CIÊNCIA & TECNOLOGIA

Positivo supera Lenovo e volta a ser líder em computadores no Brasil

Brasileira vendeu 665 mil PCs e tablets, suficiente para superar a chinesa.

Em 05/12/2014 Referência JCC

A Positivo Informática voltou a ser líder no segmento brasileiro de computadores no terceiro trimestre de 2014 após amargar seis meses atrás da chinesa Lenovo. Segundo a consultoria IDC, a companhia é a única fabricante local e focada no mercado nacional de um dos maiores mercados de PCs a desbancar multinacionais.

À frente nas vendas dentro do Brasil, a brasileira enfrenta forte competição da asiática, que entrou no Brasil em 2013, após comprar a fabricante local CCE. A estratégia de preços baixos associada ao foco em micro e pequenos negócios rendeu frutos. Esteve à frente da Positivo durante nove dos últimos 15 meses encerrados neste terceiro trimestre. Antes disso, a brasileira que domina as vendas no Brasil há dez anos desde que começou a fabricar PCs só havia perdido a dianteira entre janeiro e março de 2011 para a HP.

 

“A gente depende muito do Brasil, diferente de multinacionais que podem dar passos mais agressivos rumo à conquista de liderança e que tentaram ao longo do tempo”, afirmou ao G1 o presidente da Positivo, Hélio Rotenberg. A fabricante vendeu 554,4 mil computadores e 111,2 mil tablets entre julho e setembro deste ano. Nesse período, foi responsável por 16,6% das vendas do país (17,1% de todos os desktops comercializados e 15,6% dos notebooks).

Desejo brasileiro
“A gente entende profundamente o consumidor brasileiro”, diz o executivo. “Continuamos fazendo o que a gente sempre fez. Talvez os nossos concorrentes tenham recuado um pouco porque não conseguem sustentar a operação sem lucro durante muito tempo”, diz Rotenberg, explica a retomada da liderança e provocando a rival chinesa. Contatada pelo G1, a Lenovo informou que não comentaria as declarações.

A indústria da informática recebe benefícios fiscais para produzir no país. "Assim como a indústria automobilística, você só é competitivo se você produz no Brasil, mas você não tem um incentivo maior por ser brasileiro do que por ser multinacional”, diz, acrescentando que “no caso dos computadores, a líder é uma brasileira, mas todas as outras produzem no brasil: Lenovo, HP, Dell, Acer, Asus, Samsung. Mas não desenvolvendo computador no Brasil. Nós projetamos, desenvolvemos e produzindo computador no Brasi”.

Como exemplos desse esforço de atingir em cheio o desejo do brasileiro, Rotenberg cita o lançamento do PCTV, em 2005. “Quando a gente lançou o PCTV há alguns anos a gente mostra que as famílias que compram o primeiro computador também querem comprar a segunda televisão.” A retomada da liderança ocorre em um momento controverso. Apesar de registrar lucro de R$ 13,5 milhões no terceiro trimestre, a companhia viu as vendas de computadores caírem 3%. O ambiente ruim é compartilhado com os outros fabricantes, já que a indústria enfrenta em 2014 um de seus piores anos. De julho a agosto, a venda desabou 31%, segundo a IDC.

Internacional

Para ampliar seus horizontes, a Positivo aposta na internacionalização. Depois de chegar a Argentina e Uruguai há três anos e meio, anunciou na semana passada a entrada na África, onde instalará uma fábrica em Ruanda. Já vendeu ao governo desse país 750 mil tablets e PCs que serão entregues dentro de cinco anos. De acordo com Rotenberg, a expansão rumo à África também servirá para ampliar o foco da empresa na diversificação de produtos já que a planta local fabricará tablets também. No sentido de diminuir a dependência dos computadores, a Positivo amplia sua atuação entre os smartphones junto às operadoras –TIM e Oi passam a vender os aparelhos. Entre os tablets, a companhia já é a quinta, o que a coloca, por exemplo, à frente da Apple no país.

O último lançamento da empresa vai nessa toada. O Positivo Duo é computador cuja tela se destaca do teclado para ser usada como tablet. "Deixamos de ser uma empresa de computador, para ser uma empresa de dispositivo", resume o presidente da Positivo.

Fonte: G1