POLÍTICA NACIONAL

Passar fome no Brasil é uma grande mentira, diz Bolsonaro

Disse hoje, durante café da manhã com correspondes de jornais estrangeiros.

Em 19/07/2019 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Foto: Reprodução/Facebook

O presidente Jair Bolsonaro disse, na manhã desta sexta-feira, que não há fome no Brasil. Durante café da manhã com correspondes de jornais estrangeiros, o chefe do Planalto destacou que "não se vê gente, mesmo pobre, pelas ruas, com físico esquelético" e criticou o que chamou de "discurso populista".

— O Brasil é um país rico para praticamente qualquer plantio. Fora que passar fome no Brasil é uma grande mentira. Passa-se mal, não come bem, aí eu concordo. Agora, passar fome, não. Você não vê gente, mesmo pobre, pelas ruas, com físico esquelético, como a gente vê em alguns outros países pelo mundo — destacou Bolsonaro.

Bolsonaro havia sido questionado por uma correspondente do jornal espanhol "El País" sobre planos do governo federal para dar suporte ao aumento da pobreza e da fome no país. A jornalista citou encontro com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, que, segundo ela, demonstrou preocupação com o número de pobres e famintos e comentou sobre conversas com o Planalto em prol de políticas para o problema. Em entrevista ao GLOBO, Maia disse se preocupar que o governo não tenha "uma palavra para o pobre" depois de seis meses de gestão.

Relatório do Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional na América Latina e Caribe 2018, divulgado em novembro do ano passado, apontou o crescimento da fome no Brasil . O estudo estimou que a desnutrição alcançou até 5,2 milhões de brasileiros entre 2015 e 2017, ante os 5,1 milhões calculados para os triênios 2014-2016 e 2013-2015 e os 5 milhões, de 2010-2012. No triênio 2000-2002, 18,8 milhões de brasileiros sofriam com a fome.

Na entrevista aos correspondentes, Bolsonaro criticou que governos anteriores tenham atrelado a distribuição de riqueza à concessão de bolsas. Criaram, segundo ele, "um país das Bolsas". O presidente disse que só o conhecimento tira o cidadão da miséria e criticou o que chamou de "discurso populista" sobre a fome.

— Esses políticos que criticam a questão da fome no Brasil, no meu entender, tem que se preocupar, estudar um pouco mais as consequências disso. Lá, é precipitação pluviométrica [chuva] é menor que do Sertão nordestino. Eles conseguem não só garantir sua segurança alimentar, como exportar parte para a Europa. Falar que se passa fome no Brasil é discurso populista, tentando ganhar simpatia popular, nada além disso.

O presidente respondeu à jornalista que, de um hectare de lâmina d'água, é possível retirar de dez a 15 toneladas de peixe tilápia por ano. Segundo ele, fazer uma pesquisa central hidrelétrica ou uma pequena represa no Brasil "é quase impossível" pelo que chamou de "psicose ambiental".

Na visão de Bolsonaro, cabe ao Executivo e ao Legislativo apenas "facilitar a vida do empreendedor, de quem quer produzir, e não fazer esse discurso voltado para a massa da população". Segundo o presidente, tal postura conduziria o país a uma situação semelhante à da Venezuela. Ele disse que Hugo Chávez implementou o socialismo, e o país chegou à miséria que vive hoje.

Se as autoridades, nós não atrapalharmos o nosso povo, essas franjas de miséria por si só acabam no Braisl porque o nosso solo no Brasil é muito rico para tudo o que você pode imaginar — disse o presidente.

Pouco depois da entrevista aos correspondentes, Bolsonaro se irritou ao ser questionado sobre as declarações de fome e disse a jornalistas que não estava vendo "nenhum magro" ali . Ele reconheceu que 'alguns passam fome', mas insistiu que o brasileiro come mal e que o problema não é culpa dele. - O Globo

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