SAÚDE

Por que cidade de SP tem 102% de vacinados com a 1ª dose?

Fiocruz apontou que 15% dos vacinados foram imunizados fora dos municípios de origem.

Em 22/08/2021 Referência CCNEWS, Redação Multimídia

Foto: Adriano Ishibashi/Framephoto / Estadão Conteúdo

Imunização de pessoas de fora e defasagem do Censo explicam cenário; até a faixa de 50 anos, não se exigia comprovante de endereço.

A cidade de São Paulo chegou na última sexta-feira, 20, a 102% da população adulta vacinada com ao menos uma dose contra a covid-19, de acordo com o Vacinômetro. O índice ultrapassa 114% na faixa de 75 a 79 anos e 118% no grupo de 85 a 89 anos. Ainda assim, a vacinação não para: a cidade continua aplicando a 1ª dose em grande escala. Mas como isso é possível?

As respostas se devem principalmente a dois fatores: pessoas que recebem vacinas fora das cidades em que residem - o 'turismo da vacina' - e defasagem dos dados, já que o último Censo Demográfico do IBGE foi em 2010.

Em levantamento de junho, a Fiocruz apontou que 15% dos vacinados haviam sido imunizados fora de seus municípios de origem. Os motivos vão desde a dificuldade em conseguir vacina na cidade onde se mora, por causa da falta de padronização dos calendários, até casos em que pessoas residem em determinado local, mas viajam a trabalho ou para visitar parentes.

Na época em que o estudo foi conduzido, a capital paulista havia destinado 257.159 doses para moradores de municípios vizinhos, como Guarulhos, Osasco, Santo André, entre outros. Também imunizou egressos de outras capitais, como Rio, Salvador e Belo Horizonte.

Um dos envolvidos no estudo, o sanitarista Christovam Barcellos conta que a percepção é de que a taxa deve ter superado 15%. Mesmo com o avanço da vacinação, não houve unidade nas campanhas pelo País, o que motiva o trânsito em busca de imunizantes.

"A boa notícia é que as pessoas estão procurando vacinas", reconhece.

Ele lembra ainda que mesmo em outras campanhas era comum que o número de imunizados ultrapassasse os 100% em alguns locais. Isso se deve ao fato de o SUS ter sido montado para ser universal e descentralizado, o que permite se vacinar fora do local de residência.

Além disso, Barcellos destaca a imprecisão diante da defasagem do Censo, cuja última edição ocorreu há 11 anos. Após sucessivos cortes de verba do governo federal, o Censo de 2020 foi adiado e posteriormente remarcado para 2022.

Sem comprovante

Para o secretário municipal de Saúde de São Paulo, Edson Aparecido, esses são fatores que dificultam acompanhamento mais preciso não só na capital, mas em todo País. Segundo ele, o fato de a própria divisão de doses pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) ser feita com base no Censo 2010 faz as cidades seguirem também esse parâmetro.

Ainda assim, o secretário reforça que não é porque a cidade ultrapassou 100% de vacinados que a Prefeitura vai parar de aplicar a 1ª dose.

"O que a gente faz? Vacina e registra o CPF e o comprovante de endereço. Tenho a impressão que a gente vai ter mais uma semana vacinando D1 (1ª dose) e aí cai bastante. E aí a gente chega a números mais reais das faixas etárias", diz Aparecido, que destaca como primordiais a adesão da população e a capacidade da cidade de imunizar os moradores.

Como um motivo adicional para a cidade ter superado a marca de 100%, o secretário explica que até chegar à faixa de 50 anos a Prefeitura não pedia comprovante de residência. Para ele, esse pode ser um dos fatores que fez com que as faixas de 75 a 79 anos e de 85 a 89 anos tenham sido infladas por moradores de fora e extrapolado os 115%. Em populações mais jovens, as porcentagens não chegam a esses patamares. Os dados usados como base pela Prefeitura apontam que a capital tem 9.230.227 habitantes acima de 18 anos.

Coordenador da Rede Análise Covid-19, Isaac Schrarstzhaupt destaca a necessidade de avançar com a vacinação em todos os cantos do País. "Não adianta um Estado ou um município super vacinado e outros ao redor, não", destaca.

"É a mesma mensagem que a OMS (Organização Mundial da Saúde) tenta passar para o mundo: de que não adianta os países ricos se encherem de vacina enquanto tem países com menos de 1% da população vacinada, gerando casos e mais casos, e possíveis novas variantes", diz. (Estadão Conteúdo)

Leia também:

Espírito Santo bate recorde com 150 mil doses aplicadas em 36h
Covid: Vitória aplica 15.400 doses de vacina neste sábado (21)
Gêmeas dividem alegria de serem vacinadas contra a covid-19
Dia D contra covid-19 vacinou 60 mil pessoas até às 12h no ES
Fiocruz alerta para aumento de idosos entre mortos por covid
Viana abre vacinação para jovens de 18+ de outras cidades
Vitória abre mais 11.400 vagas para vacinar jovens de 18 anos
Dia D contra covid: 213 mil doses para população de 18 anos
Prefeitura de Serra avança para zerar as cirurgias pediátricas
Brasil registra aumento de 84% para casos da variante Delta
João Neiva realiza a VII Conferência Municipal de Saúde
Cariacica dá inicio a vacinação de jovens com 18 anos ou mais
Ministério da Saúde admite necessidade de 3ª dose da vacina
Olho seco pode afetar 6 em cada 10 pacientes com glaucoma
Saúde Itinerante estará na Barra do Jucu na quarta-feira (18)
> Vitória começa a vacinação de pessoas com 18 anos ou mais
Vila Velha amplia vacinação para o público de 18 a 24 anos
>  Mapa mostra o Rio com redução de 13% no número de óbitos
Cidade de São Paulo promove Virada da Vacina no fim de semana
Atendimento de sintomático respiratório cai 50% em Vila Velha
Imunossenescência: O envelhecimento imunológico
Saúde tem 6,9 milhões de vacinas paradas em aeroporto

TAGS:
VIRADÃO | DIA D | VACINA | CORONAVÍRUS | OLHO SECO | IMUNOSSENESCÊNCIA | DELTA | LAMBDA | MIOPIA | AFTAS | VARIANTE | CORAÇÃO