ECONOMIA NACIONAL

Terceira idade movimenta R$ 1,6 trilhão em compras

Consumidores da 3ª idade movimentam R$ 1,6 trilhão em compras e formam um novo nicho.

Em 25/11/2022 Referência CCNEWS, Redação Multimídia

Foto: Gabriel Reis/ISTOÉ

Com a cabeça madura, mas com vitalidade de um jovem, essas pessoas têm uma conexão com tecnologia, usam celular, computador e querem sair, ter vida social. Isso tem impactado o consumo, que começa a se adaptar e só agora marcas e empresas começam a compreender o potencial de consumo desse público​.

Ao contrário dos idosos de antigamente, os “baby boomers” esbanjam energia. Aqueles que já passaram dos 60 anos, que há algumas décadas eram considerados “velhinhos” e precisavam se aposentar para ficar em casa, hoje estão colocando no chinelo muitos jovens com a metade de sua idade. Com a cabeça madura, mas com vitalidade de um jovem, querem cada vez mais consumir produtos e serviços relacionados com os tempos atuais e desejam se atualizar. Essas pessoas têm uma conexão com tecnologia, usam celular, computador e querem sair, ter vida social. Isso tem impactado o consumo, que começa a se adaptar.

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“O Brasil sempre foi o lugar do culto ao corpo e ao belo. Mas o País do futuro envelheceu, e o povo só agora está percebendo essa transformação”, avalia Márcia Sena, especialista em longevidade e CEO da Senior Concierge.

Dados do IBGE mostram que desde os anos 1950 essa faixa etária vem crescendo de forma vertiginosa. Só na última década (2012 a 2021), 12 milhões de pessoas entraram para esse grupo que, atualmente, soma mais de 37 milhões de pessoas. Célia Dias Lacerda, bancária aposentada, é um exemplo de que chegar aos 60 é um sinal de maturidade com vitalidade. Amante de esportes, de bons restaurantes e de uma boa conversa, ela não economiza quando o assunto é bem-estar e, pelo menos duas vezes na semana, separa uma hora para treinar com seu personal trainer, Natan Araujo. “Nós, mulheres, principalmente as com mais de 60, somos a antiga mulher de 40”, diz. Correspondente bancária aposentada, Célia continua trabalhando para garantir uma segunda renda e poder usufruir as coisas boas da vida.

“Posso trabalhar com um horário menos extensivo e praticar esportes, me cuidar, sair com minhas amigas. Sou de uma geração que começou a se cuidar mais”, defende. Segundo Natan, esse é um público bastante rigoroso.

“São pessoas exigentes tanto do ponto de vista técnico como também interpessoal.”

A “economia prateada” é um mercado em ascensão no mundo, acompanhando a tendência demográfica de envelhecimento da população. No Brasil não é diferente, com cada vez mais pessoas acima dos 60 anos seguindo ativas, produtivas e dispostas a consumir. Segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde, enquanto a quantidade de idosos vai duplicar no mundo até 2050, no Brasil esse contingente vai quase triplicar. O País deverá ter a sexta maior população idosa do planeta.

Waldney e Roseli Carmignani, ele com 72 e ela com 67, sempre se planejaram para curtir a melhor idade. “Antes da pandemia fazíamos duas viagens internacionais por ano. Gostamos muito de cruzeiros e priorizamos roteiros em que descansamos”, diz ela. O turismo, de fato, é um setor que se beneficia com esses consumidores. Rosaura e Luís Antonio da Silva, ambos com 70 anos, exemplificam isso. São professores aposentados e adoram passear. “O melhor da maturidade é poder desfrutar a aposentadoria viajando, depois de décadas de trabalho duro”, declara ela, a bordo de um transatlântico rumo às Bahamas. De acordo com a operadora de viagens CVC, só no ano passado, 14% dos clientes embarcados tinham 60 anos ou mais.

Conforme estudo da FGV, pessoas com mais de 65 anos são 17% da fatia dos 5% mais ricos, enquanto representam 4% da fatia de 40% mais pobres. De acordo com levantamento do SEBRAE, esse grupo faz circular por ano, no Brasil, R$ 1,6 trilhão. Mesmo assim, apesar de possuir maior renda e estar em expansão, esse público ainda não é priorizado por muitas marcas e empresas.

“As companhias se preocupam com a modernidade e não pensam nos ‘velhinhos’. Eu ainda exploro muita coisa na internet, mas minhas amigas muitas vezes desistem”, reclama a advogada aposentada e digital influencer Lygia Mara Prado, 75.

Outro ponto a se destacar é em relação à moda. Levantamento da Hype60+ mostra que de cada 10 pessoas da economia prateada, seis estão descontentes com este mercado. Segundo Márcia Sena, as pessoas querem entrar nas lojas e reconhecer seções que sejam para elas.

“Assim como há a seção infantil, a de adolescentes, feminina e masculina, que exista também a seção 60+ com produtos estilosos, mas que sejam confortáveis e bonitos”, diz ela.

A executiva aponta que o consumidor maduro quer se sentir acolhido. As lojas aprenderam a valorizar a diversidade para atender diversas etnias e gêneros. Que também incluam a diversidade etária. (ISTOÉ - https://istoe.com.br/autor/mirela-luiz/)

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