SAÚDE

Lâmpadas para secar esmalte causam mutações nas células

Testes levaram cientistas a fazer um alerta sobre o risco potencial destes equipamentos.

Em 30/01/2023 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Foto: David Baillot/ UC San Diego Jacobs School of Engineering

O uso do dispositivo por apenas uma sessão de 20 minutos levou a entre 20% e 30% de morte celular.

Máquinas usadas para secar unha em gel nos salões de beleza viraram tema de um estudo científico. Publicado na revista científica Nature, a pesquisa faz um alerta sobre esses dispositivos. Cientistas da Universidade da Califórnia descobriram que a radiação ultravioleta gerada pela lâmpada da máquina pode provocar danos celulares e genéticos

Para chegar a essa conclusão, os cientistas fizeram testes in vitro (primeira fase de pesquisa pré-clínica). Eles usaram células em situação experimental e não extrapolaram os resultados para a "vida real" em humanos.

Os pesquisadores expuseram três linhagens de células de camundongos e de humanos em placas de vidro dentro da máquina de secar esmaltes:

  • Queratinócitos de pele humana adulta (células presentes na epiderme)
  • Fibroblastos humanos e de camundongos (células presentes na derme)

O uso do dispositivo por apenas uma sessão de 20 minutos levou a entre 20% e 30% de morte celular, enquanto três exposições consecutivas de 20 minutos causaram a morte de 65% a 70% das células expostas.

Os resultados, no entanto, devem ser recebidos com cautela. A dermatologista Marcelle Nogueira não participou do estudo, mas explicou que o experimento mostrou danos de citotoxicidade, dano de material genético e danos mutagênicos.

"Quando você tem mutações que não são reparadas, essas células podem evoluir para um câncer, mas isso não significa que vão evoluir. O estudo foi feito em células e in vitro, que podem acumular mutações que não ocorrem no ser humano. No corpo humano, quando a células faz a mutação, temos um aparato para reparar essa célula", explica a médica pesquisadora do Departamento de Dermatologia da USP.

Mesmo que o estudo preliminar mostre os efeitos nocivos do uso repetido desses dispositivos nas células humanas, ele não comprovou a relação da incidência da luz com o aumento do risco de câncer de pele.

"Estudos epidemiológicos futuros em grande escala são necessários para quantificar com precisão o risco de câncer de pele na mão em pessoas que usam regularmente esses aparelhos. É provável que esses estudos demorem pelo menos uma década para serem concluídos", ressaltam os pesquisadores.

Por aqui, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) informou, em nota, que os resultados são importantes, mas ainda "são necessários estudos clínicos mais aprofundados para definir se esses danos encontrados em situação experimental se confirmam em situações fora de laboratório e, ainda, se existiriam ou não dose e frequência seguras para o uso das máquinas de secar unha em gel".

A dermatologista Marcelle Nogueira acredita que estudos como esse servem de alerta.

"Podemos levar anos para comprovar esse dano. Até lá, seria interessante educar a população para proteger a pele com protetor solar 30 minutos antes da exposição ou com luvas com foto proteção. Pessoas que têm histórico familiar devem redobrar os cuidados, assim como quem já tomou muito sol ao longo da vida".

Procurada, a Agência Reguladora de Vigilância Sanitária (Anvisa) para saber se no Brasil há alguma regulamentação sobre o uso das máquinas. Em nota, a agência explicou que esses aparelhos não são considerados produtos para saúde e, dessa forma, não estão "sujeitos à análise e regularização da Anvisa". (Por Mariana Garcia, do G1)

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