POLÍTICA NACIONAL

MPF-RJ pede pena superior a 40 anos de prisão para Eike e Cabral.

Denúncia envolve pagamentos de propina na Operação Eficiência.

Em 10/02/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

O Ministério Público Federal (MPF) no Rio de Janeiro denunciou, em resultado da Operação Eficiência, o ex-governador do Rio Sérgio Cabral e o empresário Eike Batista nesta sexta (10). Segundo os procuradores, a pena de Eike Batista pode chegar a 44 anos e a de Cabral a 50, caso eles sejam condenados em todos crimes que respondem. Além deles, outras sete pessoas foram denunciadas nesta sexta.

Eike responde a dois crimes de corrupção ativa e um de lavagem de dinheiro. Já Cabral responde por dois atos de corrupção passiva, dois de lavagem de dinheiro, além de um de evasão de divisas e outro de organização criminosa. A legislação brasileira porém limita o cumprimento de pena a 30 anos.

O MPF investiga dois pagamentos suspeitos feitos por Eike Batista ao ex-governador. O primeiro deles, de US$ 16,5 milhões, se refere a uma falsa compra de mina de ouro. Outro, revelado nesta sexta, seria de R$ 1 milhão a ex-primeira dama e mulher de Sérgio Cabral, Adriana Ancelmo. O escritório de advocacia dela teria recebido a propina numa simulação de prestação de serviços através da EBX, uma das firmas do conglomerado do empresário.

De acordo com os procuradores, ainda não é possível dizer quais obras seriam facilitadas com o pagamento destes valores.

"Não estamos vinculando o pagamento de propina a um empreendimento específico. Havia uma série de interesses do empresário no Estado, então esse pagamento de propina era para comprar apoio e atos decisórios do governo que poderiam beneficiar interesses da EBX", diz o procurador Rafael Barreto.

O pagamento a Ancelmo foi feito através de transferência bancária. Segundo os investigadores, advogados que trabalhavam no escritório há anos disseram que jamais haviam prestado serviço para a empresa. Em operação de busca e apreensão no escritório, também não foram encontrados documentos relativos à empresa de Eike, segundo o Ministério Público Federal do Rio.

Cabral, a mulher Adriana Ancelmo, Wilson Carlos e Carlos Miranda foram denunciados por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Eike Batista e Flávio Godinho, por corrupção ativa e lavagem de dinheiro. Luiz Arthur Andrade Correia, Renato Chebar e Marcelo Chebar, por lavagem de dinheiro. Cabral e os irmãos Chebar também foram denunciados por evasão de divisas , por manterem recursos não declarados no exterior.

Eike Batista já foi levado duas vezes a prestar depoimento à Polícia Federal, mas segundo seu advogado, Fernando Martins, ele se manteve calado, reservando-se o direito de falar apenas em juízo. Ainda segundo Martins, o empresário disse apenas que desconhecia o repasse de US$ 16,5 milhões ao ex-governador Cabral.

Na quarta, a Polícia Federal indiciou 12 pessoas. Mas nem todas elas foram denunciadas pelo MPF. Agora, a Justiça decide se os denunciados viram réus.

Indiciados pela PF
- Sérgio Cabral, ex-governador (corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa)

- Wilson Carlos Cordeiro da Silva Carvalho, ex-secretário de Governo (corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa)

- Carlos Emanuel de Carvalho Miranda, suspeito de ser operador do esquema (corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa)

- Luiz Carlos Bezerra, suspeito de ser operador do esquema (corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa)

- Sérgio de Castro Oliveira, suspeito de ser operador do esquema (lavagem de dinheiro e organização criminosa)

- Álvaro José Galliez Novis, doleiro (lavagem de dinheiro e organização criminosa)

- Thiago de Aragão Gonçalves Pereira e Silva, ex-sócio de Adriana Ancelmo, mulher de Cabral (lavagem de dinheiro e organização criminosa)

- Francisco de Assis Neto, suspeito de ser operador do esquema (lavagem de dinheiro e organização criminosa)

- Mauricio de Oliveira Cabral Santos, irmão de Cabral, suspeito de receber dinheiro advindo do esquema de propina (lavagem de dinheiro e organização criminosa)

- Eike Batista, empresário suspeito de pagar propina (organização criminosa)

- Flávio Godinho, ex-sócio de Eike (organização criminosa)

- Susana Neves Cabral, ex-mulher de Cabral, suspeita de receber dinheiro de advindo do esquema de propina (lavagem de dinheiro)

Denunciados pelo MPF

- Sérgio Cabral (corrupção passiva e lavagem de dinheiro)

- Adriana Ancelmo (corrupção passiva e lavagem de dinheiro)

- Wilson Carlos (corrupção passiva e lavagem de dinheiro)

- Carlos Miranda (corrupção passiva e lavagem de dinheiro)

- Eike Batista (corrupção ativa e lavagem de dinheiro)

- Flávio Godinho (corrupção ativa e lavagem de dinheiro)

- Luiz Arthur Andrade Correia (lavagem de dinheiro)

- Renato Chebar (lavagem de dinheiro)

- Marcelo Chebar (lavagem de dinheiro)

g1/Rio de Janeiro