ESPORTE INTERNACIONAL

Escolha de pneus será decisiva para a final da Fórmula 1

Entenda por que escolha de pneus será decisiva para disputa Verstappen x Hamilton na F1.

Em 12/12/2021 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Foto: Pirelli

Pilotos da Red Bull largarão com compostos macios no GP de Abu Dabi, enquanto a Mercedes optou por iniciar a prova com pneus médios.

A temporada 2021 da Fórmula 1 tem sido extremamente equilibrada, tanto que os dois pilotos (Max Verstappen e Lewis Hamilton) que lutam pelo título chegam à etapa final, em Abu Dabi, empatados em número de pontos (369,5). Diante desta paridade, resta às equipes, em especial Red Bull e Mercedes, encontrar estratagemas para surpreender o adversário e alcançar o tão sonhado troféu.

É na segunda parte (Q2) do treino que define o grid de largada para o Grande Prêmio que as escuderias e pilotos determinam qual será a estratégia de pneus para a corrida do dia seguinte. Os dez primeiros colocados devem largar com o composto que conquistaram o melhor tempo durante o Q2. Equipes que têm mais confiança em seus carros costumam apostar em cravar tempos com o composto médio, cientes de que as rivais não alcançarão seus tempos mesmo com pneus macios (mais rápidos).

Neste sábado, nos Emirados Árabes Unidos, a história parecia se repetir para os pilotos da Red Bull (Max Verstappen e Sergio Pérez) e da Mercedes (Lewis Hamilton e Valtteri Bottas). Porém, após a primeira tentativa de volta rápida, ainda com pneus médios, o piloto holandês acabou deteriorando seu conjunto, o que deu a impressão de ter sido o gatilho para a Red Bull mudar de estratégia. Verstappen e Pérez voltaram à pista mais tarde, com os macios e fizeram suas melhores marcas.

Como a Fórmula 1 tem apostado na transparência da comunicação interna das equipes, com áudios revelados ao longo das transmissões, é cada vez mais comum identificar blefes. Christian Horner, chefe da escuderia austríaca, disse que seus engenheiros e estrategistas já estavam em dúvida sobre qual composto usar na largada e acabaram optando pelo vermelho (macio). No entanto, ninguém confirma se a estratégia havia sido desenhada antes do treino começar.

A decisão surpreendeu a Mercedes. Mas o circo da Fórmula 1 espera atento por movimentos opostos das duas equipes em busca do título mundial. No último fim de semana, no GP da Arábia Saudita, depois de uma bandeira amarela provocada por um acidente de Mick Schumacher, todos os pilotos pararam nos boxes para troca de pneus. O único que não o fez foi Max Verstappen, que apostava em uma bandeira vermelha (que paralisa a corrida e libera mudanças no carro sem perda de posição) para saltar à frente de Lewis Hamilton e assumir a ponta. Foi o que aconteceu, e o holandês pulou do 3º para o 1º lugar, mas terminou a corrida na 2ª posição, atrás do britânico.

Red Bull

Começar a prova com pneu macio tem pontos positivos e negativos. A probabilidade de se fazer uma boa largada aumenta com este tipo de composto, assim como o tempo das voltas iniciais tende a ser menor, portanto mais rápido. Os pneus, em contrapartida, se desgastam com mais facilidade e obrigam a uma parada antecipada nos boxes.

Ao longo do fim de semana, a Red Bull teve melhor desempenho com o pneu macio que a Mercedes, que sequer cogitou usá-los de início. Max Verstappen e a Red Bull apostam em uma boa largada, contando com a ajuda de Sergio Pérez e até de Lando Norris, da McLaren, para abrir distância para Lewis Hamilton na liderança ainda no começo da prova. Uma bandeira vermelha ou presenças do safety car devem ajudar os austríacos neste caso. Ainda assim, Verstappen precisará ir aos boxes mais cedo e colocará compostos novos (médios ou duros) antes de Hamilton, que seguirá na pista com pneus médios, que terão algum desgaste. Será uma nova oportunidade de Verstappen acelerar e diminuir a distância para Hamilton antes da parada nos boxes do britânico.

Com isso, a Red Bull espera que, após o primeiro pit stop dos dois pilotos, Verstappen siga na dianteira. Dependendo da vantagem - e se os prognósticos se confirmarem - é possível que o holandês faça uma segunda parada nos boxes. Mas apenas a escolha dos compostos após a primeira ida ao pit poderá dar novas pistas sobre o que acontecerá.

Mercedes

Já a Mercedes tem feito o seu "arroz com feijão". Apostando na bola de segurança, os alemães esperam ver Lewis Hamilton repetindo o desempenho das últimas três corridas (Brasil, Catar e Arábia Saudita), em que o britânico sobrou na pista. Sem poder contar com a ajuda de Bottas, que largará em 6º, Hamilton será um lobo solitário em busca de seu oitavo título.

Hamilton poderá ser ousado logo na largada e aproveitar o fato do circuito de Yas Marina ter a menor distância entre o grid e a primeira curva para, no mínimo, manter a segunda colocação. Desse modo, o heptacampeão frustrará uma das principais ideias da Red Bull. O decorrer da prova poderá dar nova vantagem a Hamilton caso Verstappen precise fazer duas paradas. Se permanecer em segundo, Hamilton evitará que Verstappen abra grande distância, mas a perseguição não será muito próxima pelo risco de superaquecimento dos pneus. Assim, guardando uma distância segura, o britânico espera ter, em algum momento da corrida, pneus bem mais novos que o rival, para poder efetuar a ultrapassagem na pista.

A temporada 2021 não chegou à última corrida empatada por acaso. Os dois pilotos e suas equipes seguem batalhando, milésimo a milésimo, por vantagens no GP de Abu Dabi. Estratégia de pneus, pit stops, largada e safety car são elementos que entram na conta de quem quer se sagrar campeão mundial de Fórmula 1. A largada para a última corrida da temporada será dada neste domingo às 10h (horário de Brasília). (Por Marcos Antomil - Estadão Conteúdo)

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