POLÍTICA NACIONAL

Reforma das pensões interrompe a lua-de-mel de Bolsonaro

Tensões políticas abalam a lua-de-mel entre Jair Bolsonaro, e o mercado financeiro.

Em 29/03/2019 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

As tensões políticas e as dúvidas levantadas nos últimos dias à volta da reforma do sistema de pensões do Brasil interromperam, pelo menos de forma momentânea, a lua-de-mel entre o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, e o mercado financeiro.

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Após a euforia causada com a eleição do político de extrema-direita, os investidores colocaram os pés no chão e redobraram a sua pressão sobre o Governo para a aprovação das mudanças no regime de pensões, em interdição depois das discórdias políticas das últimas semanas.

A turbulência começou na semana passada após a detenção do ex-presidente brasileiro Michel Temer por suspeitas de corrupção, o que "aumentou a incerteza política" no Brasil e "turvou a relação entre o Congresso e o Governo de Bolsonaro", segundo ressaltou segunda-feira a agência de risco Moody's.

"Embora ainda seja muito cedo para determinar o impacto da prisão de Temer na aprovação da medida, acreditamos que o aumento da tensão entre os poderes executivos e legislativos pode prejudicar o resultado final da reforma do sistema de pensões", acrescentou a analista sénior da Moody's, Samar Maziad.

À prisão preventiva de Temer, revertida na segunda-feira por um juiz de segunda instância, soma-se a disputa protagonizada no fim de semana passado entre Bolsonaro e o presidente da Câmara inferior, Rodrigo Maia, um veterano político responsável por marcar o ritmo das votações no Congresso.

O presidente brasileiro e Maia trocaram duras acusações através da imprensa e abriram ainda mais dúvidas sobre as medidas sobre a reforma, o Santo Graal do Governo comandado pelo capitão da reserva do Exército.

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A disputa protagonizada no fim de semana passado entre Bolsonaro e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Foto: Último Segundo/Reprodução

Enquanto Bolsonaro criticava a "velha política", o chefe dos Deputados questionava a falta de liderança de Bolsonaro na articulação política e pedia ao líder que deixasse o Twitter para se ocupar dos problemas da vida real.

"Parecia que a primeira etapa da reforma estava encaminhada, mas essa expectativa mudou e reviu-se o cenário. O que se dava como seguro agora é mais complicado. Está-se a atrasar tudo", explicou à Efe o membro da equipa de analistas da Guide Investimento, Victor Beyrut.

Bolsonaro tentou segunda-feira apaziguar os ânimos para retomar o clima de normalidade com o Congresso e, segundo o seu porta-voz, está "disposto" e "aberto" a realizar uma interlocução com deputados e senadores após as críticas recebidas por parte de alguns legisladores.

Apesar do alívio momentâneo dos investidores após o passo à frente de Bolsonaro, a bolsa de São Paulo não conseguiu recuperar segunda-feira e somou a sua quinta queda consecutiva ao perder 0,08% no meio da incerteza.

Segundo Beyrut, o mercado ainda confia que o Executivo vai conseguir desenvolver a reforma até finais de ano, mas acredita que vai enfrentar "muitos problemas" no caminho até à aprovação definitiva do projeto que estabelece uma idade mínima para aceder à reforma de 62 anos para as mulheres e de 65 anos para os homens.

Um dos pontos que poderia dificultar as negociações é a reforma específica dos militares, com a qual o Governo procura uma poupança de 2.780 milhões de dólares em 10 anos, o que representa apenas cerca de 1% do total dos 424.000 milhões de dólares que se economizaria numa década com a proposta geral de reforma do sistema de pensões.

O texto foi criticado por alguns deputados, inclusivamente nas fileiras do Partido Social Liberal (PSL) de Bolsonaro, por considerar que a proposta dos militares é mais branda que a apresentada aos civis. EFE

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