CIÊNCIA & TECNOLOGIA

Sistema de pagamento móvel da dona do iPhone chega ao Brasil

Contas podem ser quitadas ao aproximar celular, relógio e tablet de máquinas.

Em 04/04/2018 Referência JCC / Helton Simões Gomes, G1

Donos de aparelhos feitos pela Apple poderão fazer compras no Brasil sem tirar o cartão de crédito da carteira a partir desta quarta-feira (4). A empresa lança no Brasil o Apple Pay, seu sistema de pagamentos móveis, em uma parceria com o banco Itaú, que terá exclusividade no serviço por 90 dias.

A chegada da plataforma ao país marca sua expansão para a América Latina — o Brasil é o 21º país a receber o Apple Pay —, mas também o ingresso tardio de Apple e Itaú no segmento de pagamentos com dispositivos móveis, como smartphones.

Isso porque o Apple Pay debuta no Brasil quase dois anos após a chegada ao país de serviços de seus principais rivais para lidar com o dinheiro dos usuários, já que Samsung Pay estreou em julho de 2016, ao passo que Android Pay começou a ser liberado em novembro de 2017 — a diferença entre eles é que o primeiro funciona só nos celulares da empresa sul-coreana e o segundo roda em todos aqueles que possuem o sistema operacional do Google a partir da versão 4.4.

O Itaú, por sua vez, é o último dos grandes bancos a aderir a uma plataforma de pagamentos móveis. Seus concorrentes Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica e Santander já operam com Samsung Pay ou Android Pay.

Como funciona

O Apple Pay pode ser usado para pagar contas tanto em lojas físicas quanto em lojas digitais ou mesmo em aplicativos.

Antes de sair às compras, é preciso cadastrar um cartão válido —no primeiro momento, serão aceitos apenas os de crédito emitidos pelo Itaú. O registro vai gerar um número de conta único. Esse código secreto, após ser criptografado, será enviado em uma compra para que a bandeira de cartão identifique o cliente.

Segurança e privacidade

Mesmo que o usuário tenha apenas um cartão, ele terá de cadastrá-lo em cada um dos aparelhos com que pretender fazer transações. Cada um dos dispositivos ganhará um número diferente de conta, o que, segundo a Apple, garante a segurança das transações.

Já a privacidade é assegurada, diz a empresa, porque os dados da compra (loja, produto, valor gasto etc) ficam mantidos no aparelho, em um ambiente a que ela não tem acesso.

Como fazer o pagamento

Para efetuar o pagamento no ponto de venda, bastará encostar o iPhone (a partir do 6), Apple Watch ou iPad em terminais equipados com a tecnologia NFC —eles serão sinalizados com adesivos.

Para certificar a negociação, em vez de inserir a senha do cartão, o consumidor só precisará usar a impressão digital como se fosse destravar o celular, no caso de iPhones e iPads, ou ainda fazer a autenticação com o reconhecimento facial, no caso do iPhone X.

Se o aparelho escolhido for o relógio inteligente, bastará clicar duas vezes no botão lateral e aproximá-lo da maquininha de pagamento. Segundo a Apple, 80% dos donos de um Apple Watch já o usam para fazer pagamentos.

Peso do negócio

Apesar de ter sido criado há três anos, o Apple Pay faz parte da área de negócios que já é a segunda que mais leva dinheiro para a Apple. Englobando ainda os conteúdos digitais, como o AppleCare, essa divisão faturou US$ 8,471 bilhões no trimestre encerrado em dezembro de 2017 e desbancou o segmento de computadores, da qual as estrelas são os Macs.

No Brasil, o Apple Pay poderá ser usado inicialmente por 1,2 milhão de pessoas. Essa é a quantidade de clientes que acessam o Itaú por meio de um iPhone 6 ou superior, dentre todos os quase 12 milhões correntistas que usam o app do banco.

“A gente vê uma evolução constante na área de pagamentos digitais e nesse contexto o Apple Pay é um passo importante”, diz Marcelo Kopel, diretor executivo da área de cartões do Itaú, acrescentando se tratar “do início da jornada” da instituição em meio a essas ferramentas digitais.

Para Kopel, ainda que a Apple tenha chegado alguns meses atrasada ao baile, ainda há chance de brilhar. “Em termos de uso, o Apple Pay é o maior. Tem 80 milhões de usuários [no mundo].”

“A gente vê que, com que a chegada dessa tecnologia, isso [pagamento móvel] tende a se acelerar no Brasil.”

A maioria das lojas já está pronta para aceitar pagamentos sem contato. Nas contas dos fabricantes, 80% dos terminais de lojas físicas já possuem NFC. Entre as empresas que já aceitarão o Apple Pay estão FNAC, Pão de Açúcar e Casa do Pão de Queijo. Entre lojas digitais e aplicativos, os exemplos são iFood e Hotel Urbano.

Taxa

Em alguns dos 20 mercados em que o Apple Pay já funciona, a Apple cobra uma taxa sobre o valor da transação. Segundo Kopel, do Itaú, a negociação entre as empresas para o Brasil não prevê isso. O cliente não pagará nada e o varejista custeará as taxas de uma transação como qualquer outra feita com cartão de crédito.

Tanto Apple quanto Itaú deixam claro que a chegada do serviço ao Brasil ocorre agora, após concorrentes já terem estreado, devido a ajustes no acordo de parceria.

"A jornada digital não tem começo, meio e fim", diz Kopel. “Em algumas delas, você sai na frente; em outras, prefere esperar para ver se é mais adequada à sua base de clientes."

 VALE ESTE_Tabela compara Android Pay e Samsung Pay, soluções de pagamento do Google e da Samsung (Foto: Arte G1)
(Foto: Helton Simões Gomes/G1)