EDUCAÇÃO

Aprendizado de crianças pobres caiu pela metade, diz estudo

A pandemia e a necessidade de ensino remoto foram um duro golpe para a educação infantil.

Em 17/09/2022 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Foto: © UNICEF/BRZ/Raoni Libório

Em comparação com o período anterior à pandemia, o aprendizado de alunos mais pobres da educação infantil caiu pela metade, diz a pesquisa, realizada por cientistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Durham University, do Reino Unido.

A pandemia e a necessidade de ensino remoto foram um duro golpe para a educação de crianças brasileiras. Para crianças de baixa renda na pré-escola, os efeitos foram avassaladores, aponta um estudo publicado nesta sexta-feira (16/09). Em comparação com o período anterior à pandemia, o aprendizado de alunos mais pobres da educação infantil caiu pela metade, diz a pesquisa, realizada por cientistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Durham University, do Reino Unido.

Entre as crianças com perfil socioeconômico melhor, o déficit também é significativo, mas bem menor: elas aprenderam 75% do que tinham aprendido em 2019.

“O fator mais perverso de toda essa crise é a evidência sobre a ampliação das desigualdades de aprendizagem”, afirma Tiago Bartholo, um dos coordenadores da pesquisa e professor do Programa de Pós-Graduação em Educação e do Colégio de Aplicação da UFRJ.

A pesquisa foi aplicada em 671 crianças entre cinco e seis anos do ensino infantil em 21 escolas da rede conveniada e privada da cidade do Rio de Janeiro. A análise estabeleceu uma comparação entre os registros feitos em grupos de crianças em 2019 e em 2020, ano de início da pandemia. Além de perfil socioeconômico, a amostragem considerou distribuição geográfica, nas Zonas Sul, Oeste e Norte. O método avaliou competências de linguagem, como vocabulário, consciência fonológica e leitura, e matemática, como contagem e aritmética informal, em testes individuais, além de questionário com os educadores.

De maneira geral, aquelas que vivenciaram o segundo ano da pré-escola em 2020, a maior parte do tempo no formato remoto, aprenderam 66% em linguagem e 64% em matemática em comparação com o aprendizado das crianças em 2019.

Quanto mais nova é a criança, mais a aprendizagem é baseada em interações e na intermediação do adulto, aspectos que foram limitados durante o ensino remoto, explica a professora da UFRJ e também coordenadora da pesquisa Mariane Koslinski.

Desigualdades

Entre crianças de famílias com perfil socioeconômico melhor, além dos melhores ambientes de aprendizagem, atividades com pais que geralmente têm maior escolaridade e mais chances de acompanhar os filhos na rotina de ensino possibilitaram uma maior apreensão dos conteúdos. Entre as famílias mais pobres, o ensino fica a cargo majoritariamente das atividades presenciais nas escolas.

“Para além da pandemia, a pesquisa mostra como é importante uma educação infantil de qualidade. Quando tira essa educação, as crianças se desenvolvem de forma mais lenta e desigual”, expõe Mariane.

Em uma nova etapa, os pesquisadores pretendem avaliar como será a recuperação dessas crianças no pós-pandemia, em 2022.

A pesquisa foi financiada pela Fundação Maria Cecília Souto Vidigal e tem, entre os objetivos, apoiar a formulação de um diagnóstico que deve servir de base para a elaboração de um plano nacional de recuperação da educação.

De acordo com a Unesco, mais de 190 países suspenderam o ensino presencial nas escolas durante a pandemia. No Brasil, a maior parte das escolas públicas permaneceu fechada durante quase todo o ano letivo de 2020 e reabriu lentamente em 2021. (Deutsche Welle -https://istoe.com.br/autor/deutsche-welle/)

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