CIDADANIA

Projeto vai identificar marcas psicológicas da ditadura nas periferia.

Segundo a Comissão de Anistia, cinco núcleos de apoio psicológico serão instalados nas periferias.

Em 07/04/2016 Referência JCC

A Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, o grupo Margens Clínicas - que oferece atendimento psicológico a familiares e vítimas de violência policial - e o Instituto de Estudos da Religião lançaram, nessa terça-feira (5), o núcleo Clínica do Testemunho nas Margens, um projeto que pretende identificar e tratar as marcas psicológicas deixadas pela ditadura militar em regiões de periferia de municípios brasileiros.

Na capital paulista, o projeto vai trabalhar prioritariamente nos bairros de Perus, no noroeste, e Heliópolis, na zona sul, escolhidos por terem sido locais com histórico de resistência e luta social contra a ditadura. Um grupo de psicólogos e agentes treinados vai ouvir as pessoas com danos psicológicos impostos pelo regime de exceção entre os anos de 1946 e 1988.

“O encontro da memória com o elemento democrático nos ajuda a reconstruir as tessituras esgarçadas, os projetos de vida que foram arrebentados, permitir que a voz faça com que as pessoas se recoloquem”, destacou o presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão.

Lançado no Centro Educacional Unificado (Ceu), em Perus, o projeto pretende ainda identificar como se dá a continuidade das políticas de violação dos direitos humanos nas periferias. “Esse projeto em Perus e Heliópolis é histórico porque vai acolher a narrativa desses tantos e tantos familiares, desses tantos afetados direta ou indiretamente pela violência do estado ditatorial. É um esforço de 'desnormalizar' a violência de Estado nas periferias”, disse Fábio Franco, da Coordenação Direito à Memória e Verdade, da Secretaria Municipal de Direitos Humanos da prefeitura de São Paulo.

Segundo a Comissão de Anistia, este ano cinco núcleos de apoio psicológico serão instalados nas periferias de quatro capitais brasileiras.

Fonte: Agência Brasil