POLÍTICA NACIONAL

Temer recebe ex-ministros de Dilma e Lula em seu escritório em São Paulo.

Eliseu Padilha e Geddel Vieira foram "trocar ideias" com vice-presidente.

Em 20/04/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Ex-ministros dos governos Lula e Dilma foram ao escritório do vice-presidente da República Michel Temer (PMDB) na manhã desta quarta-feira (21) no Alto de Pinheiros, Zona Oeste de São Paulo. Nesta terça, Temer afirmou que vai aguardar "silenciosa" e ''respeitosamente" a decisão do Senado sobre o impeachment da presidente da República Dilma Rousseff (PT).

Eliseu Padilha, ex-ministro da Aviação Civil, em 2015, afirmou ao chegar que a reunião é de rotina e que prefere esperar a decisão do Senado sobre o processo de impeachment.

"É uma reunião de rotina. Vamos fazer como o Michel disse - vamos esperar paciente e silenciosamente o que acontece no Senado", afimrou.

Sobre o fato de Lula ver o processo de impeachment como golpe, Eliseu Padilha disse que era esperado. "A Luta política é esperada. O Melhor que podemos fazer é observar, observar, observar e definir porque ainda vivemos processo de impeachment. Temos que raciocinar como alguém que está fora do governo, o governo tem que cumprir o seu papel e o presidente Lula ao que parece fala em nome do governo", disse.

Geddel Vieira Lima, ex-ministro da Integração Nacional do governo Lula, disse que estava em São Paulo foi fazer uma visita ao vice-presidente para "trocarem ideias". 

Para Geddel, Dilma se "vitimiza" após a Câmara aceitar o processo de impeachment contra ela.

Eu acho que sobretudo à presidente Dilma tem que parar com essa história de querer se vitimizar, de denegrir a imagem do Brasil. O que a presidente Dilma tem que fazer é respeitar a Constituição e parar com essa conversa fiada de que houve golpe. Ela perdeu a maioria no Congresso. Quem consegue 100 votos em uma votação importante como essa, perdeu qualquer condição de governabilidade. O povo brasileiro precisa entender que houve sim crime de responsabilidade. Ela feriu a Constituição, feriu a lei de responsabilidade fiscal e a câmara dos deputados já se manifestou", disse;

"Eu acho que esse discurso de querer se vitimizar, bancar a pobrezinha para angariar pena faz apenas para denegrir a imagem do Brasil. Não ajuda em nada e ninguém mais vai aceitar esse tipo de discurso que o PT tenta fazer", completou.

Geddel pediu celeridade no processo. "O Brasil quer pressa, que se solucione este problema. Nos temos graves problemas na economia que só fazem se agravar. Portanto quem está querendo uma manifestação o mais rápido possível do Senado dentro, evidentemente do que determina a Constituição, o regimento e as condições políticas é o povo brasileiro", disse.

O vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), afirmou nesta terça-feira (19) em São Paulo que vai aguardar "silenciosa" e ''respeitosamente" a decisão do Senado sobre o impeachment da presidente da República Dilma Rousseff (PT). Foi a primeira declaração do vice-presidente após a Câmara dos Deputados aprovar, no domingo (17), o prosseguimento do processo de impeachment de Dilma para o Senado.

"Eu quero dizer que eu muito silenciosa e respeitosamente vou aguardar a decisão do Senado Federal. O Senado Federal é que dá a última palavra sobre essa matéria, portanto seria inadequado que eu dissesse qualquer coisa antes da solução acertada pelo Senado Federal", disse.

Temer fez apenas um breve pronunciamento e entrou no carro com seus seguranças com destino ao seu escritório, na Zona Sul de São Paulo. Ele não respondeu perguntas dos jornalistas sobre se os recentes encontros teriam o objetivo de formar a equipe ministerial de um possível governo Temer e sobre as últimas críticas da presidente Dilma Rousseff. O vice-presidente deixou o local às 15h15 sem falar novamente com os jornalistas.

Na segunda-feira (18), a presidente afirmou considerar "inusitado, estranho e, sobretudo, estarrecedor, que um vice-presidente, no exercício do seu mandato, conspire contra a presidenta abertamente. Em nenhuma democracia do mundo uma pessoa que fizesse isso seria respeitada porque a sociedade humana não gosta de traidores", disse.

Café da manhã
Mais cedo, o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes, visitou  o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), na casa dele na Zona Oeste de São Paulo. Moraes afirmou que foi tomar um café com o vice-presidente e perguntar sobre a segurança da área, em Alto de Pinheiros, tendo em vista o aumento do assédio em relação ao vice-presidente após a Câmara aprovar no domingo (17) o prosseguimento do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). O encontro durou cerca de uma hora.

“É um amigo de mais de 20 anos das aulas das aulas de direito constitucional, das palestras, e [vim] conversar principalmente por essa situação atual dele aqui, se estava necessitando de alguma coisa em relação à segurança da área, até porque já como vice, mas aguardando a possibilidade de assumir a presidência.”, disse o secretário.

Moraes, que é advogado especialista em direito constitucional, negou que tenha ido até a casa do vice-presidente para conversar sobre cargos em um possível governo Temer, como o de ministro da Justiça.

“Vim na qualidade de amigo e de secretário da Segurança de São Paulo. Mas nada em relação a qualquer questão governamental federal, até porque sou secretário da Segurança Pública de São Paulo”, disse.

No início da tarde, papeis com frases como "Temer traidor", "Não vai ter golpe" e "Palmeiras não tem mundial" foram jogados na entrada do prédio do escritório de advocacia de Temer.

Jantar
O vice-presidente jantou na segunda-feira (18), em São Paulo, com o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e com o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, segundo a jornalista Miriam Leitão relatou no Bom Dia Brasil. Eles debateram o cenário da economia do país. Como Fraga já havia dito que não aceitaria cargo no governo, não houve convite de Temer para ele integrar um eventual governo caso a presidente Dilma Rousseff sofra o impeachment.

Temer viajou para a capital paulista, onde tem casa e escritório, na manhã da segunda-feira, horas após a Câmara ter votado pelo prosseguimento do processo de impeachment. O caso agora está com o Senado. Se os senadores decidirem acolher o processo, Dilma é afastada e Temer assume até a votação final.

De acordo com Miriam Leitão, no jantar, o vice estava interessado em ouvir as análises de Fraga. O ex-presidente do BC traçou um quadro preocupante sobre a situação fiscal brasileira e defendeu que o governo estabeleça metas de superávit primário crescentes e aceite estabelecer em lei um limite pra a dívida pública.

Durante todo o tempo que falou, Armínio alertou o vice presidente para a gravidade da situação econômica e chegou a dizer: "isso é uma emergência".

Temer tem analisado outros nomes para um eventual governo, como o do senador José Serra (PSDB-SP), que tem forte tendência fiscalista no trato das contas públicas. Outro nome que vem sendo cogitado é o do economista Murilo Portugal, que serviu a vários governos, foi secretário do Tesouro no governo Fernando Henrique Cardoso e foi secretário-executivo do Ministério da Fazenda no governo Luiz Inácio Lula da Silva. Atualmente, está na Febraban.

Henrique Meirelles, ex-presidente do BC no governo Lula, também é lembrado com frequência. Outro nome que está em todos os estudos de montagem de equipe de um possível governo Temer, para a área social, é o do ex-deputado e ex-ministro Roberto Brant.

Ao longo da tarde, no escritório em São Paulo, Temer recebeu aliados, comos o ex-ministros do governo Dilma Moreira Franco e Thomas Traumann.

 

Fonte:G1