ESPORTE INTERNACIONAL

Sem temer tempestade, Slater quer ondas grandes.

"Sem pressão", brasileiro diz se sentir em casa, estando em Portugal.

Em 13/10/2014 Referência JCC

Não é à toa que ele está no topo do mundo do surfe há tantos anos. Vento de até 100km/h, trovoadas, relâmpagos, raios, granizo e chuva torrencial provocados por uma tormenta que atingiu a cidade portuguesa de Peniche, no litoral oeste do país, parecem não abalar Kelly Slater. Onze vezes campeão mundial, a lenda americana quer mais é ver ondas grandes. Sem se intimidar com as condições climáticas que ameaçam adiar a penúltima das 11 etapas do Circuito Mundial de Surfe (WCT), pelo menos, até a próxima sexta-feira, o surfista de 42 anos previu pranchas quebradas e disse que deveria estar no lugar certo e na hora certa para não sofrer com os perigos do mar em Supertubos. Principal rival de Gabriel Medina na briga pelo título, ele garantiu que não medirá esforços para evitar que o brasileiro entre para a história em Portugal.

Medina, de 20 anos, depende apenas de si mesmo para escrever o seu nome na história com o inédito título mundial para o Brasil. Líder do ranking, com 56.550 pontos, o paulista de São Sebastião pode ser campeão se vencer a etapa de Peniche ou até mesmo se terminar em nono lugar, em uma combinação de resultados envolvendo Slater, Mick Fanning, Joel Parkinson e John John Florence. “The Freak” (“A Aberração”) estreia contra Kai Otton, que venceu a competição portuguesa em 2013, além de Jacob Willcox. Kelly, número dois do mundo, com 50.050, enfrenta Matt Wilkinson e Nico Von Rupp. A previsão é de que as condições melhorem ao longo da semana. No entanto, existe uma remota possibilidade de mudança do local da prova, de Supertubos para o pico da Mota, em Belgas, também em Peniche.

- Fiquei muito surpreso quando olhei a meteorologia, com muitos ventos e chuva fortes deixando as condições caóticas, mas é isso que eu espero. Quero ondas grandes. Não tem segredo para vencer aqui, basta fazer a minha parte, estar no lugar certo, na hora certa e parar o Medina. Não vou deixá-lo ganhar. O tempo aqui está desafiador, e sei que vou ter de tomar decisões difíceis em 10 segundos. Mas as condições são as mesmas para todo mundo. Vão ter muitas pranchas quebradas, mar grande... Vou cruzar os dedos para que os ventos melhorem e possamos começar logo a competição. Mas do jeito que está, está bom para mim, não tenho medo de tempestade – disse Slater, enfático.

Campeão da última etapa do WCT, em Hossegor, na França – vencendo o brasileiro Jadson André na final -, o havaiano John John Florence está acostumado a lidar com mar grande. Nascido e criado no North Shore da ilha de Oahu, ele tem a praia de Pipeline como o quintal de casa, mas confessa que espera que o mar fique mais limpo nos próximos dias.

- Tudo vai depender do ritmo de cada um. Se aumentar o tamanho das ondas e você estiver em um ritmo bom, não terá problemas. Mas espero que o mar fique mais limpo, com ondas grandes e muitos tubos, assim me sentirei em casa (risos). Estou animado para o início do campeonato e confiante, principalmente, depois de vencer na França. Ter perdido a semifinal para o Kelly em Teahupo'o não me deixou nada feliz – disse o havaino de 22 anos, que promete ser um dos principais rivais de Medina no futuro.

Medina é outro que também revelou estar "em casa". Surpreendido logo que desembarcou no aeroporto de Lisboa, capital portuguesa, com um vídeo de boas-vindas, a sensação mundial conta que se sente muito à vontade em Supertubos.

- Esta é a minha terceira vez em Supertubos, gosto muito de surfar aqui e todas as vezes que vim sempre rolaram altas ondas. As condições estão mais difíceis agora, mas estou me sentindo em casa, bem confortável. Ainda estou com a minha família aqui (pais, irmãos e tios), o que me deixa mais tranquilo. É claro que eu sinto aquele friozinho na barriga, a pressão existe, mas achei que fosse ficar mais nervoso. Estou me sentindo muito bem e feliz de  estar em Portugal. Queria agradecer a todos pela recepção e pelo apoio que recebi desde que pousei aqui. A surpresa do aeroporto foi bem legal e eu fiquei ainda mais motivado.

O que Medina precisa fazer para ser campeão mundial
- Vencer a etapa independentemente de outros resultados;
- Ser finalista, desde que Kelly Slater não seja campeão;
- Perder na semifinal, e Kelly Slater ou Mick Fanning não vencerem a etapa;
- Cair nas quartas de final, Kelly Slater não chegar à final, e Mick Fanning não vencer a etapa;
- Se for eliminado na quinta rodada, Kelly Slater não passar das quartas de final, Mick Fanning não ser finalista, e Joel Parkinson ou John John Florence não vencer a etapa.

Confira as baterias da 1ª fase em Portugal

1. Taj Burrow (AUS) x Freddy Pattachia Jr. (HAV) x Travis Logie (AFS)
2. John John Florence (HAV) x Jadson André (BRA) x Brett Simpson (EUA)
3. Joel Parkinson (AUS) x C. J. Hobgood (EUA) x Jeremy Flores (FRA)
4. Mick Fanning (AUS) x Sebastian Zietz (HAV) x Raoni Monteiro (BRA)
5. Kelly Slater (EUA) x Matt Wilkinson (AUS) x Nicolau Von Rupp (POR)
6. Gabriel Medina (BRA) x Kai Otton (AUS) x Jacob Wilcox (AUS)
7. Michel Bourez (TAH) x Filipe Toledo (BRA) x Aritz Aranburu (ESP)
8.Adriano de Souza (BRA) x Julian Wilson (AUS) x Alejo Muniz (BRA)
9. Jordy Smith (AFS) x Adrian Buchan (AUS) x Mitch Crews (AUS)
10. Kolohe Andino (EUA) x Miguel Pupo (BRA) x Adam Melling (AUS)
11. Josh Kerr (AUS) x Bede Durbidge (AUS) x Dion Atkinson (AUS)
12. Owen Wright (AUS) x Nat Young (EUA) x Tiago Pires (POR)

 

Fonte:Globo Esporte