ex-prefeito de Duque de Caxias Washington Reis, foi alvo de um dos mandados de busca e apreensão. A assessoria do parlamentar disse que ele foi “pego de surpresa”, mas “não tem ligação com qualquer suposta irregularidade e não tem ideia do que está acontecendo“.

Burla às restrições

Segundo comunicado da PF, a operação “Venire” busca esclarecer a atuação de associação criminosa constituída para a prática dos crimes de inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde.

As inserções falsas ocorreram, segundo a PF, entre novembro de 2021 e dezembro de 2022, e provocaram “alteração da verdade” sobre a condição de imunizado contra a Covid-19 dos beneficiários.

“Com isso, tais pessoas puderam emitir os respectivos certificados de vacinação e utilizá-los para burlar as restrições sanitárias vigentes impostas pelos poderes públicos (Brasil e Estados Unidos) destinadas a impedir a propagação de doença contagiosa, no caso, a pandemia de Covid-19”, explicou a PF.

Em sua conta no Twitter, Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL, partido de Bolsonaro e do qual o ex-mandatário é presidente de honra, manifestou confiança na conduta de Bolsonaro.

“Bolsonaro é uma pessoa correta, íntegra, que melhorou o país e procurava sempre seguir a lei. Confiamos que todas as dúvidas da Justiça serão esclarecidas e que ficará provado que Bolsonaro não cometeu ilegalidades”, escreveu.

Não foi possível até o momento contactar Mauro Cid, Max Guilherme, Sergio Cordeiro e Brecha, ou seus representantes legais.

De acordo com a PF, os envolvidos podem ser acusados dos crimes de infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores.

Em dezembro de 2022, depois de perder a eleição para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Jair Bolsonaro viajou para os Estados Unidos, onde ficou por três meses. O país exige até o momento o certificado de vacinação contra Covid para entrada em seu território — a medida será suspensa apenas no dia 11 deste mês.

Max Guilherme e Sérgio Cordeiro acompanharam Bolsonaro aos Estados Unidos e continuam a seu serviço, dentro da equipe a que o ex-presidente tem direito.

“Como será que os Estados Unidos vão receber a notícia de que o ex-presidente da República fraudou documentos para desrespeitar as leis americanas? Haja trabalho para recuperar o estrago diplomático que Bolsonaro deixou”, escreveu no Twitter o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta.

Durante a pandemia de Covid-19, doença que matou mais de 700 mil pessoas no Brasil, Bolsonaro por diversas vezes divulgou informações falsas sobre vacinas e questionou, sem apresentar provas, a eficácia dos imunizantes. Ele repetiu diversas vezes que não se vacinaria contra a doença. (Por Lisandra Paraguassu, Ricardo Brito e Rodrigo Viga Gaier, com reportagem adicional de Fernando Cardoso e Camila Moreira, em São Paulo; Edição de Eduardo Simões, Flávia Marreiro e Pedro Fonseca/REUTERS - https://istoe.com.br/author/reuters/)

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